
Hoje, 28 de abril de 2025, o Kremlin afirmou que espera um sinal de Kiev indicando disposição para negociar diretamente o fim da guerra, mas não observou qualquer movimento nesse sentido. A declaração reacende o impasse diplomático entre Moscou e Kiev, em meio à pressão dos Estados Unidos por um acordo que ponha fim ao conflito mais letal na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Contexto e histórico das negociações
- Mediação dos EUA: Em encontro de três horas na última sexta-feira, o enviado norte-americano Steve Witkoff discutiu com Putin a possível retomada de conversas sem precondições .
- Últimas conversas diretas: Moscou e Kiev não se sentam à mesma mesa desde março de 2022, logo após o início da invasão russa em larga escala. Na ocasião, tentativas de diálogo foram interrompidas quando o Kremlin anunciou a anexação de quatro regiões ucranianas.
- Decreto de Zelensky: Em setembro de 2022, o presidente Volodymyr Zelensky promulgou um decreto proibindo negociações com Vladimir Putin, como resposta à reivindicação russa de soberania sobre terras ucranianas.
Posição de Kiev: cessar-fogo como pré-requisito
O chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, criticou a postura russa de pedir diálogo sem cessar fogo real. Em mensagem no Telegram, Yermak ressaltou que ataques com drones Shaheds continuam em curso, tornando “todas as declarações de paz… mentiras” enquanto as bombas caem nas linhas de frente .
Zelensky reafirmou, em conversa com o presidente Donald Trump durante o funeral do Papa Francisco, que só negociará após um acordo de cessar-fogo efetivo, capaz de estancar a violência e criar condições mínimas de segurança para tratativas diretas.
Declaração do Kremlin
Questionado sobre quem deve enviar o sinal para iniciar o diálogo — Ucrânia ou Estados Unidos —, o porta-voz Dmitry Peskov foi enfático:
“Bem, de Kiev. Ao menos, Kiev deveria tomar alguma ação nesse sentido. Eles têm uma proibição legal para isso. Mas, até agora, não vemos qualquer ação.”
Enquanto não houver esse gesto formal de Kiev, Peskov garantiu que a “operação militar especial” prosseguirá normalmente, indicando que a máquina de guerra russa permanecerá em atividade .
Pressão internacional e interesses em jogo
- Estados Unidos: Washington tem incentivado ambas as partes a encontrar uma solução negociada, tanto para aliviar tensões em NATO quanto para estabilizar os mercados de energia e alimentos, fortemente impactados pelo conflito .
- Ucrânia: Kiev vê nas negociações sem cessar-fogo uma armadilha para ganhar tempo e consolidar ganhos territoriais russos. Exige garantias de trégua antes de qualquer mesa de paz.
- Rússia: Moscou alega estar disposta a conversar “sem precondições”, mas condiciona o início das conversas a um gesto de Kiev, mantendo simultaneamente a pressão militar.
Análise das dinâmicas de poder
- Jogada russa: Ao colocar a bola no campo ucraniano, o Kremlin tenta transferir a responsabilidade do impasse para Kiev, apresentando-se como aberto ao diálogo.
- Resposta ucraniana: Kiev equilibra a necessidade de apoio ocidental — que exige disposição para negociar — com a exigência de segurança, evitando qualquer mensagem que possa parecer concessão sem cessar-fogo.
- Mediação externa: A atuação dos EUA e de aliados europeus será crucial para construir um mecanismo de verificação de trégua que satisfaça ambas as partes.
Possíveis cenários futuros
Cenário | Descrição | Probabilidade | Impacto |
---|
1. Cessar-fogo e mesa de negociações | Kiev sinaliza trégua parcial; conversas diretas iniciam sob supervisão internacional. | Moderada | Alto: possibilidade real de acordo inicial. |
2. Impasse persistente | Continuidade de ataques e retórica; ambos esperam desgaste do outro. | Alta | Muito alto: conflito prolongado. |
3. Escalada militar | Rússia intensifica ofensiva para forçar concessões; Ucrânia reage com contra-ofensiva. | Baixa | Catastrófico: risco de ampla destruição. |
Conclusão
O confronto entre disposição declarada e ações de campo mantém o impasse. A Rússia afirma estar pronta para dialogar, mas condicional à iniciativa ucraniana; Kiev, por sua vez, exige um cessar-fogo tangível antes de qualquer conversa direta. Sem um sinal claro de trégua ou um mecanismo internacional de verificação, a guerra tende a se prolongar, com custos humanitários e geopolíticos crescentes. A mediação dos EUA e aliados europeus — e a capacidade de impor garantias de segurança — será determinante para transformar o discurso de paz em realidade.
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