Congo e Ruanda submetem projeto inicial de acordo para pacificar o leste congoles

Massad Boulos, conselheiro sênior do presidente Donald Trump para África, fala em coletiva de imprensa na embaixada dos EUA em Kigali, Ruanda, em 8 de abril de 2025.
Massad Boulos, conselheiro sênior do presidente dos EUA para África, durante coletiva de imprensa na embaixada dos EUA em Kigali, Ruanda, em 8 de abril de 2025. (Foto: REUTERS/Jean Bizimana)

Kinshasa e Kigali entregaram, até 2 de maio, um rascunho de proposta de paz destinado a pôr fim aos confrontos no leste da República Democrática do Congo (RDC) e a viabilizar investimentos ocidentais em mineração e infraestrutura, informou ontem, segunda‑feira o conselheiro sênior do presidente Donald Trump para África e Oriente Médio, Massad Boulos, em sua conta na plataforma X.

Diplomacia em ritmo acelerado

A entrega do texto é parte de uma iniciativa liderada pelos Estados Unidos para:

  • Encerrar décadas de violência na região rica em tântalo, ouro, cobalto, cobre e lítio;
  • Atrair empresas ocidentais para explorar e processar minerais localmente, inclusive em Ruanda;
  • Fomentar desenvolvimento por meio de projetos de infraestrutura financiados por bilhões de dólares.

Em 25 de abril, na cerimônia em Washington, os ministros das Relações Exteriores da RDC e de Ruanda, acompanhados pelo secretário de Estado americano Marco Rubio, assinaram uma declaração de princípios que fixou o prazo de 2 de maio para o envio do rascunho e proibiu ambos de apoiar militarmente grupos armados.

Pontos de divergência e consolidação do texto

Até o momento, nem Kinshasa nem Kigali confirmaram oficialmente o envio. O ministro ruandês Olivier Nduhungirehe declarou no sábado que “as contribuições ainda não foram consolidadas”. A expectativa americana é realizar, em meados de maio, uma reunião em Washington entre Rubio e seus colegas congolês e ruandês para finalizar o acordo, antes de assiná‑lo numa cerimônia conjunta com Trump.

Novo capítulo judicial na RDC

Quatro dias antes, o governo congolês iniciou o processo para revogar a imunidade do ex‑presidente Joseph Kabila, acusando‑o de crimes de guerra e apoio ao M23, grupo rebelde apoiado por Ruanda. A medida adiciona pressão interna sobre Kinshasa para demonstrar empenho na paz e na responsabilização de eventuais agentes que favoreçam a continuidade do conflito.

Persistência dos combates

Enquanto a diplomacia avança, o M23 — considerado Rwandan‑backed pelas Nações Unidas — mantém ofensivas no norte de Kivu, incluindo a tomada de Lunyasenge, às margens do lago Eduardo. O Exército da RDC (FARDC) acusa o M23 de violações de cessar‑fogo e se reserva o direito de retaliação.

Cenário paralelo no Qatar

Simultaneamente, o governo de Félix Tshisekedi conduz negociações separadas com o M23 em Doha, mediadas pelo Qatar. Embora o grupo rebelde não participe diretamente das conversas em Washington, seu porta‑voz manifestou apoio a “qualquer iniciativa de paz”.

Conclusão


A submissão do rascunho marca um avanço na estratégia americana de unir segurança e desenvolvimento econômico para estabilizar o leste congoles. A inclusão de medidas judiciais contra ex‑líderes envolvidos no conflito reforça o caráter abrangente das negociações. A consolidação final do texto e dos acordos de investimento será decisiva para transformar recursos minerais em oportunidade de paz duradoura.

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