
A rodada de negociações nucleares indiretas entre Estados Unidos e Irã, mediada por Omã e prevista para domingo em Mascate, foi abruptamente cancelada, conforme anúncio do ministro das Relações Exteriores omanense, Badr Albusaidi. O episódio ocorre em meio a uma escalada militar na região, após ofensivas israelenses em solo iraniano e retaliações de Teerã, evidenciando a fragilidade dos canais diplomáticos e os riscos de um conflito mais amplo.
Contexto e anúncio da suspensão
O papel de Omã como mediador remonta a 2021, quando passou a facilitar o diálogo entre Washington e Teerã após a saída dos EUA do acordo nuclear de 2015. Na tarde de sábado, Albusaidi declarou em sua conta no X que “as conversas agendadas para este domingo em Muscat não ocorrerão” em razão do atual ambiente de hostilidade. Um alto funcionário americano, falando sob anonimato, confirmou o cancelamento, mas ressaltou que os EUA continuam “comprometidos com as negociações” e aguardam um retorno iraniano à mesa de diálogo.
Reação dos Estados Unidos
O governo Trump adotou tom cauteloso ao comentar o cancelamento das negociações: condenou as ações militares que minam o ambiente para o diálogo, mas reiterou apoio a Israel em seu “direito de se defender” e manteve o compromisso de retomar as conversas nucleares assim que possível. Em comunicado, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional enfatizou que “a estabilidade regional só pode ser restaurada por meio de vias diplomáticas e multilateralismo”.
Implicações regionais e econômicas
A crise acelerou a alta dos preços do petróleo, com temores de bloqueio eventual do estreito de Hormuz e cortes no fornecimento global de energia. Nações europeias — principalmente França e Reino Unido — pediram contenção, enquanto o Reino Unido chegou a enviar reforços da RAF para bases no Golfo Pérsico. A OTAN manifestou preocupação com a segurança de rotas marítimas, e a ONU alertou para o risco de um “efeito dominó” que poderia arrastar vizinhos como Síria e Líbano para o conflito.
Desafios diplomáticos e perspectivas futuras
A suspensão reforça a dependência das negociações em um clima de mínima confiança mútua. Analistas apontam que um novo encontro só seria viável após um cessar-fogo de fato, combinado a garantias concretas de inspeções pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e compromisso norte-americano de não impor sanções unilaterais durante o processo. Avalia-se que uma quinta rodada possa ser programada para agosto de 2025, em local ainda a definir — possivelmente na Suíça ou no Catar — desde que as hostilidades no terreno sejam suspensas.
Conclusão
O cancelamento em Mascate expõe as dificuldades em separar diplomacia e ação militar no Oriente Médio. Até que haja um pacto mínimo de não agressão entre Israel, Irã e potências ocidentais, o caminho para um acordo nuclear permanecerá bloqueado, mantendo a região sob tensão e o risco de um conflito de maiores proporções.
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