
Na noite de 8 para 9 de julho de 2025, as Forças Armadas russas executaram o maior ataque aéreo de sua campanha contra a Ucrânia desde 2022, empregando 728 drones e 13 mísseis em simultâneo. O episódio ocorre em meio à crescente retórica belicosa do presidente dos EUA, Donald Trump, que prometeu ampliar o apoio militar a Kiev e sancionar pesadamente Moscou. Este artigo revisita os detalhes do ataque, corrige eventuais imprecisões, incorpora dados recentes e analisa as implicações estratégicas para a defesa ucraniana e para a segurança europeia.
Detalhes do ataque e números atualizados
- Objetivos e alcance: 728 drones (Shahed e simuladores) — um recorde em um único lançamento — e 13 mísseis de cruzeiro e balísticos foram lançados contra 741 alvos, incluindo depósitos, aeroportos e infraestrutura logística em 11 regiões ucranianas, com foco em Lutsk, perto da fronteira com a Polônia.
- Intercepções: A defesa ucraniana derrubou 718 drones e destruiu sete dos mísseis lançados, segundo comunicado oficial via Telegram pela Força Aérea da Ucrânia.
- Vítimas e danos: Apesar do volume — e de alguns danos materiais em hangares e armazéns —, não houve mortes; fontes locais relatam uma pessoa ferida por estilhaços em Lutsk.
Capacidade russa de produção e emprego de drones
Relatórios independentes indicam que, em julho de 2025, a indústria militar russa tem capacidade para produzir até 190 drones por dia, elevando a média mensal de lançamentos para cerca de 180 unidades diárias. Essa escalada técnica tem incluído maior uso de drones‑simuladores, com o objetivo de saturar sistemas de defesa e testar respostas de guerra eletrônica ucraniana.
Defesa ucraniana e guerra eletrônica
- Sistemas antiaéreos: A Ucrânia conta com baterias Patriot fornecidas por aliados ocidentais, sistemas S‑300 modernizados e unidades de guerra eletrônica, que atuaram bloqueando sinais de até 415 drones, além de abater 296 deles e sete mísseis, conforme dados apurados pela Associated Press.
- Resiliência estratégica: Analistas ucranianos afirmam que a eficácia combinada de intercepção física e interferência eletrônica impediu danos em áreas urbanas densamente povoadas, concentrando os impactos em alvos logísticos.
Papel das declarações de Donald Trump
Poucas horas antes do ataque, o presidente Trump utilizou o Twitter para prometer “apoio militar incondicional” à Ucrânia e declarar que aplicaria tarifas de até 500% sobre importações de energia russa. Em seguida, criticou Vladimir Putin como “uma ameaça aos civis” e afirmou que Moscou “pagaria caro por cada ataque”.
- Reação de Kiev: Inspirado pela retórica de Trump, o governo ucraniano intensificou pedidos por um novo pacote de sanções que mire diretamente nos setores de energia e finanças russas, além de acelerar negociações para a entrega de caças F‑16 e sistemas de defesa aérea avançada.
Repercussões regionais e alerta na OTAN
- Violação de espaço aéreo: Fragmentos de mísseis entraram no território polonês, levando Varsóvia a elevar o nível de prontidão de sua Força Aérea e solicitar patrulhamento conjunto da OTAN sobre regiões fronteiriças.
- Unidade transatlântica: Alemanha, Dinamarca e outros membros expressaram preocupação com a escalada e defenderam a aceleração de planos de defesa europeia, já discutidos no “Readiness 2030” da UE.
Implicações geopolíticas
- Esgotamento das defesas ucranianas: A repetição de ataques de saturação por drones desafia a durabilidade dos sistemas antiaéreos e de guerra eletrônica de Kiev.
- Pressão sobre a Europa: A necessidade de um escudo continental mais forte reforça demandas por maiores gastos com defesa na UE.
- Dilema de sanções: Estados dependentes de energia russa enfrentam decisão difícil entre segurança e riscos econômicos.
- Risco de escalada da OTAN: Transbordamentos de mísseis podem arrastar aliados para um confronto direto com Moscou.
Conclusão
O ataque de 9 de julho marca um ponto crítico na guerra moderna, misturando drones kamikaze, mísseis balísticos e guerra eletrônica em escala inédita. As fortes promessas de Trump de punir Moscou parecem ter incentivado Kiev a buscar ainda maior apoio, mas também intensificaram o jeito russo de usar a força como moeda de negociação. Resta ver se a escalada trará uma nova rodada de negociações ou aprofundará ainda mais o impasse que já dura mais de três anos.
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