Putin pede desculpas ao Azerbaijão por queda de avião, mas evita admitir culpa direta

Presidentes Putin e do Azerbaijão sentados, conversando sobre a queda de avião, enquanto Putin pede desculpas sem assumir responsabilidade.
Presidentes Putin e do Azerbaijão sentados, discutindo de forma diplomática sobre a queda de avião

O presidente russo Vladimir Putin entrou em contato com o líder do Azerbaijão, Ilham Aliyev, para expressar condolências após a queda de um avião da companhia Azerbaijan Airlines, que resultou em dezenas de mortes. Embora tenha pedido desculpas pelo ocorrido no espaço aéreo russo, Putin não reconheceu oficialmente que o sistema de defesa antiaérea da Rússia tenha sido o responsável direto pelo incidente.

O telefonema entre os dois presidentes aconteceu três dias após a queda da aeronave Embraer 190, que fazia o trajeto entre Baku e Grozny, e caiu em território do Cazaquistão. O acidente matou 38 das 67 pessoas a bordo. Segundo Putin, a aeronave tentou aterrissar diversas vezes em Grozny durante ataques de drones ucranianos contra alvos em cidades russas próximas, como Mozdok e Vladikavkaz, o que acionou as defesas antiaéreas do país.

De acordo com a transcrição do Kremlin, Putin ofereceu suas “sinceras condolências” às famílias das vítimas e lamentou profundamente a tragédia, mas parou antes de reconhecer envolvimento direto da defesa russa na queda.

Azerbaijão pressiona por responsabilização

Por outro lado, o governo do Azerbaijão foi mais direto em sua interpretação do incidente. Um comunicado da presidência de Baku destacou que o avião foi alvo de “interferência física e técnica externa” enquanto sobrevoava território russo, o que teria causado a perda total de controle da aeronave.

O presidente Ilham Aliyev afirmou ainda que danos visíveis na fuselagem, relatos de explosões ouvidas por sobreviventes e ferimentos causados por estilhaços reforçam a tese de que o avião foi atingido por forças externas.

Baku pede que os responsáveis pelo ocorrido sejam identificados e responsabilizados. A presidência do Azerbaijão também mencionou que deseja uma investigação completa sobre o caso.

Washington e Kiev também reagem

O governo dos Estados Unidos declarou que possui “indícios preliminares” de que o avião pode ter sido abatido por sistemas de defesa aérea russos. A declaração foi feita pelo porta-voz da Casa Branca, John Kirby, na sexta-feira.

Já o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou ter conversado com Aliyev e comentou que as imagens do avião caído remetem a um “ataque com míssil de defesa aérea”. Ele exigiu uma investigação rigorosa e criticou a Rússia por, segundo ele, tentar desinformar sobre o caso.

Comparações com o voo MH17 e impacto no tráfego aéreo

A União Europeia, por meio da diplomata Kaja Kallas, pediu uma investigação internacional rápida e independente, comparando o caso ao voo MH17 da Malaysia Airlines, derrubado em 2014 sobre o leste da Ucrânia por um míssil disparado por separatistas pró-Rússia, segundo investigações internacionais.

O incidente também gerou consequências imediatas para o tráfego aéreo na região. Diversas companhias aéreas cancelaram voos para destinos na Rússia. A flydubai suspendeu rotas para cidades russas do sul; a Qazaq Air interrompeu voos para Yekaterinburg; e a israelense El Al também anunciou a suspensão temporária de seus voos para Moscou. A Turkmenistan Airlines, por sua vez, cancelou seus voos entre Ashgabat e Moscou até o fim de janeiro.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*