
Em 1º de julho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um apelo público a Hamas para que aceite uma “proposta final” de cessar‑fogo de 60 dias na Faixa de Gaza, mediada por Qatar e Egito. Segundo Trump, Israel já concedeu os termos básicos do acordo e aguarda apenas a resposta de Gaza para interromper os combates e iniciar negociações mais amplas visando o fim definitivo do conflito.
Termos da Proposta de Cessar‑Fogo
- Duração: 60 dias de trégua incondicional, com possibilidade de extensão por mais 60 dias mediante nova rodada de negociações.
- Liberação de Reféns: Hamas liberaria metade dos reféns ainda em seu poder (vivos e restos mortais), em troca de um número equivalente de prisioneiros palestinos detidos por Israel e dos restos mortais de palestinos mortos nas operações militares.
- Ajuda Humanitária: entrada “substancial” de alimentos, água e suprimentos médicos em Gaza, sob supervisão de organismos internacionais, para mitigar a crise de fome e colapso hospitalar.
- Garantias de Segurança: Israel exige a desmilitarização de Hamas, incluindo entrega dos túneis subterrâneos e desmantelamento de arsenais; Hamas condiciona o acordo ao fim total das operações militares israelenses.
Mediação e Próximos Passos
- Mediadores: Qatar e Egito serão responsáveis por entregar formalmente a proposta a representantes de Hamas em reuniões previstas para esta semana, em Cairo.
- Equipe dos EUA: Trump mencionou encontros “longos e produtivos” entre seus enviados — o secretário de Estado Marco Rubio, o enviado especial Steve Witkoff e o vice‑presidente J.D. Vance — com Ron Dermer, assessor de Netanyahu, para harmonizar a versão final do texto.
- Encontro na Casa Branca: o primeiro‑ministro israelense Benjamin Netanyahu está convidado para Washington em 7 de julho de 2025, quando Trump pretende reafirmar a posição israelense e pressionar pelo aceite imediato de Hamas.
Desafios e Perspectivas
- Posição de Hamas: embora o grupo tenha declarado estar “pronto” para um cessar‑fogo, reivindica garantias de que a trégua levará ao fim da guerra e não apenas a uma pausa temporária nas hostilidades.
- Crise Humanitária: o Ministério da Saúde de Gaza contabiliza mais de 56.000 palestinos mortos desde o início da ofensiva israelense, agravada por restrições a suprimentos e serviços médicos, com quase todos os hospitais públicos incapacitados.
- Pressões Internas: em Israel, facções mais radicais exigem a completa derrota de Hamas, enquanto nos EUA Trump busca demonstrar liderança diplomática, fortalecendo seu capital político em ano eleitoral.
- Risco de Regressão: sem um compromisso firme de ambas as partes, há grande risco de retomada imediata das hostilidades ao fim da trégua, ampliando ainda mais o sofrimento civil e o impacto regional.
Conclusão
A oferta de cessar‑fogo de 60 dias representa a proposta mais robusta até agora para interromper o ciclo de violência em Gaza e iniciar negociações de paz. Porém, sua eficácia dependerá da disposição mútua de Israel e Hamas em dar garantias reais — seja na liberação de reféns, no alívio humanitário ou na questão da desmilitarização —, num cenário marcado por desconfianças profundas e urgência humanitária. A resposta de Hamas nos próximos dias poderá definir não apenas a sobrevivência imediata de milhares de civis, mas também os rumos de todo o processo de reconciliação no Oriente Médio.
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