
No dia 22 de abril de 2025, o Kremlin declarou que ainda não recebeu qualquer resposta de Kiev à série de propostas de paz apresentadas pelo presidente Vladimir Putin, incluindo um cessar-fogo de três dias, de 8 a 10 de maio, e o início de negociações diretas sem pré-condições. A seguir, um panorama detalhado e analítico desse impasse, seus antecedentes, reações das partes e perspectivas.
Contexto histórico e militar
Aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista
- Em 9 de maio, a Rússia celebra o Día da Vitória sobre a Alemanha nazista em 1945. Neste ano, a data completa 80 anos, e o Kremlin programou grandes desfiles militares em Moscou e em outras cidades. Putin anunciou um cessar-fogo de três dias (8–10 de maio) para viabilizar essas comemorações sem confrontos ativos.
Evolução do conflito
- Desde a eclosão da invasão russa, em fevereiro de 2022, ambos os lados mantêm posições rígidas. A Rússia controla áreas no leste e no sul da Ucrânia, enquanto Kiev, com apoio ocidental, reconquistou parte do território ocupado em contra-ofensivas recentes.
A proposta de Putin e a reação de Kiev
Item | Proposta russa | Resposta ucraniana |
---|---|---|
Cessação de fogo | 8–10 de maio (3 dias) | Insuficiente; exige mínimo 30 dias |
Negociações diretas | “Sem pré-condições” | Sem resposta oficial até 22 abr. |
Condições prévias | Nenhuma | Reitera retirada russa como pré-condição |
Declarações oficiais
- Dmitry Peskov (Kremlin): “Não ouvimos resposta do regime de Kiev até agora. Foi o presidente Putin quem repetidamente disse que a Rússia está pronta, sem quaisquer pré-condições, a começar o processo de negociações.”
- Volodymyr Zelensky (Ucrânia): “Valorizamos a vida das pessoas, não desfiles. Um cessar-fogo de três dias não basta; propusemos trégua de pelo menos 30 dias, imediatamente.”
Análise das motivações
Rússia
- Política interna: Demonstrar força e controle, vinculando a trégua aos desfiles do 9 de maio; reforçar narrativa de “país pacificador”.
- Estratégica: Ganhar tempo para reorganizar tropas e reforços após perdas em contra-ofensivas ucranianas.
Ucrânia
- Humanitária: Minimizar baixas civis e militares, permitindo acesso de ajuda internacional.
- Tática: Evitar dar alívio à Rússia em momento de pressão no front; busca de trégua mais longa para consolidar vantagens.
Reações internacionais
País/Organização | Posicionamento |
---|
Estados Unidos | Apoia cessar-fogo mais longo (30 dias), sem vínculo a celebrações russas. |
União Europeia | Saudou qualquer trégua, mas defende observância de direitos humanos durante a trégua. |
China | Apela ao diálogo, elogiando proposta de Putin, mas sem pressionar Kiev. |
OTAN | Cautelosa: vê trégua limitada como insuficiente para resolução do conflito. |
Impacto sobre civis e ONGs
- Organizações humanitárias (Cruz Vermelha, Médicos Sem Fronteiras) alertam para a urgência de cessar-fogo prolongado para reparo de infraestrutura e acesso a feridos.
- Relatos de civis em zonas de combate indicam que interrupções curtas não permitem desminagem nem retirada segura de não combatentes.
Cenários futuros
Ucrânia aceita trégua de 3 dias
- Possível pausa temporária; retomada dos combates após 10 de maio.
- Rússia ganha tempo para reposicionamento.
Ucrânia mantém exigência de 30 dias
- Negociações paralisam-se; Kremlin pode revogar proposta, retomando ofensiva plena.
Negociações diretas sem acordo de trégua
- Contato inicial, mas sem cessar-fogo formal; arriscado para civis.
- Poderia abrir caminho para acordos parciais (prisioneiros, corredores humanitários).
Conclusão
O impasse entre as propostas russas e a resposta ucraniana reflete objetivos divergentes: a Rússia visa combinar trégua curta com objetivos simbólicos (desfiles de 9 de maio) e vantagens militares; a Ucrânia busca condições humanitárias e táticas que realmente aliviem a pressão no front. Sem convergência sobre a duração mínima do cessar-fogo e pré-condições, as negociações diretas permanecem estagnadas.
Enquanto Moscou aposta em manobras políticas e militares, Kiev insiste em garantias concretas de segurança para civis e tropas. A comunidade internacional, embora receptiva a qualquer trégua, posiciona-se majoritariamente a favor de um cessar-fogo mais extenso e verificável. O desfecho dependerá da disposição de cada lado em sacrificar objetivos simbólicos por ganhos práticos imediatos — e, sobretudo, da pressão conjunta de organizações humanitárias e aliados ocidentais para proteger vidas.
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