Trump media acordo histórico entre Armênia e Azerbaijão na Casa Branca — o que está em jogo

Donald Trump posa entre Ilham Aliyev, presidente do Azerbaijão, e Nikol Pashinyan, primeiro-ministro da Armênia, em ambiente formal na Casa Branca.
Donald Trump, Ilham Aliyev e Nikol Pashinyan durante encontro na Casa Branca para a mediação do acordo histórico entre Armênia e Azerbaijão.

Em uma cerimônia na Casa Branca em 8 de agosto de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, mediou um acordo entre a Armênia e o Azerbaijão que a Casa Branca e os governos de Yerevan e Baku definiram como um passo decisivo rumo à normalização das relações entre os vizinhos do Sul do Cáucaso. A assinatura foi saudada por líderes envolvidos como um marco — e por críticos como um pacto que deixa questões sensíveis sem solução imediata.

Glossário de termos-chave

  • Nagorno-Karabakh: Região montanhosa do Sul do Cáucaso, de maioria étnica armênia, mas localizada dentro das fronteiras internacionais do Azerbaijão. Tem sido foco central do conflito entre os dois países desde o final da União Soviética.
  • Grupo de Minsk (OSCE): Grupo de mediação internacional criado em 1992 sob a égide da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) para tentar negociar a paz entre Armênia e Azerbaijão, com copresidência da Rússia, França e Estados Unidos.
  • Zangezur / Corredor Trump: Corredor estratégico que atravessa o sul da Armênia, conectando o Azerbaijão ao seu enclave de Nakhchivan. No acordo de 2025, a Armênia concedeu direitos exclusivos para desenvolvimento desta rota a uma empresa americana, visando aumentar a conectividade regional.

que o acordo prevê

O pacto engloba uma declaração de normalização política e uma série de compromissos bilaterais com os Estados Unidos em áreas como comércio, energia e tecnologia. Um elemento central do acordo é a concessão, por parte da Armênia, de direitos exclusivos de desenvolvimento para um corredor de trânsito estratégico através do sul armênio — o chamado “Trump Route for International Peace and Prosperity” (também referido pela imprensa como Zangezur/Corredor). Autoridades americanas disseram que empresas — inclusive norte-americanas — já manifestaram interesse em participar do projeto. Os contornos técnicos (quem exatamente vai operar, o escopo temporal dos direitos, licenciamento e cronograma) ainda dependem de contratos e etapas posteriores.

Mudança no quadro de mediação internacional

Como parte da declaração, ambos os países assinaram documentos que pedem a dissolução ou a saída do formato tradicional de mediação — o Grupo de Minsk da OSCE — marcando uma ruptura com décadas de tentativas multilaterais sob co-presidência de França, EUA e Rússia. A iniciativa simboliza um reposicionamento da influência externa na região e abre caminho para um papel americano mais direto na implementação da infraestrutura e da segurança regional.

Segurança e assistência militar

O acordo inclui também a flexibilização de restrições à cooperação de defesa entre os EUA e o Azerbaijão, segundo funcionários americanos — um aspecto que tem potencial para alterar os equilíbrios militares locais e provocar reação de Moscou. Autoridades disseram ainda que os EUA negociarão acordos bilaterais complementares com cada lado para garantir benefícios econômicos e garantias de segurança.

Reações e críticas

  • Reações oficiais: Tanto Ilham Aliyev (Azerbaijão) quanto Nikol Pashinyan (Armênia) elogiaram a mediação e louvaram o projeto como uma oportunidade histórica; ambos chegaram a declarar apoio público à indicação de Trump ao Prêmio Nobel.
  • Preocupações da diáspora e de ONGs: Grupos armênios e organizações de direitos humanos alertaram que o acordo não tratou de modo satisfatório o estatuto dos deslocados de Nagorno-Karabakh, a libertação de prisioneiros de guerra, e a proteção de sítios culturais — pontos que podem minar a sustentabilidade da paz, se não forem abordados nos próximos passos.
  • Reação regional: A operação de um corredor ligado a interesses americanos tende a reduzir a influência russa no Cáucaso e atrair atenção de países vizinhos (Turquia, Irã) e da União Europeia, todos interessados em estabilidade e rotas energéticas alternativas.

Implicações geopolíticas

Para Washington, o acordo representa um avanço de influência estratégica no corredor entre Europa e Ásia — acesso que pode facilitar exportações energéticas e rotas comerciais. Para Moscou, a iniciativa é percebida como um deslocamento da sua tradicional posição de mediador na região. Observadores advertem que a paz formalizada só será sustentável com implementação técnica, mecanismos de verificação e resolução das reivindicações humanitárias pendentes.

O que permanece em aberto

Entre os pontos que ainda exigem solução estão: (1) mecanismos claros para o retorno seguro de deslocados; (2) cronograma e garantias para a libertação e troca de prisioneiros; (3) contratos e supervisão internacional sobre a construção e operação do corredor; e (4) uma arquitetura de verificação que inclua atores multilaterais para reduzir o risco de novo conflito. Organizações de direitos humanos e representantes da diáspora estão pressionando por cláusulas explícitas sobre esses temas nas próximas fases.

Conclusão

O pacto assinado em 8 de agosto de 2025 coloca os Estados Unidos no centro de uma reconfiguração do Sul do Cáucaso. Se bem implementado, pode representar um salto de normalização entre Armênia e Azerbaijão; se mal conduzido ou incompleto, arrisca transferir fragilidades humanitárias e políticas para um novo estágio em que antigos ferimentos permaneçam sem remédio. A sustentabilidade da paz dependerá agora da execução técnica — contratos, garantias e monitoramento — e da capacidade de traduzir promessas de infraestrutura e desenvolvimento em resultados concretos para populações locais.

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