Ataques em Samar e reabertura de negociações: Putin e Zelensky em foco

Presidente russo Vladimir Putin participa de reunião do Conselho Supremo da União Econômica Eurasiana em Minsk, Belarus, em 27 de junho de 2025.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante reunião do Conselho Supremo da União Econômica Eurasiana, realizada em Minsk, Belarus, em 27 de junho de 2025. [Foto: Sergey Bobylev/Sputnik/Pool via Reuters]/ Al Jazeera

No fim de junho de 2025, a guerra entre Rússia e Ucrânia atingiu novo patamar de violência na região de Dnipropetrovsk, com o segundo ataque em três dias à cidade industrial de Samar, que deixou cinco mortos e 23 feridos. Ao mesmo tempo, o presidente russo Vladimir Putin manifestou disposição para reduzir gastos militares e retomar negociações de paz, possivelmente em Istambul. Do lado ucraniano, Volodymyr Zelensky condiciona qualquer diálogo a um cessar-fogo prévio, enquanto o Kremlin ainda não fixou data para novos encontros. Este artigo oferece uma visão detalhada dos ataques mais recentes, do contexto estratégico e dos desdobramentos diplomáticos.

O ataque a Samar e a escalada em Dnipropetrovsk

  • 27 de junho de 2025: Um míssil russo atingiu Samar, matando cinco civis e ferindo 23, segundo o governador Serhiy Lysak em Telegram. Ao menos quatro dos feridos estavam em estado grave e foram levados a hospitais de Dnipro.
  • 24 de junho de 2025: Anteriormente, duas ondas de ataques a Dnipro mataram pelo menos 17 pessoas e feriram quase 300, danificando trens, escolas e hospitais, numa ofensiva para criar um ponto de apoio no centro da Ucrânia pela primeira vez em três anos.
  • Outros alvos: No mesmo período, ataques russo-ucranianos se estenderam a Kharkiv (1 morto, 3 feridos) e à região de Kherson (golpe em instalação de energia deixou milhares sem eletricidade), revelando um padrão de atingir infraestrutura crítica e civis.

Defesa antiaérea e guerra de drones

  • Drones e mísseis: Entre a noite de quinta e sexta-feira, a Força Aérea ucraniana interceptou 359 dos 363 drones e seis dos oito mísseis de cruzeiro lançados pela Rússia em várias frentes.
  • Contrafilme ucraniano: Com o uso de drones de intercepção, a Ucrânia realizou ataques em aeroportos russos e até no Crimean Bridge, testando novas táticas de guerra não convencional.

A reviravolta nas negociações de paz

Discurso de Putin em Minsk

  • Redução de gastos militares: Em coletiva em Minsk, Putin anunciou plano de cortar o orçamento de defesa a partir de 2026, atribuindo ao alto dispêndio inflação e pressão orçamentária interna.
  • Prontidão para novas conversas: O presidente russo afirmou que Moscou está “pronta para uma nova rodada de negociações”, possivelmente em Istambul, mas reconheceu que os memorandos de paz entre os dois lados são “absolutamente contraditórios”.
  • Aspecto humanitário: Putin mencionou a devolução dos corpos de 3.000 soldados ucranianos como demonstração de boa-vontade.

Posicionamento de Zelensky

  • Cessação prévia do fogo: Zelensky saudou a disposição para negociar, mas condicionou qualquer participação a um cessar-fogo formal e incondicional por 30 dias antes das conversas.
  • Exigências ucranianas: Além da trégua, os ucranianos exigem a libertação de prisioneiros de guerra e o retorno de crianças levadas à força para territórios ocupados.

Estado atual das negociações

  • Sem data marcada: O Kremlin informou em 26 de junho que ainda não há data definida para a próxima rodada de talks, apesar do clima diplomático de retomar o diálogo direto.
  • Troca de prisioneiros: Paralelamente, houve nova troca de prisioneiros entre Rússia e Ucrânia, incluindo soldados capturados em Mariupol, reforçando o caráter parcial das negociações.

Perspectivas e desafios

  1. Resiliência ucraniana: A capacidade de interceptação e contra-ataques de drones mantém a defesa forte, mas a população civil continua vulnerável.
  2. Credibilidade de Moscou: O histórico de Minsk II e as exigências russas geram ceticismo em Kiev e nos aliados ocidentais.
  3. Influência de terceiros: O envolvimento de Donald Trump — elogiado por Putin como estabilizador das relações EUA-Rússia — adiciona complexidade, enquanto a Otan debate níveis de apoio militar à Ucrânia.
  4. Possível impasse: Sem cessar-fogo definido e com memorandos opostos, um acordo abrangente parece distante, mantendo a guerra num impasse cada vez mais sangrento.

À medida que Samar se reconstrói sobre escombros recentes e as negociações tropeçam em pré-condições, a comunidade internacional assiste à urgência de convergir, de fato, em um cessar-fogo duradouro — o primeiro passo, segundo especialistas, para qualquer avanço significativo rumo à paz.

Conclusão

À medida que Samar e Dnipro tentam se reerguer após as recentes destruições, o impasse entre o pedido ucraniano por cessar-fogo prévio e as condições apresentadas por Moscou permanece o maior obstáculo a um acordo duradouro. Sem o estabelecimento de uma trégua incondicional e bilateral, o conflito tem tudo para se prolongar, mantendo a pressão sobre civis e infraestrutura. A mediação internacional, especialmente por atores com influência sobre ambas as partes, torna-se fundamental para transformar as negociações em resultados concretos e evitar uma escalada ainda mais sangrenta.

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