Partido Reformista do Reino Unido conquista prefeitura e assento parlamentar em onda de apoio

Líder do Partido Reformista, Nigel Farage, e a candidata Sarah Pochin reagem à vitória nas eleições parciais de Runcorn e Helsby em Halton Stadium, Widnes, Reino Unido, 2 de maio de 2025.
Nigel Farage e Sarah Pochin comemoram a vitória nas eleições parciais de Runcorn e Helsby, 2 de maio de 2025. REUTERS/Phil Noble.

Em resultados divulgados na sexta‑feira, 2 de maio de 2025, o Partido Reformista do Reino Unido (Reform UK), liderado por Nigel Farage, alcançou vitórias surpreendentes em pleitos locais na Inglaterra: venceu uma prefeitura, conquistou um assento parlamentar e assumiu o controle de várias câmaras municipais. O desempenho marca a ascensão de uma força política que se apresenta como a verdadeira oposição ao domínio centenário de Trabalhistas e Conservadores.

Perfil de Nigel Farage e sua trajetória política

Nigel Farage (nascido em 3 de abril de 1964, em Farnborough, Hampshire) iniciou a carreira como corretor de commodities antes de entrar na política. Em 1993, foi um dos fundadores do UK Independence Party (UKIP) e tornou‑se sua principal figura ao liderar a campanha pelo Brexit, que em 23 de junho de 2016 culminou no referendo que decidiu a saída do Reino Unido da União Europeia. Farage construiu sua base eleitoral explorando o descontentamento com a imigração e a perda de soberania nacional, adotando um discurso populista de direita que atacava as elites políticas e a burocracia europeia.

Após deixar o UKIP em março de 2018, Farage fundou o Brexit Party, renomeado em 2021 como Reform UK. Esse rebranding tinha o objetivo de expandir a pauta para além do Brexit, incluindo propostas para saúde pública, segurança e recuperação econômica. Sua imagem de outsider — alguém que desafia o establishment — e alianças estratégicas com figuras de direita internacional, como Steve Bannon, reforçaram seu apelo junto a eleitores insatisfeitos com os partidos tradicionais.

Resultados eleitorais e impacto imediato

  • Assento de Runcorn e Helsby: Em disputa decidida por seis votos após recontagem completa, o Reform UK venceu um distrito antes segurado pelos Trabalhistas com maioria de quase 15 000 votos na eleição geral de 2024, elevando para cinco seus representantes na Câmara dos Comuns.
  • Prefeituras: Andrea Jenkyns, ex‑Conservadora que migrou para o Reform após perder seu assento em 2024, elegeu‑se prefeita da Grande Lincolnshire (população de cerca de 1 milhão), tornando‑se a autoridade eleita de maior expressão do partido. Outro cargo de prefeito foi obtido em Hull e East Yorkshire.
  • Conselhos municipais: O Reform UK assumiu o controle de conselhos de condados-chave, como Kent, Derbyshire, Durham e Nottinghamshire, liderando a contagem em mais de 800 das 1 600 cadeiras disputadas.

Comparação com movimentos populistas na Europa

O Reform UK integra a onda de partidos populistas de direita que cresceram na Europa:

PartidoPaísFoco principalSimilaridade com Reform UK
Rassemblement NationalFrançaNacionalismo, anti-imigraçãoDiscurso anti-elite e defesa da identidade nacional
Alternative für Deutschland (AfD)AlemanhaSoberania, críticas à UEÊnfase no controle de fronteiras e soberania
Partido da Liberdade (FPÖ)ÁustriaConservadorismo socialPropostas rigorosas contra imigração e crime

Enquanto esses partidos atuam principalmente em níveis local ou no Parlamento Europeu, o Reform UK já conquistou representação direta na Câmara dos Comuns, evidenciando sua força eleitoral doméstica.

Possíveis alianças políticas no futuro

Com o crescimento do Reform UK, cenários de cooperação incluem:

  • Conservadores dissidentes: Parlamentares insatisfeitos com a liderança de Kemi Badenoch podem apoiar votações do Reform, formando blocos decisivos em matérias-chave.
  • Partidos regionalistas: Em Escócia e País de Gales, alianças táticas com partidos localistas podem surgir em votações que contestem o governo central.
  • Extrema‑direita europeia: Apesar do sistema britânico limitar coalizões formais, Farage pode trocar estratégias e apoio com partidos como o Rassemblement National para campanhas futuras.

Essas parcerias potenciais podem ampliar a influência do Reform UK, especialmente se mantiver seu ritmo de crescimento até as eleições gerais previstas para 2029.

Conclusão

A ascensão do Reform UK nas eleições locais de 2025 representa um marco significativo na política britânica, destacando-se como uma alternativa crescente aos partidos tradicionais. A vitória de Nigel Farage e sua equipe evidencia uma mudança no cenário político, com o Reform UK ganhando força entre os eleitores desiludidos com o status quo dos Conservadores e Trabalhistas. O partido, agora com maior presença em conselhos municipais e no Parlamento, posiciona-se como a principal força de oposição, especialmente em um momento de crescente frustração com a gestão econômica e social do governo de Keir Starmer.

A comparação com movimentos populistas em toda a Europa reforça o caráter de direita populista do Reform UK, cujas propostas de anti-imigração e soberania nacional ressoam com uma base de apoio ampla, tanto no Reino Unido quanto em outras partes da Europa. O futuro do partido dependerá de sua capacidade de construir alianças políticas, tanto no cenário nacional quanto internacional, e de provar sua habilidade em implementar mudanças concretas nas áreas que mais preocupam os britânicos, como saúde e segurança.

À medida que se aproxima a eleição geral de 2029, o Reform UK terá de enfrentar o desafio de consolidar sua base e expandir seu apelo para além dos eleitores mais radicais, a fim de se tornar uma alternativa viável ao bipartidarismo que domina a política britânica há mais de um século. A estratégia de Farage, focada em reformas econômicas e soluções para os problemas do Reino Unido, será crucial para definir o papel do Reform UK nas eleições futuras e se o partido conseguirá, de fato, substituir os Conservadores como o principal partido de oposição.

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