Feudo Público entre Donald Trump e Elon Musk: Análise de um Conflito que Ameaça o “One Big Beautiful Bill”

Presidente Donald Trump e Elon Musk durante coletiva na Sala Oval da Casa Branca, Washington, maio de 2025.
Donald Trump e Elon Musk em coletiva na Sala Oval da Casa Branca, 30 de maio de 2025./ Reuters

Na última quinta-feira, 5 de junho de 2025, o presidente Donald Trump voltou a atacar o bilionário Elon Musk após críticas públicas ao ambicioso projeto de lei de cortes de impostos e aumento de despesas conhecido como “One Big Beautiful Bill Act” (OBBB). O embate, travado na Casa Branca e nas redes sociais – em especial no X (antigo Twitter), plataforma de Musk – deixa claro não apenas um choque de vaidades entre duas das figuras mais influentes dos Estados Unidos, como também expõe fissuras profundas dentro do Partido Republicano e riscos concretos para a aprovação de uma proposta que somaria cerca de US$ 3,8 trilhões ao déficit federal nos próximos dez anos, segundo estimativa do Congressional Budget Office (CBO). Este artigo revisado busca oferecer uma visão analítica e jornalística do conflito, atualizando dados e incluindo informações confiáveis recém-disponibilizadas.

Breve Histórico da Relação Trump–Musk e o Papel de Musk na Administração

Até meados de 2025, a relação entre Donald Trump e Elon Musk era descrita como pragmática e vantajosa para ambos. Musk, à frente de empresas como Tesla, SpaceX e Starlink, ingressou informalmente na administração Trump no início de 2025 para chefiar o recém-criado Department of Government Efficiency (DOGE), inspiração no meme “Doge” associado ao Dogecoin, criptomoeda da qual Musk é entusiasta. A ideia era repensar a estrutura de gastos federais, eliminando ineficiências e reduzindo desperdícios. Em fevereiro de 2025, esse departamento foi oficialmente estabelecido por meio da Executive Order 14158. Embora Musk tenha anunciado publicamente que se manteria em caráter “sênior advisor” e que não tomaria decisões sem o aval do presidente, ele esteve fortemente associado a cortes em contratos de agências e redução de quadro de funcionários, o que gerou, ao longo de poucos meses, ações judiciais de servidores públicos e questionamentos sobre a amplitude dos cortes.

O Desempenho e a Saída de Musk do DOGE

Entre janeiro e maio de 2025, o DOGE reivindicou economias de aproximadamente US$ 180 bilhões, mas análises independentes estimam que essas “reduções” poderiam gerar custos indiretos de até US$ 135 bilhões em demissões e descontinuação de contratos. As pressões internas e externas se intensificaram, e Musk, que passou a atuar de modo cada vez mais remoto, anunciou em maio de 2025 seu desejo de “retomar o foco nos negócios” e reduzir seu envolvimento político. No dia 30 de maio de 2025, formalizou sua saída do DOGE, e Amy Gleason foi nomeada administradora interina.

Apoio Financeiro e Influência Política

Durante a campanha de 2024, Musk aplicou cerca de US$ 300 milhões em doações e gastos independentes, majoritariamente em apoio a Donald Trump e a candidatos republicanos. Essa injeção de capital ajudou a cimentar uma aliança de conveniência, na qual Trump elogiava Musk como “um dos maiores empresários do mundo” e Musk, por sua vez, promovia abertamente a agenda de Trump entre investidores de tecnologia. Em janeiro de 2025, quando o DOGE foi oficializado, a confiança mútua parecia saltar para outro patamar: o presidente repetia elogios públicos ao “gênio da tecnologia” que “ajudava a consertar Washington”.

O “One Big Beautiful Bill”: Conteúdo, Procedimentos e Projeções

O “One Big Beautiful Bill Act” (H. Con. Res. 14) passou pela Câmara dos Deputados em 22 de maio de 2025 por uma margem apertada de 215 votos a favor, 214 contra e 1 abstenção. O texto reuniu, em um único pacote, amplos cortes de impostos, ajustes em benefícios sociais e aumentos de gastos em infraestrutura, defesa e políticas de segurança de fronteiras. Na prática, migrou propostas que antes estariam fragmentadas em diversos projetos de lei para agilizar sua tramitação por meio de um único processo de reconciliação orçamentária, método que impede o uso de filibuster no Senado.

