
Nesta terça-feira consecutiva de confrontos aéreos entre Israel e Irã, o presidente dos EUA, Donald Trump, reafirmou sua intenção de alcançar um “fim real” para a disputa nuclear iraniana, sinalizando a possibilidade de enviar altos diplomatas ao país persa. Paralelamente, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, comparou o destino do líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, ao de Saddam Hussein. Enquanto isso, evacuados fogem de Teerã, o mercado de petróleo se mantém em alerta e potências globais pedem desescalada imediata.
Declarações de Washington: diplomacia ou prolongamento do conflito?
Após deixar o encontro do G7 no Canadá, Trump disse não estar envolvido em propostas de cessar‑fogo, mas reafirmou que busca um “fim real” ao programa nuclear do Irã. Questionado sobre enviar o enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, ou o vice‑presidente JD Vance para negociações com Teerã, respondeu:
“Eu posso.”
Washington mantém, portanto, a ambiguidade entre apoiar Israel militarmente e simultaneamente pressionar Teerã a aceitar “restrições estritas” ao seu programa nuclear.
O alerta de Israel a Khamenei: retórica de intimidação
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, proferiu a ameaça mais contundente até agora contra o aiatolá Khamenei:
“Advirto o ditador iraniano contra continuar a cometer crimes de guerra e disparar mísseis contra cidadãos israelenses. Seu destino pode ser o mesmo de Saddam Hussein.”
A comparação com o ex‑ditador iraquiano, derrubado em 2003 e executado em 2006, busca minar a moral do regime iraniano, mas corre o risco de endurecer ainda mais a determinação de Teerã.
Impactos humanitários e civis
- Teerã e províncias centrais: milhares de moradores deixam a capital após aviso de novos ataques, gerando engarrafamentos e escassez de abrigos.
- Quds Square (norte de Teerã): um ataque israelense na madrugada feriu 59 civis e matou 12, incluindo uma gestante, além de romper um duto de água.
- Mortes contabilizadas: Irã reporta 224 vítimas (civis e militares); Israel confirma 24 civis mortos e quase 3.000 evacuados de regiões de fronteira. Hospitais de ambos os países reforçaram plantões, com retorno de médicos de licença e ativação de defesas antiaéreas no sul do Irã e em Natanz.
Destruição dos F‑14 Tomcats iranianos e impacto na moral do regime
Durante as operações aéreas intensificadas, Israel confirmou a destruição de dois dos últimos caças F‑14 Tomcat operacionais do Irã, um golpe simbólico e prático ao poderio aéreo de Teerã. Esses caças foram adquiridos pelo Irã ainda durante o regime do xá Mohammad Reza Pahlavi, nos anos 1970, como parte de um acordo militar com os EUA, sendo os únicos F‑14 operacionais fora da Força Aérea americana. Eles representavam não apenas uma plataforma avançada de interceptação, mas também um símbolo do passado estratégico do país antes da Revolução Islâmica de 1979.
Detalhes do ataque
- Data do strike: 16 de junho de 2025.
- Alvos: dois F‑14 Tomcats estacionados em bases próximas a Teerã.
- Origem: vídeos divulgados pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) mostram mísseis de cruzeiro abrindo caminho pelos sistemas de defesa antes de atingir as aeronaves.
Consequências estratégicas e psicológicas
- Redução da capacidade de interceptação: sem os F‑14, o Irã perde parte significativa de sua capacidade de contestar o espaço aéreo, favorecendo futuras operações israelenses.
- Desmoralização interna: a destruição de equipamentos raros e simbólicos como o Tomcat abala a confiança dos oficiais e pilotos iranianos, muitos dos quais viam nesses caças um elemento-chave de dissuasão. Relatos internos apontam queda de moral e aumento de ceticismo sobre a eficácia das defesas antiaéreas locais.
- Propaganda de guerra: Israel intensificou a divulgação do sucesso para minar o apoio popular ao governo iraniano, reforçando narrativas de vulnerabilidade e falha de planejamento militar.
Reação global e mercado de energia
- Mercados de petróleo: apesar de rota pelo Estreito de Ormuz ainda aberta, o prêmio de risco elevou o barril acima de US$ 72, com investidores cautelosos diante de possíveis interrupções na exportação.
- G7 e potências regionais: lideranças pedem “desescalada imediata”, reconhecendo o direito de Israel à defesa, mas condenando a ameaça nuclear iraniana. Omã, Catar e Arábia Saudita atuam como intermediários para pressões mútuas.
- IAEA: confirmou que o ataque israelense danificou severamente o piloto de enriquecimento de urânio em Natanz, destruindo milhares de centrífugas avançadas.
Cenários futuros e análise geopolítica
- Negociações reforçadas: envio de diplomatas americanos e pressão europeia podem viabilizar trégua temporária, retomando o acordo nuclear de 2015 com emendas.
- Prolongamento do conflito: sem avanço diplomático, operações militares seguirão, elevando o risco de envolvimento de atores como Hezbollah e novos fronts em Gaza e Líbano.
- Mudanças políticas internas: a pressão por resultados no Irã e em Israel pode influir nas eleições e na estabilidade dos regimes, redefinindo alianças regionais.
Especialistas ressaltam que, mesmo com flexibilizações técnicas, a desconfiança mútua exige supervisão estrita da AIEA e garantias multilaterais, combinando sanções econômicas e incentivos diplomáticos, para evitar um conflito de proporções ainda maiores.
Conclusão
O enfrentamento direto entre Israel e Irã atinge um ponto crítico, com retórica beligerante e manobras diplomáticas simultâneas. A ameaça de executar Khamenei e o apelo de Trump por um “fim real” ao programa nuclear destacam como a geopolítica e a força militar ainda se sobrepõem à via diplomática. Resta saber se as intervenções de potências externas e organizações internacionais serão suficientes para conter a escalada e evitar um conflito regional de consequências imprevisíveis.
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