Retirada dos EUA de Mais Bases no Nordeste da Síria Aumenta Preocupações sobre Retomada do ISIS

Base militar dos EUA em Tel Baydar, Hasaka, Síria, recentemente evacuada.
Vista da base militar Tel Baydar, no nordeste da Síria, após evacuação das tropas americanas em 8 de junho de 2025. Foto: REUTERS/Orhan Qereman.

Nas últimas semanas, as Forças Armadas dos Estados Unidos concluíram a desocupação de duas novas bases — Al‑Wazir e Tel Baydar — na província de Hasaka, no nordeste da Síria. A ação faz parte de um amplo plano de consolidação que reduzirá de oito para apenas uma instalação norte‑americana na região. A medida gerou apreensão nas Forças Democráticas Sírias (SDF), parceiras-chave de Washington na luta contra o Estado Islâmico (ISIS), que alertam para o crescimento das células jihadistas e possíveis lacunas de segurança.

Contexto da Retirada

O anúncio oficial de que os Estados Unidos irão reduzir sua presença militar na Síria de oito bases para apenas uma foi feito pelo enviado especial Thomas Barrack em entrevista a veículos internacionais. Atualmente, cerca de 2.000 soldados americanos estavam distribuídos por instalações em Hasaka e Deir ez‑Zor; espera‑se que esse efetivo seja reduzido para aproximadamente 500 militares nos próximos meses.

Bases Al‑Wazir e Tel Baydar

Repórteres da Reuters que visitaram Al‑Wazir e Tel Baydar encontraram os locais praticamente desertos, com câmeras de vigilância removidas e a segurança local mantida apenas por pequenos destacamentos das SDF. Em ambas as bases, o arame farpado nos perímetros já se encontrava rebaixado, sinalizando que a desocupação ocorreu recentemente, embora as datas exatas não tenham sido divulgadas pelas autoridades americanas.

Impacto sobre as Forças Democráticas Sírias e Risco ao Combate ao ISIS

O comandante das SDF, Mazloum Abdi, advertiu que a presença de “apenas algumas centenas” de tropas americanas em uma única base será “insuficiente” para conter a ameaça do Estado Islâmico. Ele relatou um aumento significativo das atividades de células do ISIS em várias cidades sírias, incluindo Damasco, e ataques frequentes em áreas sob controle curdo, com emboscadas e bombas improvisadas atingindo comboios de abastecimento de petróleo.

Transferência de Outras Instalações

Fontes norte‑americanas informaram que cerca de 500 militares já deixaram outras bases fundamentais, como Green Village e Euphrates, que foram entregues às SDF nos últimos dias. Essas realocações fazem parte da retirada escalonada iniciada no começo de junho, conforme apurado por veículos especializados na região.

Repercussões Regionais e Tensões Irã‑Israel

A desocupação de múltiplas bases americanas ocorre em meio à escalada do conflito Israel‑Irã, com riscos de expansão para o território sírio. Horas após a entrevista de Abdi em Al Shadadi, três mísseis de fabricação iraniana visaram a base, mas foram interceptados por sistemas de defesa dos EUA. O incidente reforça a volatilidade do ambiente e a necessidade de uma postura minimamente dissuasória na região.

Perspectivas Estratégicas

Além da redução de bases, Barrack anunciou planos para formalizar e legalizar a presença americana na Síria por meio de um acordo bilateral, incentivando também a integração das SDF nas forças armadas nacionais sírias. Essa mudança diplomática inclui a primeira elevação da bandeira dos EUA em Damasco desde 2012, sinalizando retorno atrelado a um novo arcabouço legal.

Conclusão

A consolidação da presença militar americana em solo sírio simboliza uma guinada estratégica dos EUA na região, de uma intervenção ampla para um papel mais limitado e defensivo. Contudo, a retirada de bases cruciais deixa as SDF em alerta máximo diante da crescente audácia do ISIS e da possibilidade de intensificação do conflito entre Israel e Irã. O sucesso desse reposicionamento dependerá da capacidade de Washington de manter suporte aéreo, inteligência e um marco jurídico que legitime sua presença, evitando o vácuo de segurança que poderia beneficiar atores extremistas.

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