Recuperação Econômica da Síria em 2025: Um Passo Tímido Rumo à Estabilidade

Vista panorâmica da cidade síria com prédios e montanhas ao fundo, representando o cenário urbano e geográfico da Síria.
Foto: Ahmed

Após mais de uma década de conflito, sanções internacionais e colapso de infraestrutura, a economia da Síria mostra sinais tímidos de melhora. Em 7 de julho de 2025, o Banco Mundial revisou sua projeção, apontando um crescimento de 1 % do Produto Interno Bruto (PIB) sírio para este ano, após uma retração estimada em 1,5 % em 2024 . Embora simbólico, esse avanço reflete tanto um afrouxamento parcial das sanções quanto iniciativas de reconstrução, mas permanece insuficiente para recompor as perdas acumuladas desde 2011.

Contexto Histórico e Desafios Estruturais

  • Queda prolongada do PIB: Entre 2011 e 2023, a Síria viu seu PIB encolher para menos da metade do nível pré-conflito, com 69 % da população vivendo abaixo da linha da pobreza e 27 % em extrema pobreza.
  • Infraestrutura destruída: Bombardeios, terremotos e falta de manutenção reduziram em cerca de 80 % a capacidade de geração de energia, comprometendo indústrias e serviços básicos.
  • Sistema bancário à margem: Ativos congelados no exterior e restrições ao sistema financeiro internacional limitam importações de insumos, investimentos e acesso a linhas de crédito.

Projeções Oficiais e Novidades Recentes

  • Banco Mundial (Julho/2025): Crescimento de 1 % esperado para 2025, apoiado por um leve relaxamento de sanções e fluxos de ajuda, mas ainda freado por ativos congelados e acesso bancário restrito.
  • IMF & Banco Mundial (Abril/2025): Declaração conjunta de Geórgia e Banga reforça apoio a políticas de reconstrução, fortalecimento institucional e canalização de recursos para estabilizar o país.
  • Reconexão ao SWIFT: A Síria prevê reintegração ao sistema de pagamentos internacionais Swift nas próximas semanas, abrindo caminho para normalizar transações e atrair investimentos estrangeiros.
  • Energia Renovável: Com o alívio de algumas sanções dos EUA, o governo sírio firmou acordos de US$ 7 bi em projetos de gás e energia solar, além de um aporte de US$ 146 mi do Banco Mundial para restabelecer a rede elétrica.

Principais Fatores de Constrangimento

  • Sanções Internacionais: Embora haja sinais de relaxamento, ainda há restrições severas a transações e financiamento, mantendo altos custos de importação.
  • Infraestrutura Crítica: A reconstrução de usinas, redes de transmissão e sistemas de água e esgoto depende de recursos externos e de estabilidade política.
  • Fragilidade Institucional: Governança enfraquecida, ausência de dados confiáveis e baixa transparência dificultam a formulação e implementação de políticas econômicas eficazes
  • Situação Humanitária: Atingidos por pobreza e desemprego (cerca de 25 %), milhões de sírios dependem de assistência, limitando o consumo interno e a arrecadação fiscal.

Iniciativas e Vetores de Recuperação

  • Reintegração Financeira: Reabertura de canais interbancários e desbloqueio gradual de ativos para facilitar crédito e comércio.
  • Reformas Estruturais: Modernização da regulação bancária e adução de políticas de combate à lavagem de dinheiro, conduzidas com supervisão do FMI e Banco Mundial.
  • Investimentos em Infraestrutura: Parcerias com empresas do Golfo e multilaterais para reconstrução de usinas e rede elétrica, além do incentivo a fontes limpas (solar) para garantir energia contínua.
  • Foco no Setor Agrícola: Revitalização de sistemas de irrigação e distribuição de insumos para reduzir importações de alimentos e gerar emprego rural.

Perspectivas de Longo Prazo

Segundo o PNUD, ao ritmo atual de 1,3 % de crescimento anual, levariam 55 anos para a Síria recuperar o PIB de 2010; atingir essa meta em 15 anos exigiria 5 % de crescimento anual consistente, e voltar ao cenário sem conflito demandaria quase 14 % ao ano.

Conclusão

O modesto crescimento de 1 % projetado para 2025 representa um ponto de inflexão após anos de retrações, mas não compensa as perdas acumuladas. A Síria precisa de esforços coordenados para desbloquear recursos, reconstruir infraestrutura, fortalecer instituições e implementar reformas estruturais. Só assim poderá acelerar sua recuperação, reduzir a dependência de ajuda humanitária e encaminhar-se a um desenvolvimento sustentável e inclusivo.

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