Sanções Ocidentais a Ministros de Extrema-Direita em Israel: Implicações e Contexto

Itamar Ben-Gvir falando à imprensa em Jerusalém, usando terno escuro e kipá, janeiro de 2025.
O ministro da Segurança Nacional de Israel e líder do partido Poder Judaico, Itamar Ben-Gvir, concede declaração à imprensa em Jerusalém, 16 de janeiro de 2025. (REUTERS/Oren Ben Hakoon/Foto de arquivo)

Em 10 de junho de 2025, o Reino Unido, junto com Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Noruega, anunciou sanções contra dois ministros do governo israelense — Itamar Ben‑Gvir (Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (Finanças). Ambos são figuras centrais da ala mais radical do gabinete de Benjamin Netanyahu e foram acusados de incitar violência contra palestinos na Cisjordânia e de apoiar medidas que agravam a crise humanitária em Gaza.

Perfis e Histórico Político

Itamar Ben‑Gvir

  • Ex-advogado e ativista de extrema‑direita, defensor convicto de assentamentos israelenses na Cisjordânia.
  • Frequentemente elogiou colonos armados e minimizou violações de direitos humanos cometidas contra palestinos.

Bezalel Smotrich

  • Líder do partido Religioso‑Sionista, defende a anexação legal da Cisjordânia e a retomada de assentamentos em Gaza (desocupados em 2005).
  • Em discurso recente, expressou “desprezo” pelas tentativas britânicas de limitar construções em áreas que considera berço do povo judeu.

Ambos são pilares da coalizão de direita de Netanyahu, empossada após as eleições de novembro de 2022, marcada por agendas nacionalistas e maior tolerância à expansão de assentamentos.

Detalhes das Sanções

  1. Congelamento de ativos: Bens financeiros dos dois ministros mantidos por jurisdições dos cinco países ficarão indisponíveis.
  2. Proibição de vistos: Interdição de entrada ou trânsito nos territórios sancionadores.
  3. Contexto político: O Foreign Office britânico, sob o comando do primeiro-ministro Keir Starmer e do chanceler David Lammy, classificou as ações dos ministros como “extremistas” e violadoras de direitos humanos.

Reações e Contramedidas

  • Israel: O ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, qualificou as sanções de “ultrajantes” e convocou reunião de emergência para decidir retaliações diplomáticas.
  • Ben-Gvir e Smotrich: Prometeram intensificar a construção de novas colônias, sobretudo em Hebron, acusando o Reino Unido de “interferência neocolonial”.
  • Netanyahu: Acusou as potências ocidentais de “apoiarem o terrorismo” e estarem “no lado errado da história”.
  • Retaliações previstas:
    1. Suspensão de cooperação: Avaliação de interrupção de exercícios militares conjuntos com os países sancionadores e revisão de acordos de defesa.
    2. Ações econômicas: Possível imposição de tarifas adicionais sobre importações de produtos britânicos, canadianos, australianos, neozelandeses e noruegueses.
    3. Diplomacia de conveniência: Reavaliação de vistos para cidadãos desses países, bloqueio de candidaturas conjuntas em organismos multilaterais e redução de participação em reuniões diplomáticas.

Contexto Humanitário em Gaza

  • Perspectiva da ONU: Mais de 2,1 milhões de palestinos em Gaza enfrentam risco de fome devido ao bloqueio prolongado de ajuda humanitária e destruição de infraestruturas essenciais.
  • Balanço de vítimas: Desde outubro de 2023, cerca de 54.000 palestinos foram mortos na ofensiva israelense, segundo autoridades de Gaza.

Implicações Internacionais

  1. Estratégias divergentes no Ocidente: Enquanto Europa e aliados do Reino Unido adotam sanções dirigidas a políticos israelenses, os Estados Unidos focam em penalizar financiadores de grupos como Hamas, mantendo apoio militar a Israel.
  2. Suspensão de negociações comerciais: O Reino Unido suspendeu as negociações de livre-comércio com Israel, qualificando as políticas em Gaza e Cisjordânia como “intoleráveis”.
  3. Pressão sobre a UE: Países europeus estudam revisitar acordos bilaterais se Israel não reduzir operações e avançar rumo a um cessar-fogo imediato.

Consequências e Perspectivas

  • Diplomacia: Risco de isolamento crescente de Israel frente a aliados tradicionais, com possibilidade de retaliações comerciais e políticas.
  • Política interna israelense: A radicalização do debate interno pode fortalecer a extrema‑direita e dificultar acordos de paz.
  • Processo de paz: A medida reforça apelos por cessar‑fogo imediato e rediscussão de uma solução de dois Estados, mas também pode endurecer posições dos negociadores.

Conclusão

As sanções marcadas em 10 de junho de 2025 representam um momento decisivo na diplomacia ocidental em relação a Israel, sinalizando menor tolerância a políticas consideradas extremistas. Os desdobramentos nas esferas diplomática, econômica e de segurança definirão o futuro imediato das relações entre Israel e seus tradicionais aliados, bem como o quadro humanitário e político na região.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*