Rússia aguarda resposta da Ucrânia sobre cessar-fogo de maio e proposta de conversações diretas

Vladimir Putin durante discurso no Conselho dos Legisladores da Assembleia Federal, em São Petersburgo, 28 de abril de 2025.
Presidente Vladimir Putin faz um discurso no Conselho dos Legisladores da Assembleia Federal, em São Petersburgo, em 28 de abril de 2025.Sputnik/Mikhail Metzel/Pool via REUTERS

No dia 22 de abril de 2025, o Kremlin declarou que ainda não recebeu qualquer resposta de Kiev à série de propostas de paz apresentadas pelo presidente Vladimir Putin, incluindo um cessar-fogo de três dias, de 8 a 10 de maio, e o início de negociações diretas sem pré-condições. A seguir, um panorama detalhado e analítico desse impasse, seus antecedentes, reações das partes e perspectivas.

Contexto histórico e militar

Aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista

  • Em 9 de maio, a Rússia celebra o Día da Vitória sobre a Alemanha nazista em 1945. Neste ano, a data completa 80 anos, e o Kremlin programou grandes desfiles militares em Moscou e em outras cidades. Putin anunciou um cessar-fogo de três dias (8–10 de maio) para viabilizar essas comemorações sem confrontos ativos.

Evolução do conflito

  • Desde a eclosão da invasão russa, em fevereiro de 2022, ambos os lados mantêm posições rígidas. A Rússia controla áreas no leste e no sul da Ucrânia, enquanto Kiev, com apoio ocidental, reconquistou parte do território ocupado em contra-ofensivas recentes.

A proposta de Putin e a reação de Kiev

ItemProposta russaResposta ucraniana
Cessação de fogo8–10 de maio (3 dias)Insuficiente; exige mínimo 30 dias
Negociações diretas“Sem pré-condições”Sem resposta oficial até 22 abr.
Condições préviasNenhumaReitera retirada russa como pré-condição

Declarações oficiais

  • Dmitry Peskov (Kremlin): “Não ouvimos resposta do regime de Kiev até agora. Foi o presidente Putin quem repetidamente disse que a Rússia está pronta, sem quaisquer pré-condições, a começar o processo de negociações.”
  • Volodymyr Zelensky (Ucrânia): “Valorizamos a vida das pessoas, não desfiles. Um cessar-fogo de três dias não basta; propusemos trégua de pelo menos 30 dias, imediatamente.”

Análise das motivações

Rússia

  • Política interna: Demonstrar força e controle, vinculando a trégua aos desfiles do 9 de maio; reforçar narrativa de “país pacificador”.
  • Estratégica: Ganhar tempo para reorganizar tropas e reforços após perdas em contra-ofensivas ucranianas.

Ucrânia

  • Humanitária: Minimizar baixas civis e militares, permitindo acesso de ajuda internacional.
  • Tática: Evitar dar alívio à Rússia em momento de pressão no front; busca de trégua mais longa para consolidar vantagens.

Reações internacionais

País/OrganizaçãoPosicionamento
Estados UnidosApoia cessar-fogo mais longo (30 dias), sem vínculo a celebrações russas.
União EuropeiaSaudou qualquer trégua, mas defende observância de direitos humanos durante a trégua.
ChinaApela ao diálogo, elogiando proposta de Putin, mas sem pressionar Kiev.
OTANCautelosa: vê trégua limitada como insuficiente para resolução do conflito.

Impacto sobre civis e ONGs

  • Organizações humanitárias (Cruz Vermelha, Médicos Sem Fronteiras) alertam para a urgência de cessar-fogo prolongado para reparo de infraestrutura e acesso a feridos.
  • Relatos de civis em zonas de combate indicam que interrupções curtas não permitem desminagem nem retirada segura de não combatentes.

Cenários futuros

Ucrânia aceita trégua de 3 dias

  • Possível pausa temporária; retomada dos combates após 10 de maio.
  • Rússia ganha tempo para reposicionamento.

Ucrânia mantém exigência de 30 dias

  • Negociações paralisam-se; Kremlin pode revogar proposta, retomando ofensiva plena.

Negociações diretas sem acordo de trégua

  • Contato inicial, mas sem cessar-fogo formal; arriscado para civis.
  • Poderia abrir caminho para acordos parciais (prisioneiros, corredores humanitários).

Conclusão

O impasse entre as propostas russas e a resposta ucraniana reflete objetivos divergentes: a Rússia visa combinar trégua curta com objetivos simbólicos (desfiles de 9 de maio) e vantagens militares; a Ucrânia busca condições humanitárias e táticas que realmente aliviem a pressão no front. Sem convergência sobre a duração mínima do cessar-fogo e pré-condições, as negociações diretas permanecem estagnadas.

Enquanto Moscou aposta em manobras políticas e militares, Kiev insiste em garantias concretas de segurança para civis e tropas. A comunidade internacional, embora receptiva a qualquer trégua, posiciona-se majoritariamente a favor de um cessar-fogo mais extenso e verificável. O desfecho dependerá da disposição de cada lado em sacrificar objetivos simbólicos por ganhos práticos imediatos — e, sobretudo, da pressão conjunta de organizações humanitárias e aliados ocidentais para proteger vidas.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*