Projeções de Déficit e Principais Pontos

Segundo o CBO, a lei – caso aprovada sem vetos ou grandes emendas no Senado – adicionaria cerca de US$ 3,8 trilhões à dívida federal ao longo de 10 anos, partindo de um endividamento que já alcançava US$ 36,2 trilhões em meados de 2025. Entre os principais dispositivos:

  1. Cortes de Impostos
    • Redução permanente da alíquota máxima do imposto de renda de 35% para 28%.
    • Expansão temporária (até 2028) do crédito tributário infantil para US$ 2.500 por criança (reduzido para US$ 2.000 a partir de 2029).
    • Criação de contas “MAGA” (Money Accounts for Growth and Investment), nas quais pais receberiam US$ 1.000 anuais por filho para investir em educação e pequenas empresas.
    • Suspensão de vários incentivos fiscais a universidades privadas, permitindo ao Tesouro revogar o status de isenção de doações a entidades acusadas de financiar terrorismo.
  2. Ajustes em Programas Sociais e Saúde
    • Imposição de requisitos de trabalho para beneficiários do Medicaid (detalhado como “Crenshaw Amendment”), que limita acesso a cuidados de saúde a grupos vulneráveis e impele estados a verificar elegibilidade com maior frequência.
    • Proibição de uso de fundos do Medicaid para atendimento de pessoas transgênero (crítico para diversas organizações de direitos civis).
    • Elevação do teto de dedução de impostos estaduais e locais (SALT) de US$ 10.000 para US$ 40.000 para declarantes com renda abaixo de US$ 500.000 anuais, iniciativa de última hora para conquistar votos de parlamentares de estados de alta tributação, como Nova York e Califórnia.
  3. Aumento de Gastos em Defesa, Fronteiras e Infraestrutura
    • Acréscimo de US$ 150 bilhões no orçamento de Defesa.
    • Alocação de US$ 175 bilhões para reforço de imigração e segurança de fronteiras.
    • Aportes vultosos a emendas parlamentares (“pork barrel”) para projetos em distritos específicos, incluindo verbas para estradas rurais, subsídios agrícolas regionais e obras de infraestrutura em estados-chave para o Partido Republicano.
  4. Revisão de Incentivos a Energias Limpas e Veículos Elétricos
    • Eliminação gradual de créditos fiscais para compra de veículos elétricos – política que favorecia diretamente a Tesla.
    • Manutenção de limitações a subsídios para energias renováveis aprovados na gestão anterior, em linha com a retórica de redução de “subsídios desnecessários” a setores verdes.

O amplo escopo do texto gerou resistência de variadas correntes republicanas: conservadores fiscais criticaram os aumentos de gastos e alcunha de “projeto grande demais”, enquanto moderados de estados com alta carga tributária pressionaram por elevação do SALT. A combinação de cortes, aumentos e mudanças em programas sociais fez com que a aprovação na Câmara dependesse de quebras de bancada quase até o limite – exemplo difícil de replicar no Senado –, onde a margem conservadora é menor.

A Discordância Pública de Elon Musk e as Repercussões Imediatas

Críticas de Musk ao Texto

Na terça-feira, 3 de junho de 2025, Elon Musk publicou uma sequência de mensagens no X classificando o OBBB como “uma abominação repugnante” que “ampliaria em trilhões o déficit federal” e instou republicanos a “matá-lo” se não cortassem a “montanha de ‘pork’ nojento” presente no texto. Embora Musk tenha declarado estar de acordo com a retirada dos créditos para veículos elétricos – alegando que a tecnologia já está madura –, seus principais pontos de discordância foram:

  • Montante de Gastos “Desnecessários”: Musk defendeu que a maior parte do orçamento atribuído a emendas locais carecia de justificativa nacional e citou exemplos de projetos estaduais que, na visão dele, não contribuíam para o crescimento econômico.
  • Déficit e Endividamento: Ao apontar projeções de déficit que superam US$ 3 trilhões, questionou a sustentabilidade fiscal de um governo já atolado em dívidas, alertando para o risco de “juros mais altos e menor confiança dos mercados”.
  • Supressão de Incentivos Verdes: Embora tenha aceito perder benefícios para a Tesla, Musk ressaltou que essa decisão só seria razoável caso houvesse “redirecionamento inteligente para pesquisa em baterias e infraestrutura de recarga”, algo que o texto não contemplava.
  • Possível Nova Filiação Política: Em outro tweet, Musk até insinuou a intenção de criar um novo partido político, acusando Trump & Cia. de estarem presos a “velhas fórmulas que não funcionam mais”.

