Ao assinalar, pela primeira vez em Taiwan, os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, o presidente Lai Ching‑te proferiu um alerta contundente: ceder aos agressores só aguça o apetite por expansão. No histórico Taipei Guest House, residência do governador-geral sob domínio japonês até 1945, Lai traçou paralelos entre as lições do passado e os desafios enfrentados pelas democracias hoje.
Lições Dolorosas da História
Lai recordou que, em diversos momentos, “acreditou‑se que uma pequena concessão garantiria a paz”. Porém, a experiência europeia das décadas de 1930 e 1940 mostrou o contrário: cada acomodação fortaleceu regimes totalitários, encorajando novas ambições territoriais. Essa dinâmica, destacou o presidente, reflete‑se atualmente nas ações de Estados que desafiam a ordem internacional baseada em regras.
Pressão Militar e Convergência de Valores
Nas últimas semanas, Taiwan suportou intensos exercícios militares chineses em suas imediações, parte da estratégia de Pequim para reforçar sua reivindicação sobre a ilha democrática. Em resposta, Lai buscou solidariedade com democracias ocidentais, ressaltando valores comuns como liberdade, Estado de direito e respeito à vontade popular. Estavam presentes diplomatas da França, Reino Unido, Japão, Canadá e Estados Unidos, sinalizando apoio político e diplomático significativo.
Ameaça de um “Novo Bloco Autoritário”
Sem mencionar diretamente China ou Rússia, Lai apontou indícios de um ressurgimento de práticas autoritárias: sabotagem de cabos submarinos, interferência em eleições e campanha de desinformação. Essas táticas, já denunciadas por governos europeus e por Taiwan, configuram, segundo ele, o início de um “novo bloco autoritário” com ambições de expansão global.
“Amantes da liberdade ao redor do mundo, indivíduos e nações, devem unir‑se agora em estreita solidariedade, antes que riscos se convertam em crises e sejam explorados por aqueles que ambicionam expandir seu poder”, conclamou Lai.
Contexto Geopolítico e Reação de Pequim
O pronunciamento de Lai coincidiu com a visita do presidente chinês Xi Jinping a Moscou, onde participou do desfile militar russo em homenagem ao fim da guerra na Europa. Num artigo em jornal russo, Xi reiterou que “Taiwan pertence legalmente à China” e classificou a “reunificação” como tendência irreversível. A postura reforça o impasse: enquanto Pequim eleva a pressão, Taipei intensifica sua busca por garantias internacionais.
Reforço na Cooperação Cibernética: União Europeia Aumenta Apoio a Taiwan
Em 30 de abril de 2025, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que solicita o reforço da cooperação em defesa cibernética com Taiwan, citando o aumento de riscos de ataques a infraestruturas críticas. Esta medida representa um passo concreto na aproximação entre Europa e Taiwan, no campo da segurança digital.
Impactos e Perspectivas
- Segurança regional: o aumento de exercícios militares chineses estimula vendas de armamentos e cooperação em defesa entre Taiwan e Estados Unidos.
- Aliança transatlântica: a resolução do Parlamento Europeu reforça o diálogo sobre suporte mútuo em cibersegurança e inteligência.
- Memória histórica: resgatar lições da II Guerra fortalece narrativas de resistência ao autoritarismo e une diferentes regiões em defesa de valores compartilhados.
Conclusão
Ao evocar as lições da Segunda Guerra Mundial, Lai Ching‑te não apenas homenageou os que lutaram pela liberdade, mas sinalizou perigos contemporâneos. A solidariedade entre Taiwan e democracias europeias demonstra que concessões a agressores geram maior ambição, e que a cooperação entre nações livres é essencial para preservar a paz e a autodeterminação.
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