Quatro soldados israelenses e 200 palestinos são liberados em acordo de cessar-fogo em Gaza.

Israel deverá libertar dezenas de palestinos presos em cadeias israelenses como parte do acordo de cessar-fogo.



O Hamas libertou quatro soldados israelenses mulheres que estavam presas em Gaza como parte do acordo de cessar-fogo, entregando-as a representantes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha na Praça da Palestina, em Gaza.

Mais tarde, no sábado, Israel anunciou a libertação de 200 palestinos de suas prisões, dentro da segunda troca com o Hamas, conforme o acordo de trégua assinado no início do mês.

Antes da libertação em Gaza, vários combatentes mascarados do Hamas e da Jihad Islâmica se reuniram na praça, onde também se juntou uma grande multidão de palestinos.

As quatro mulheres foram conduzidas a um palco, acenaram e sorriram antes de serem retiradas, entrando nos veículos do CICV e sendo levadas para as forças israelenses.

Representantes do CICV e um combatente do Hamas foram vistos assinando documentos antes da libertação.

O Hamas identificou as quatro soldados israelenses mulheres como Karina Ariev, Daniella Gilboa, Naama Levy e Liri Albag. As quatro prisioneiras, vestindo uniformes militares israelenses, acenaram para a multidão ao serem libertadas.

Simultaneamente, ônibus com prisioneiros palestinos libertados partiram da prisão militar israelense de Ofer, na Cisjordânia ocupada, logo após a libertação.

O Serviço Penitenciário de Israel informou que todos os 200 prisioneiros foram libertados de acordo com a lista publicada pelo Hamas.

O correspondente na Praça da Palestina qualificou a libertação como um “momento histórico”.

Mais tarde, no sábado, o exército israelense confirmou ter recebido as soldados libertadas do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, informando que elas serão submetidas a uma avaliação médica.

“O retorno das quatro reféns está sendo acompanhado pelas forças especiais do IDF [exército israelense] e pelas forças da ISA [agência de segurança] até o território israelense, onde passarão por uma avaliação médica inicial”, informou o exército em um comunicado.

Prisioneiro ainda detido

No entanto, Israel também informou que Arbel Yehud, uma refém civil de 29 anos, que deveria ser libertada no sábado, não foi.

Ela foi sequestrada junto com seu namorado em sua casa no assentamento Nir Oz, em Israel, durante o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.

Um porta-voz militar israelense afirmou que isso constitui uma violação da trégua, enquanto o Hamas alegou que foi um problema técnico.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que palestinos em Gaza não poderão voltar à parte norte do território até que o problema seja resolvido.

Centenas de milhares de palestinos foram deslocados do norte de Gaza durante a guerra, e muitos aguardavam a possibilidade de retornar a partir de domingo.

No entanto, um comunicado do escritório do primeiro-ministro Netanyahu indicou que os palestinos não serão autorizados a retornar ao norte de Gaza até que Arbel Yehud, uma das reféns, seja libertada. O comunicado afirmou que Yehud deveria ter sido libertada no sábado.

Um oficial do Hamas informou que Yehud está viva e será libertada no próximo sábado.

Reportando do campo de refugiados de Bureij, em Gaza, foi afirmado que muitos palestinos consideram a troca de reféns e prisioneiros de sábado como muito importante, pois ela abrirá o caminho para o retorno deles ao norte de Gaza.

Fontes indicaram que muitos palestinos deslocados já estavam se reunindo perto da área de Wadi Gaza, aguardando para cruzar para o norte a partir de domingo.

A troca de sábado foi a segunda desde que a trégua começou em 19 de janeiro, quando o Hamas entregou três civis israelenses em troca de 90 prisioneiros palestinos.

Palestinos encarcerados em prisões israelenses

Dos 200 palestinos libertados das prisões israelenses no sábado, 121 cumpriam penas de prisão perpétua, enquanto 79 cumpriam sentenças longas.

O prisioneiro mais velho tem 69 anos, e o mais jovem tem apenas 15. Setenta palestinos serão deportados, com o Egito previsto para acolhê-los por 48 horas.

Após esse período, serão enviados para a Tunísia, Argélia e Turquia, que aceitaram recebê-los.

Tamer Qarmout, professor associado no Instituto de Estudos de Pós-Graduação de Doha, afirmou que a liberação dos prisioneiros palestinos é um “grande alívio” para as famílias, embora esteja ocorrendo sob as “duras realidades da ocupação [israelense]”.

“Esses prisioneiros deveriam ter sido libertados por meio de um acordo mais amplo que resolvesse o conflito, trazendo paz através de negociações e pelo fim da ocupação, mas a realidade cruel na Palestina é que, enquanto falamos, a ocupação continua”, declarou Qarmout.

“Israel está intensificando seus ataques na Cisjordânia, confiscando mais terras, cercando vilarejos e cidades”, acrescentou.

No entanto, o objetivo do Hamas é garantir que a trégua seja mantida e que as pessoas possam retornar para suas casas, ou para o que restou delas, afirmou Qarmout.

Na praça central de Tel Aviv, conhecida como Praça dos Reféns, uma tela grande exibiu os rostos das quatro soldadas liberadas. Na multidão, pessoas acenavam com bandeiras israelenses, enquanto algumas seguravam cartazes com os rostos das reféns.

“Estou extremamente animada, exultante”, disse uma pessoa da multidão, Gili Roman, à Associated Press. “Em um piscar de olhos, em um segundo, a vida delas vai virar de cabeça para baixo novamente, mas agora, de forma positiva e boa.”

Como parte do acordo, espera-se que as forças israelenses também se retirem do Corredor de Netzarim, permitindo que centenas de milhares de palestinos deslocados retornem ao norte de Gaza.

Israel também deverá abrir o ponto de passagem de Rafah, no sul, para permitir que mais ajuda humanitária e outros suprimentos comerciais entrem.