Resposta Pública de Trump

Na quinta-feira, 5 de junho, Trump recebeu repórteres na Sala Oval e, visivelmente incomodado, afirmou estar “muito desapontado” com Musk – a quem chamou de “ingrato” e lembrou que, sem o suporte financeiro de Musk em 2024, “talvez não tivesse vencido a eleição”. Em seguida, acusou Musk de criticar o OBBB apenas porque o projeto acabaria com os créditos para veículos elétricos e insinuou que, após deixar o DOGE, Musk “sentiu saudade” do poder e tornou-se hostil. Na mesma fala, Trump afirmou que não guardava rancor pessoal, mas alertou que, a partir daquele momento, “este governo não está mais na mesma sintonia com Elon Musk em termos de políticas”.

A repercussão foi imediata no mercado: as ações da Tesla (TSLA.O) caíram 9% ao longo do dia, atingindo o menor patamar desde fevereiro de 2025. Analistas atribuíram a queda tanto ao risco de restrições mais duras a incentivos de veículos elétricos quanto à percepção de que Musk estaria tirando o foco de seus negócios principais para se envolver em disputas políticas internas.

Repercussões Políticas e o Futuro da Proposta no Senado

Estado da Tramitação no Senado

Após a aprovação por 215–214–1 na Câmara, a proposta seguiu para o Senado, onde enfrenta resistência moderada de senadores republicanos preocupados com o impacto do Ato nos cofres estaduais e na opinião pública. Alguns parlamentares, especialmente do Nordeste e da Costa Oeste, aguardam relatoria detalhada para avaliar se mantêm a elevação do teto do SALT em US$ 40.000 ou pressionam por reduzi-lo a US$ 30.000 novamente. Apesar de a liderança republicana no Senado (com maioria mínima) garantir que o processo de reconciliação deve driblar o filibuster, a coesão interna ainda não está plenamente consolidada.

Atenção ao SALT: O ajuste no teto de dedução de impostos estaduais (SALT) foi negociado às pressas para angariar votos de deputados de Nova York, Nova Jersey e Califórnia. No Senado, há receio de que a manutenção desse valor beneficie predominantemente contribuintes mais ricos, o que pode desagradar a base moderada que reivindica maior equidade distributiva.
Pressão de Musk sobre Senadores: Embora boa parte do partido questione se um bilionário do Vale do Silício deve mandar nos rumos de uma lei orçamentária, alguns senadores admitiram nos bastidores que o poder de influência de Musk—reforçado pelos “fios curtos” de Trump—é relevante para atrair doadores bilionários em eleições legislativas. A incerteza está em medir se isso pesa mais que a popularidade do discurso populista de Trump.

Rachas Internos no Partido Republicano

O embate entre Trump e Musk cristalizou um conflito interno:

  1. Linhagem Pró-Mercado x Linha Dura Trumpista
    • Sectores pró-negócios (como senadores de estados industriais) enxergam Musk como “voz do Vale do Silício” a favor de disciplina fiscal, reconhecendo que déficits astronômicos podem atrapalhar o comércio global e elevar juros.
    • A ala trumpista mais ortodoxa defende o pacote de gastos como “investimento em defesa americana” e “proteção das fronteiras”, enxergando a crítica de Musk como autointeresse empresarial.
  2. Moderados de Estados de Alta Tributação x Populistas
    • Parlamentares de estados onde a carga tributária é maior (ex.: Nova York, California, New Jersey) insistem no SALT elevado e em emendas que beneficiam economias locais – posição que entra em choque tanto com Musk (que vê “pork” político como desperdício) quanto com Trump (que precisa desses votos para aprovar a lei).

Consequências Econômicas e Sociais do Projeto de Lei

Impacto sobre a Dívida Pública e Mercados

O aumento projetado de US$ 3,8 trilhões ao longo de dez anos, somado aos US$ 36,2 trilhões já atingidos, coloca pressões sobre agências de rating e investidores internacionais. Caso a lei seja sancionada sem cortes significativos, analistas projetam que os rendimentos dos títulos do Tesouro de longo prazo podem subir entre 0,25 e 0,5 ponto percentual até 2026, refletindo menor apetite por dívida americana.

