Trump e a Inteligência Artificial: A Nova Fronteira da Cooperação EUA–EAU

Presidente Donald Trump refletido no chão enquanto caminha com Yousif Al Obaidli e Ameena Al Hammadi na Mesquita Sheikh Zayed em Abu Dhabi, 15 de maio de 2025.
Presidente Donald Trump visita a Mesquita Sheikh Zayed em Abu Dhabi, acompanhado por Yousif Al Obaidli, diretor da mesquita, e Ameena Al Hammadi, diretora interina do Departamento de Cultura e Conhecimento, em 15 de maio de 2025. REUTERS/Brian Snyder

De acordo com a consultoria global PwC (PricewaterhouseCoopers), uma das maiores empresas de auditoria e consultoria do mundo, o impacto da inteligência artificial no PIB do Oriente Médio pode chegar a US$ 320 bilhões até 2030, com os Emirados Árabes Unidos liderando os investimentos em tecnologia avançada na região. Em uma guinada estratégica, a inteligência artificial (IA) assume papel central na visita do presidente Donald Trump aos Emirados Árabes Unidos, em 15 de maio de 2025. Especialistas apontam que os acordos de IA firmados podem redefinir o equilíbrio de poder no Golfo, projetando os Emirados como um polo tecnológico global e ampliando a influência dos Estados Unidos na região.

Contexto da Visita

A turnê de Trump pelos países do Golfo começou no Catar, onde anunciou, em 13 de maio, a compra de US$ 42 bilhões em sistemas de defesa pelo governo de Doha — um movimento estratégico que analisamos em nosso artigo anterior. Dois dias depois, em Abu Dhabi, a cerimônia de boas-vindas no Qasr Al Watan incluiu recebimento pelo presidente Sheikh Mohamed bin Zayed Al Nahyan, baterias de tambores e homenagem infantil — um símbolo de hospitalidade e cooperação institucional. turnê de Trump pelos países do Golfo começou no Catar, onde anunciou, em 13 de maio, a compra de US$ 42 bilhões em sistemas de defesa pelo governo de Doha. Dois dias depois, em Abu Dhabi, a cerimônia de boas-vindas no Qasr Al Watan incluiu recebimento pelo presidente Sheikh Mohamed bin Zayed Al Nahyan, baterias de tambores e homenagem infantil — um símbolo de hospitalidade e cooperação institucional.

Parcerias em Inteligência Artificial

O principal destaque da agenda foi a assinatura, em 15 de maio, do Acordo-Quadro de Cooperação Tecnológica, que prevê:

  • Importação anual de 500 000 chips avançados da Nvidia a partir de 2025;
  • Criação de centros de dados de alta capacidade, para treinar e hospedar modelos de IA de ponta;
  • Compromissos mútuos de segurança, incluindo revisão conjunta de usos sensíveis e mecanismos de compliance para evitar redirecionamento militar.

Em entrevista à imprensa, o conselheiro de tecnologia dos EAU destacou que o país planeja desenvolver, nos próximos cinco anos, modelos de IA voltados para saúde pública, logística e cidades inteligentes.

Implicações Geopolíticas e Econômicas

A aliança tecnológica reforça a visão de um triângulo de poder em IA: Estados Unidos, China e agora Golfo. Segundo Paul Scharre, vice-presidente do Center for a New American Security (CNAS), “a exportação de chips avançados para países estratégicos como os EAU exige um equilíbrio cuidadoso entre cooperação tecnológica e contenção de riscos militares”.

Além disso, conforme relatado pela agência Bloomberg em maio de 2025, os Emirados Árabes planejam adaptar modelos como o GPT-4 e o Gemini para aplicações em árabe e contextos regionais, com apoio direto de engenheiros da Nvidia e da Cohere AI. O objetivo é tornar o país líder em soluções de IA para cidades inteligentes, gerenciamento hídrico e diagnóstico médico em tempo real.

Analistas do RAND Corporation alertam para riscos de proliferação dual-use — uso civil e militar — dos chips, o que torna crucial a coordenação de segurança via CFIUS e entidades locais. Econômicas A aliança tecnológica reforça a visão de um triângulo de poder em IA: Estados Unidos, China e agora Golfo. Analistas do RAND Corporation alertam para riscos de proliferação dual-use — uso civil e militar — dos chips, o que torna crucial a coordenação de segurança via CFIUS e entidades locais.

Desafios

  • Revisão regulatória: o Comitê de Investimento Estrangeiro nos EUA (CFIUS) avalia cláusulas de segurança;
  • Proteção de propriedade intelectual: necessidade de salvaguardar patentes e segredos industriais;
  • Capacitação local: treino de profissionais e atração de talentos internacionais.

Oportunidades

  • Hub regional de inovação: Abu Dhabi e Dubai devem atrair investimentos bilionários em data centers;
  • Geração de empregos qualificados: projeção de 20 000 novas vagas na área de tecnologia até 2028;
  • Cooperação multilateral: potencial uso de IA em resposta a crises humanitárias e gestão de recursos hídricos no Oriente Médio.

Próximos Passos e Cenários Futuros

Com o Acordo-Quadro assinado, as equipes técnicas devem finalizar, até o fim de junho de 2025, detalhes sobre licenciamento de hardware, treinamento de pessoal e testes de segurança. Além disso, a Arábia Saudita e o Catar observam o modelo como referência, o que pode desencadear uma corrida tecnológica no Golfo.

Conclusão

A visita de Trump aos Emirados Árabes Unidos deixa claro que a inteligência artificial é mais que um tema de diplomacia: é um vetor de poder econômico e estratégico. Ao consolidar a cooperação em IA, EUA e EAU pavimentam o caminho para um novo eixo de influência, capaz de moldar o futuro da região e do competido tabuleiro global de tecnologia.

Especialistas do Brookings Institution apontam que essa aproximação pode não apenas acelerar a transformação digital no Oriente Médio, mas também criar novos dilemas para a governança da IA, especialmente em contextos de autoritarismo digital e controle de dados. Ao mesmo tempo, analistas da RAND ressaltam que uma expansão mal gerida pode ampliar o risco de militarização da IA no Golfo.

Com Arábia Saudita e Catar acompanhando de perto os desdobramentos, é provável que novas alianças e projetos regionais surjam nos próximos meses. A disputa pela liderança tecnológica entre países do Golfo pode, portanto, redefinir o equilíbrio econômico da região, ampliando tanto oportunidades de inovação quanto a complexidade geopolítica do cenário. A visita de Trump aos Emirados Árabes Unidos deixa claro que a inteligência artificial é mais que um tema de diplomacia: é um vetor de poder econômico e estratégico. Ao consolidar a cooperação em IA, EUA e EAU pavimentam o caminho para um novo eixo de influência, capaz de moldar o futuro da região e do competido tabuleiro global de tecnologia.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*