Tarifas e Tensões Comerciais: A Estratégia de Trump Contra o Fluxo de Fentanil

O presidente dos EUA, Donald Trump, fala com membros da mídia ao retornar à Casa Branca vindo de National Harbor, após seu discurso na reunião anual da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), no gramado sul em Washington, D.C., EUA, em 22 de fevereiro de 2025. REUTERS/Craig Hudson.
Donald Trump fala à imprensa ao voltar à Casa Branca após discursar na CPAC, em Washington, D.C., em 22 de fevereiro de 2025. REUTERS/Craig Hudson.

Em meio a uma crescente crise causada pelo fluxo ininterrupto de fentanil, o presidente Trump anunciou novas medidas tarifárias que prometem impactar as relações comerciais com o México, Canadá e China. Segundo o anúncio, a partir de 4 de março, incidirão tarifas de 25% sobre produtos desses países, além de uma tarifa adicional de 10% sobre as importações provenientes da China.

Medidas e Motivações

As novas tarifas foram justificadas pela persistência do problema relacionado à entrada de fentanil no território norte-americano. Em um comunicado no Truth Social, Trump ressaltou que, mesmo após os esforços realizados, os níveis de entrada do opioide permanecem “muito altos e inaceitáveis”. Assim, além dos 10% de tarifa já aplicados à China em 4 de fevereiro, a nova adição elevará o total para 20% sobre os produtos chineses, numa estratégia que reflete uma política de endurecimento similar àquela empregada em sua primeira administração durante as guerras tarifárias com Pequim.

Contexto e Impactos Econômicos

Enquanto os agentes de alfândega e da Patrulha de Fronteira dos EUA registraram uma queda de 50,5% na apreensão de fentanil – 991 libras foram interceptadas em janeiro de 2025 –, os números ainda evidenciam o risco de que o opioide continue a causar danos significativos à saúde pública. Essa realidade impulsionou o governo a adotar medidas que, segundo a administração, poderiam pressionar os países envolvidos a intensificar os esforços no combate à entrada ilegal dessas substâncias.

No cenário internacional, a decisão de Trump gera inquietação tanto em Washington quanto em Pequim. O governo chinês, que já havia implementado tarifas retaliatórias de 10% sobre produtos norte-americanos, ainda não demonstrou disposição para engajar em negociações focadas na questão do fentanil. Em contrapartida, há o receio de que a imposição de tarifas cumulativas possa agravar desafios econômicos: enquanto a China enfrenta uma crise no setor imobiliário e uma demanda interna enfraquecida, os EUA lidam com uma inflação persistente e taxas de juros elevadas.

Reações e Perspectivas Regionais

No âmbito norte-americano, os impactos das medidas de Trump se estendem às relações com o México e o Canadá, países com os quais os Estados Unidos mantêm uma economia fortemente integrada. Em resposta, autoridades desses países iniciaram conversações de alto nível com representantes norte-americanos. Enquanto o ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard, se prepara para reuniões com a equipe de comércio dos EUA, o Canadá aponta avanços significativos no reforço da segurança em sua fronteira, como destacado pelo ministro da Segurança Pública, David McGuinty. Essa dinâmica revela que, apesar das tensões, há uma disposição mútua para encontrar soluções que minimizem os efeitos negativos sobre o comércio bilateral.

Considerações Finais

As novas tarifas refletem uma abordagem multifacetada: ao mesmo tempo em que tentam conter a crise do fentanil, servem como uma ferramenta de pressão em negociações comerciais e políticas internacionais. Com a data de 4 de março se aproximando, o cenário permanece incerto, e os desdobramentos das medidas poderão influenciar significativamente tanto a saúde pública quanto a economia global nos próximos meses.



Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*