RD Congo busca acordo de minerais com EUA até fim de junho

Homem exibindo minério de coltan na mina SMB perto da cidade de Rubaya, no leste da República Democrática do Congo, em agosto de 2019.
Um homem mostra um minério de coltan na mina SMB, próxima à cidade de Rubaya, no leste da RDC, em 13 de agosto de 2019. Foto: REUTERS/Baz Ratner.

Kinshasa está confiante em concluir até 30 de junho de 2025 um acordo estratégico com os Estados Unidos para atrair investimentos em minerais críticos e, simultaneamente, viabilizar um pacto de paz que ponha fim à rebelião do grupo M23, apoiado por Ruanda, no leste da RDC.

Contexto geopolítico e econômico

O leste da RDC tem sido palco de um conflito intensificado desde janeiro de 2025, no qual as forças governamentais enfrentam o M23. O governo congolês acusa Kigali de financiar e fornecer armas aos rebeldes, além de contrabandear diariamente tungstênio, tântalo e estanho, cujos rendimentos ilegais chegam a dezenas de milhões de dólares por mês.

Para conter o contrabando e promover estabilidade, Washington propõe um acordo duplo: (1) investimento em infraestrutura — estradas, energia e beneficiamento de minerais — e (2) exportação legal de minerais brutos para processamento em Ruanda, sob rígidos mecanismos de transparência e rastreabilidade.

Negociações com os EUA

O ministro de Minas, Kizito Pakabomba, enfatiza que o pacto ajudará a diversificar parcerias, reduzindo a dependência histórica da China, consolidada pelo acordo de 2008 de troca de infraestrutura por minerais. Além de tungstênio, tântalo e estanho, o novo acordo poderá incluir lítio, cobalto e coltan — essenciais para a indústria tecnológica moderna.

Fontes citadas pelo Financial Times indicam que o acordo de investimento pode contemplar garantias de crédito, joint ventures com empresas americanas e assistência técnica, com assinatura prevista até 30 de junho de 2025.

Acordo de paz com Ruanda

O entendimento também condiciona a cooperação ao recuo do M23 e de tropas ruandesas de áreas-chave no leste, como Goma e Bukavu, garantindo o respeito à soberania congolesa e o retorno seguro de civis. Em contrapartida, Ruanda receberia concessões temporárias para operar unidades de beneficiamento de minerais, fomentando desenvolvimento regional e empregos locais.

Porém, obstáculos permanecem: verificar o cumprimento do recuo rebelde, reforçar a fiscalização em áreas remotas e sanar a desconfiança histórica entre Kinshasa e Kigali.

Desafios e perspectivas

  • Fiscalização e governança: Implantação de sistemas de monitoramento baseados em blockchain e apoio da ONU para inspecionar minas.
  • Complexidade jurídica: Harmonizar normas comerciais e ambientais em dois países.
  • Pressões geopolíticas: Manter o equilíbrio entre capital ocidental e interesses chineses.

Caso concretizado, o acordo pode injetar vários bilhões de dólares na economia — fortalecendo rodovias, usinas de energia e indústrias de beneficiamento. Além disso, serve de modelo para outros corredores minerais na África, promovendo paz e crescimento sustentável.

Conclusão

Com o prazo de 30 de junho de 2025 se aproximando, RDC e EUA avançam numa proposta ambiciosa que alia investimento em minerais críticos e acordo de paz com Ruanda. O êxito dependerá do compromisso mútuo com a transparência e a reestruturação equilibrada das relações bilaterais.

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