Rússia afirma que usina nuclear foi alvo durante grande ataque de drones ucranianos

Rússia e Ucrânia continuam trocando bombardeios diários, com poucas perspectivas de negociações de cessar-fogo.

Uma usina nuclear estava entre os alvos de um grande ataque de drones ucranianos, afirmaram autoridades russas.

Moscou disse nesta quarta-feira que a infraestrutura energética do país foi atacada por pelo menos 100 drones durante a noite. A Ucrânia também relatou ataques. Os bombardeios contínuos foram acompanhados por declarações afiadas dos presidentes de ambos os países, indicando poucas chances de negociações de paz.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou no Telegram que 104 drones participaram de ataques em várias regiões do oeste do país, muitos deles mirando instalações de energia e petróleo.

Autoridades locais disseram que os sistemas de defesa aérea destruíram um drone que tentou atingir a usina nuclear na região ocidental de Smolensk.

“De acordo com informações preliminares, um dos drones foi abatido durante uma tentativa de ataque a uma instalação nuclear”, disse o governador Vasily Anokhin no aplicativo de mensagens Telegram. “Não houve vítimas nem danos.”

A Usina Nuclear de Smolensk, a maior unidade geradora de energia no noroeste da Rússia, operava normalmente na manhã de quarta-feira, informou a agência estatal RIA, citando o serviço de imprensa da usina.

A gigante petroquímica Sibur relatou um incêndio em sua refinaria de petróleo na região de Nizhny Novgorod, a cerca de 800 km da fronteira com a Ucrânia.

As defesas aéreas russas teriam destruído drones em nove regiões, incluindo 11 sobre Smolensk, que faz fronteira com Belarus. Quase metade foi abatida sobre Kursk, onde tropas ucranianas ocupam várias aldeias há meses após uma incursão.

Ucrânia e Rússia têm trocado ataques com drones e mísseis quase diariamente, com a infraestrutura energética sendo um alvo frequente durante o inverno.

Alertas sobre o risco de um desastre nuclear vêm sendo feitos desde que a Rússia lançou sua invasão em grande escala contra a Ucrânia em fevereiro de 2022. No entanto, a maior preocupação tem se concentrado na usina de Zaporizhzhia, na Ucrânia, que está localizada na linha de frente no leste do país.

O exército ucraniano informou nesta quarta-feira que a Rússia lançou seu próprio ataque noturno com drones, acionando alertas aéreos em várias regiões.

Um porto na região de Odesa teria sido alvo, enquanto destroços de um drone abatido caíram perto de uma estação de metrô na capital, Kyiv, segundo o prefeito Vitali Klitschko.

Perspectivas para negociações de paz

Em meio aos contínuos ataques aéreos, o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos reacendeu a retórica sobre a possibilidade de um cessar-fogo.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou na terça-feira que seu país poderia realizar negociações de paz com a Ucrânia, mas descartou qualquer conversa direta com o presidente Volodymyr Zelenskyy.

“Se (Zelenskyy) quiser participar das negociações, eu designarei pessoas para participar”, disse Putin, chamando o líder ucraniano de “ilegítimo” porque seu mandato presidencial expirou durante a lei marcial.

“Se houver desejo de negociar e encontrar um compromisso, que qualquer um lidere as negociações… Naturalmente, buscaremos o que nos convém, o que corresponde aos nossos interesses”, acrescentou.

Zelenskyy respondeu dizendo que Putin está frustrando os esforços para interromper os combates.

“Hoje, Putin mais uma vez confirmou que tem medo das negociações, tem medo de líderes fortes e faz tudo o que é possível para prolongar a guerra”, escreveu Zelenskyy no X.

Kyiv alertou contra ser excluída de qualquer conversa de paz entre a Rússia e os EUA, acusando Putin de querer “manipular” Trump.