Trump mobiliza 2.000 soldados da Guarda Nacional em Los Angeles em meio a protestos contra operações de imigração

Carro em chamas durante confronto entre manifestantes e policiais em Paramount, Califórnia, após ações do ICE
Carro incendiado na Atlantic Boulevard, em Paramount (Condado de Los Angeles), durante confronto entre manifestantes e forças de segurança após detenções realizadas por agentes de imigração (ICE), em 7 de junho de 2025. Foto: REUTERS/Barbara Davidson

No sábado, 7 de junho de 2025, o presidente Donald J. Trump assinou um memorando presidencial para enviar 2.000 tropas da Guarda Nacional à Região Metropolitana de Los Angeles, após duas noites consecutivas de protestos contra operações de fiscalização migratória conduzidas por agentes federais. A decisão ocorre em meio a uma escalada de tensões entre o governo federal — empenhado em sua política de “linha-dura” contra a imigração ilegal — e autoridades locais e estaduais que condenam tanto as operações de campo quanto a resposta militarizada.

Origens dos protestos e dinâmica dos confrontos

  • Operações da ICE e DHS: Na sexta-feira, agentes da Agência de Imigração e Alfândega (ICE) e do Departamento de Segurança Interna (DHS) realizaram ações em pontos de trabalho informal, como estacionamentos de lojas Home Depot, fábricas e armazéns, detendo ao menos 45 pessoas — incluindo residentes legais — por supostas violações migratórias.
  • Reação comunitária: Ainda na sexta, manifestantes se reuniram nos arredores de Paramount (sudeste de Los Angeles) e no centro da cidade, exibindo bandeiras mexicanas e cartazes com frases como “ICE fora de L.A.!” e “Abolish ICE”. Vídeos mostram agentes à paisana e em uniformes, com máscaras de gás e granadas de efeito moral para dispersão.
  • Detenções e uso de força: A Polícia de Los Angeles informou ter detido diversas pessoas por descumprirem ordens de dispersão, mas não divulgou números oficiais nem especificou feridos. Fontes locais reportam pelo menos quatro policiais feridos durante os confrontos.

Justificativa e ameaças de escalada militar

  • Memorando presidencial: Em sua nota oficial, a Casa Branca afirmou que a mobilização visa “restaurar a ordem frente à ilegalidade e aos atos de violência” que teriam se propagado durante as manifestações.
  • Alerta de tropa ativa: O secretário de Defesa, Pete Hegseth, declarou que os Fuzileiros Navais em Camp Pendleton estão “em alerta máximo” para um possível emprego em solo urbano, caso os distúrbios persistam.
  • Lei de Insurreição: Embora o governo tenha evocação de sua autoridade para empregar tropas federais — baseando-se na Lei de Insurreição de 1807, raramente usada desde os motins de 1992 — ainda não há confirmação oficial de sua invocação formal.

Reação de autoridades estaduais e municipais

  • Governo da Califórnia: O governador Gavin Newsom classificou a mobilização como “inflamatória e eleitoreira”, acusando o presidente de cultivar espetáculo político. Em suas redes, conclamou à resistência pacífica e ao respeito aos direitos civis.
  • Prefeitura de Los Angeles: A prefeita Karen Bass repudiou as operações de fiscalização, afirmando que “essas táticas sem identificação espalham terror em nossas comunidades” e ameaçam a segurança pública.

Contexto político e implicações

  • Eleições e imagem pública: A medida reforça o discurso de Trump junto à base conservadora — que vê na repressão à imigração um pilar de sua plataforma — mas agrava sua impopularidade em centros urbanos, tradicionais redutos democratas e multirraciais.
  • Judicialização: Líderes locais estudam recorrer ao Judiciário para questionar a legalidade do emprego de tropas federais contra manifestantes civis, alegando violação de competências reservadas aos estados.
  • Movimento de direitos civis: Organizações pró-imigração intensificam a assistência jurídica aos detidos e a mobilização de redes de apoio, prevendo novas ondas de protestos caso operações similares se repitam.

Conclusão

A mobilização da Guarda Nacional em Los Angeles marca um capítulo tenso na segunda Presidência de Donald Trump, evidenciando o embate entre a agenda federal de endurecimento migratório e a resistência de autoridades locais e comunidades afetadas. O desdobramento político, judicial e social deste confronto poderá redefinir, nos próximos meses, as fronteiras do uso de força em questões de segurança interna e direitos civis nos Estados Unidos.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*