Putin exige fim da expansão da OTAN como condição para a paz na Ucrânia

Presidente russo Vladimir Putin em reunião do conselho da organização Rússia – Terra de Oportunidades, em Moscou, em 27 de maio de 2025.
Vladimir Putin preside reunião da organização "Rússia – Terra de Oportunidades" em Moscou, 27 de maio de 2025. Foto: Sputnik/Alexander Kazakov/Pool via REUTERS.

Em uma negociação ainda envolta em sigilo, três fontes russas revelam que o presidente Vladimir Putin só estaria disposto a assinar um cessar-fogo e dar início a um tratado de paz com a Ucrânia mediante um acordo escrito dos países ocidentais para estancar a expansão da OTAN rumo ao leste, combinado a compromissos sobre a neutralidade de Kiev, alívio parcial das sanções, proteção aos russófonos e solução para os ativos russos congelados. As fontes enfatizam que, caso tais condições não sejam formalmente aceitas, Moscou seguirá reforçando suas operações militares, convencida de que “a paz amanhã será ainda mais dolorosa”.

Condições atribuídas a Moscou para o fim do conflito

Segundo três fontes russas com acesso direto às negociações, o presidente Vladimir Putin teria apresentado o seguinte pacote de exigências — em troca de um cessar-fogo e de negociações formais de paz:

  • Garantia escrita de não expansão da OTAN para o leste, bloqueando candidaturas de Ucrânia, Geórgia, Moldávia e outras ex-republicas soviéticas.
  • Neutralidade formal da Ucrânia, proibindo-a de aderir a qualquer aliança militar.
  • Levantamento parcial de sanções ocidentais impostas desde 2022.
  • Proteção legal aos russófonos dentro da Ucrânia.
  • Resolução sobre ativos russos congelados no Ocidente.

“Putin está pronto para a paz, mas não a qualquer preço”, afirmou uma das fontes, acrescentando que, sem essas garantias, “a paz amanhã será ainda mais dolorosa”.

Situação no terreno e panorama diplomático

As mesmas fontes indicam que:

  • A Rússia controla cerca de 20% do território ucraniano, incluindo áreas significativas no Donbas, Zaporizhzhia e Kherson, além de fragmentos em Kharkiv e Sumy.
  • Há uma concentração de mais de 50.000 soldados russos perto de Sumy, segundo reportes de inteligência, sugerindo possível nova ofensiva ao norte.
  • Moscou teria solicitado reunião do Conselho de Segurança da ONU para denunciar “ameaças à paz” supostamente vindas de governos europeus.

Nesta quarta-feira (28), a União Europeia reafirmou, em reunião do Conselho da Europa, sua condenação à agressão russa e o apoio à soberania ucraniana, enquanto a Turquia buscou reaproximação diplomática ao visitar Kiev.

O impasse sobre a OTAN

Fontes russas citam uma promessa verbal de 1990 — atribuída a James Baker — de que não haveria expansão da OTAN além da Alemanha reunificada. Ainda que nunca formalizada, essa interpretação alimenta a exigência de Putin por um compromisso por escrito que impeça a adesão de novos membros. A OTAN, porém, mantém sua política de “porta aberta” e rejeita qualquer veto externo ao processo de ingresso de países soberanos.

Cenários possíveis (segundo analistas)

  1. Concessão parcial ocidental: seria oferecido um compromisso limitado de moratória à expansão, e Putin anunciaria cessar-fogo imediato em troca de revisão de sanções.
  2. Bloqueio diplomático: sem garantias, Kiev continuaria ofensivas defensivas e o impasse levaria a uma guerra de atrito prolongada, com novas sanções e risco de escalada.
  3. Mediação de terceiros: proposta de acordo temporário via ONU ou aliados como Turquia, criando um “pacote-ponte” até definição completa do tratado de paz.

Conclusão

As demandas atribuídas a Putin — sobretudo o fim da expansão da OTAN e o alívio de sanções — tocam no cerne da rivalidade pós-Guerra Fria entre Moscou e Ocidente. Resta saber se será possível transformar essas alegações em um compromisso real que permita um cessar-fogo sustentável, ou se o conflito seguirá desgastando as partes e ameaçando a estabilidade europeia.

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