
Na madrugada de hoje, 8 de junho de 2025, disparos das Forças de Defesa de Israel (IDF) mataram ao menos quatro civis palestinos que se dirigiam a um ponto de distribuição de alimentos operado pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF) em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza. O incidente, confirmado por equipes de paramédicos palestinos e relatado por agências internacionais, expõe as tensões crescentes em torno das operações de ajuda sob nova chancela israelense e norte-americana, enquanto cresce a pressão de organismos internacionais por investigações independentes e a redefinição das regras de engajamento em áreas civis próximas a zonas militares ativas.
Contexto dos Incidentes
Desde 27 de maio, quando a GHF iniciou suas atividades em Rafah, dezenas de palestinos foram mortos e centenas ficaram feridos ao se aproximarem dos centros de distribuição. Em 1º de junho, por exemplo, ao menos 31 pessoas foram abatidas em um único episódio, conforme relatado pela Defesa Civil de Gaza, que atribuiu as mortes a disparos israelenses, enquanto Israel alegou que apenas tiros de alerta foram realizados.
Narrativas em Conflito
Relatos Palestinos: Médicos e testemunhas locais descrevem civis desarmados tentando acessar suprimentos básicos em meio à escassez extrema, sem representar qualquer ameaça às tropas israelenses. Familiares relatam que muitos atravessam longas filas e enfrentam condições precárias para obter alimentos e água, expondo-se a riscos mortais.
Versão Militar de Israel: O Exército afirma ter emitido alertas verbais antes de efetuar disparos de advertência contra grupos que teriam invadido área designada como zona militar ativa fora do horário permitido (6h–18h). Não há, porém, clareza sobre quantos tiros foram letais nem evidências conclusivas que diferenciem balas reais de projéteis de aviso.
Controvérsias em Torno da Gaza Humanitarian Foundation
- Neutralidade e Transparência: A GHF, criada em fevereiro de 2025, utiliza empresas militares privadas americanas para segurança, suscitando críticas de organismos como o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, que questionam sua imparcialidade e a falta de protocolos humanitários claros.
- Suspensão Temporária: Em 7 de junho, o grupo interrompeu entregas por supostas ameaças do Hamas, negadas pelo movimento, mas que agravam o clima de incerteza.
- Capacidade Limitada: Apesar de mais de 350 caminhões de ajuda terem entrado em Gaza via Kerem Shalom nesta semana, segundo o Exército israelense, as Nações Unidas classificam esse volume como insuficiente ante a necessidade de 2,3 milhões de habitantes.
Impactos Humanitários
- Barreira ao Acesso: O medo de novos tiroteios fez com que muitos desistissem de buscar ajuda, agravando a desnutrição e aumentando a dependência de estoques caseiros mínimos.
- Pressão Internacional: Em 2 de junho, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, exigiu uma investigação independente sobre os incidentes para responsabilizar eventuais abusos de forças de segurança.
Caminhos para Solução
- Investigação Independente: Solicitação de comissões internacionais para apurar filmagens de drones, depoimentos de testemunhas e a cadeia de comando responsável pelos disparos.
- Revisão das Regras de Engajamento: Especialistas recomendam delimitar corredores de acesso seguros durante todo o período de distribuição, bem como garantir que munição letal seja vetada em confrontos com civis desarmados.
- Fortalecimento de Agências Tradicionais: Reinserir Agências da ONU e da Cruz Vermelha no processo logístico, minimizando riscos de politização do repasse de alimentos.
À medida que o conflito se arrasta, a população de Gaza enfrenta o dilema de depender de ajuda emergencial sob risco constante de violência, enquanto a comunidade internacional segue dividida entre pressão política e necessidades humanitárias urgentes.
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