
Nas últimas semanas, as Forças Armadas dos Estados Unidos concluíram a desocupação de duas novas bases — Al‑Wazir e Tel Baydar — na província de Hasaka, no nordeste da Síria. A ação faz parte de um amplo plano de consolidação que reduzirá de oito para apenas uma instalação norte‑americana na região. A medida gerou apreensão nas Forças Democráticas Sírias (SDF), parceiras-chave de Washington na luta contra o Estado Islâmico (ISIS), que alertam para o crescimento das células jihadistas e possíveis lacunas de segurança.
Contexto da Retirada
O anúncio oficial de que os Estados Unidos irão reduzir sua presença militar na Síria de oito bases para apenas uma foi feito pelo enviado especial Thomas Barrack em entrevista a veículos internacionais. Atualmente, cerca de 2.000 soldados americanos estavam distribuídos por instalações em Hasaka e Deir ez‑Zor; espera‑se que esse efetivo seja reduzido para aproximadamente 500 militares nos próximos meses.
Bases Al‑Wazir e Tel Baydar
Repórteres da Reuters que visitaram Al‑Wazir e Tel Baydar encontraram os locais praticamente desertos, com câmeras de vigilância removidas e a segurança local mantida apenas por pequenos destacamentos das SDF. Em ambas as bases, o arame farpado nos perímetros já se encontrava rebaixado, sinalizando que a desocupação ocorreu recentemente, embora as datas exatas não tenham sido divulgadas pelas autoridades americanas.
Impacto sobre as Forças Democráticas Sírias e Risco ao Combate ao ISIS
O comandante das SDF, Mazloum Abdi, advertiu que a presença de “apenas algumas centenas” de tropas americanas em uma única base será “insuficiente” para conter a ameaça do Estado Islâmico. Ele relatou um aumento significativo das atividades de células do ISIS em várias cidades sírias, incluindo Damasco, e ataques frequentes em áreas sob controle curdo, com emboscadas e bombas improvisadas atingindo comboios de abastecimento de petróleo.
Transferência de Outras Instalações
Fontes norte‑americanas informaram que cerca de 500 militares já deixaram outras bases fundamentais, como Green Village e Euphrates, que foram entregues às SDF nos últimos dias. Essas realocações fazem parte da retirada escalonada iniciada no começo de junho, conforme apurado por veículos especializados na região.
Repercussões Regionais e Tensões Irã‑Israel
A desocupação de múltiplas bases americanas ocorre em meio à escalada do conflito Israel‑Irã, com riscos de expansão para o território sírio. Horas após a entrevista de Abdi em Al Shadadi, três mísseis de fabricação iraniana visaram a base, mas foram interceptados por sistemas de defesa dos EUA. O incidente reforça a volatilidade do ambiente e a necessidade de uma postura minimamente dissuasória na região.
Perspectivas Estratégicas
Além da redução de bases, Barrack anunciou planos para formalizar e legalizar a presença americana na Síria por meio de um acordo bilateral, incentivando também a integração das SDF nas forças armadas nacionais sírias. Essa mudança diplomática inclui a primeira elevação da bandeira dos EUA em Damasco desde 2012, sinalizando retorno atrelado a um novo arcabouço legal.
Conclusão
A consolidação da presença militar americana em solo sírio simboliza uma guinada estratégica dos EUA na região, de uma intervenção ampla para um papel mais limitado e defensivo. Contudo, a retirada de bases cruciais deixa as SDF em alerta máximo diante da crescente audácia do ISIS e da possibilidade de intensificação do conflito entre Israel e Irã. O sucesso desse reposicionamento dependerá da capacidade de Washington de manter suporte aéreo, inteligência e um marco jurídico que legitime sua presença, evitando o vácuo de segurança que poderia beneficiar atores extremistas.
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