Putin anuncia cessar-fogo unilateral de Páscoa na Ucrânia e espera trégua mútua

O presidente russo Vladimir Putin durante reunião no Kremlin, abril de 2025
Vladimir Putin durante reunião com o alto comando militar no Kremlin. Foto: Sputnik/Vyacheslav Prokofyev/Pool via REUTERS

Em um gesto raro desde o início da guerra em larga escala, o presidente russo Vladimir Putin anunciou um cessar‑fogo unilateral por ocasião da Páscoa ortodoxa. Segundo comunicado do Kremlin, a trégua humanitária entra em vigor às 18h (horário de Moscou) de sábado, 19 de abril de 2025, e se estende até o final de domingo, 20 de abril.

Detalhes da Declaração

Durante reunião com o chefe do Estado‑Maior russo, general Valery Gerasimov, Putin esclareceu que a suspensão das operações militares vale apenas sob a condição de que seja “mutuamente respeitada” pelas forças ucranianas. Ele enfatizou que, embora a Rússia interrompa ataques, suas tropas devem “estar preparadas para repelir possíveis violações e provocações do inimigo”.

Reação de Kiev

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, por sua vez, afirmou que as defesas antiaéreas do país repeliram um ataque de drones russos na manhã de sábado, o que, segundo ele, evidenciaria “a verdadeira atitude de Moscou em relação à Páscoa e à vida das pessoas”. Apesar do anúncio russo, Kiev mantém cautela e reforça que qualquer trégua “deve ser acompanhada de verificação estrita no terreno”.

Contexto do Conflito

O conflito em grande escala teve início em 24 de fevereiro de 2022, quando Putin ordenou a mobilização de milhares de tropas através da fronteira ucraniana. Desde então, a Rússia exige que a Ucrânia renuncie oficialmente a ambições de ingresso na OTAN e retire suas forças das quatro regiões reclamadas por Moscou — termos que Kiev classifica como “inaceitáveis” e equivalentes a uma rendição total.

Pressão Internacional e Mediação

  • Estados Unidos: Representantes de Washington advertiram que abandonariam esforços de mediação caso não houvesse sinais claros de avanço no processo de paz.(falamos sobre isso aqui:EUA DÃO ULTIMATO ÀS NEGOCIAÇÕES DE PAZ NA UCRÂNIA: “PROGRESSO EM DIAS” É CONDIÇÃO, ALERTA RUBIO)
  • BRICS e China: Putin declarou acolher iniciativas de países-membros do BRICS e da China para mediar um acordo pacífico.
  • Nações Unidas: Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos voltou a pedir corredores humanitários e garantias para civis em áreas de conflito.

Impacto Humanitário

Organizações como a Cruz Vermelha e a ONG Médicos Sem Fronteiras destacam que a trégua pode permitir o acesso de ajuda emergencial a milhares de civis deslocados. Relatos de moradores de localidades próximas à linha de frente apontam para destruição de infraestrutura básica e necessidade urgente de água potável, alimentos e medicamentos.

“Precisamos de paz para salvar vidas, se não por mais do que um dia”, afirma Olena Petrenko, voluntária ucraniana que coordena um abrigo em Donetsk.

Troca de Prisioneiros

No mesmo sábado, Moscou e Kiev realizaram, com mediação dos Emirados Árabes Unidos, uma troca de prisioneiros de guerra: 246 militares de cada lado retornaram sob custódia, em ato visto como “passo inicial” para confiança mútua. Os prisioneiros russos foram encaminhados à Bielorrússia, onde receberam atendimento médico e psicológico.

Análise de Especialistas

  • Analistas militares avaliam que a trégua simbólica visa melhorar a imagem internacional da Rússia, mas não afasta o risco de retaliações pontuais.
  • Especialistas em relações internacionais ressaltam que a ausência de uma contraparte ucraniana na declaração de trégua fragiliza a sustentabilidade do acordo.
  • Economistas de defesa lembram que a guerra já consumiu bilhões de dólares em armamentos, e uma pausa prolongada poderia reduzir custos logísticos para ambos os lados.

Perspectivas e Conclusão

Embora a iniciativa de Páscoa abra uma janela para negociações e alívio humanitário, persistem dúvidas sobre sua extensão e verificação em campo. O conflito, que já dura mais de três anos, continua marcado por exigências inaceitáveis para Kiev e receios de novas investidas após o domingo de Páscoa. Somente o cumprimento rigoroso das condições, a atuação de organismos de inspeção independentes e o engajamento contínuo da comunidade internacional poderão transformar a trégua de Páscoa em um passo concreto rumo à paz duradoura.

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