Além disso, a retirada de subsídios para veículos elétricos, embora defendida por Trump como “fim de favorecimento injusto”, pode atrasar a adoção de tecnologias limpas nos EUA, especialmente quando concorrentes na Europa e Ásia oferecem incentivos robustos a fabricantes e consumidores.

Repercussões para Setores Estratégicos

  • Indústria Automotiva e Tecnologia Verde
    Com a retirada gradual de créditos para carros elétricos, a Tesla perde um diferencial competitivo no mercado interno – cenário que pode abrir espaço para montadoras chinesas e europeias que continuam recebendo subsídios equivalentes.
  • Setor de Saúde
    Mudanças no Medicaid, combinadas com cortes em programas sociais, deverão reduzir a cobertura de milhões de americanos de baixa renda, gerando protestos regionais e potencialmente sobrecarregando hospitais públicos, especialmente em estados com grandes populações rurais.
  • Infraestrutura e Defesa
    Embora o gasto em defesa aumente US$ 150 bilhões, há críticas de que boa parte desses recursos permanecerá vinculada a contratos com grandes fornecedores (ex.: Lockheed Martin, Raytheon), reforçando o chamado “complexo industrial-militar”. Em infraestrutura, as emendas locais beneficiam principalmente estados-chave para Trump, mas levantam questionamentos sobre equidade de investimentos em regiões menos políticas e mais carentes.

Novas Declarações e Desdobramentos

Nos últimos dois dias, surgiram informações complementares e novas declarações que reforçam a análise:

  1. Declaração de Mike Johnson
    O presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, defendeu o texto como “medida essencial para manter o crescimento econômico e fortalecer nossa defesa”, mas admitiu publicamente que “há espaço para ajustes no Senado, especificamente em relação às emendas que não guardam relação com a agenda nacional”. Johnson afirmou estar em contato direto com Musk para “entender suas objeções” e possivelmente reverter pontos considerados “excessivos”.
  2. Senadores Republicanos Modificados por Musk
    Segundo fontes do Wall Street Journal, pelo menos três senadores republicanos admitiram em off-the-record que a opinião de Musk “é relevante para doadores do Vale do Silício e fundos de pensão estatais que investem em tecnologia”, gerando pressão adicional para atenuar grandes cortes sociais e ampliar gastos com pesquisa em energia limpa.
  3. Nova Sugestão de Partido Político por Musk
    Em meio ao embate, Musk chegou a sugerir no X que poderia fundar um novo movimento político, acusando Trump e setores do Congresso de “não compreenderem a urgência de uma agenda tecnológica e fiscal racional”. Embora não apresente detalhes formais, a ideia ganhou repercussão em fóruns políticos e canais especializados, levantando hipóteses sobre uma terceira via para 2028.

Avaliação Final: Riscos e Cenários Possíveis

Aprovação sem Alterações Significativas

  • Déficit Mais Elevado: Caso o Senado mantenha o texto majoritariamente intacto, o déficit crescerá para quase US$ 40 trilhões em 2035, elevando custos de financiamento.
  • Política de Ciência e Tecnologia: Sem reforço em pesquisa de baterias e infraestrutura de recarga, os EUA podem perder liderança na transição energética, beneficiando concorrentes europeus e chineses.

Emendas de Mitigação no Senado

  • Redução do “Pork Barrel”: Se o Senado aprovar cortes nas emendas locais de menor relevância nacional, poderá aliviar críticas fiscais e convencer moderados de que o texto é mais enxuto.
  • Novos Créditos para Pesquisa Verde: A inclusão de verbas específicas para pesquisa de baterias avançadas e tecnologia de energia limpa poderia amenizar a insatisfação de investidores tech e do próprio Musk, embora esteja distante das prioridades declaradas de Trump.

Repercussões Político-Eleitorais em 2026

  • Congresso Fragmentado: Caso o texto seja aprovado sem grandes concessões, é provável que candidatos democratas e republicanos moderados usem o argumento do aumento de dívida para atrair votos no meio-termo, colocando em risco a maioria republicana no Senado e na Câmara.
  • Imagem de Trump: Para a base mais radical, Trump sairá fortalecido ao aprovar um pacote robusto de corte de impostos e gastos em defesa. Para eleitores independentes, porém, a percepção de irresponsabilidade fiscal pode representar desgaste.

Conclusão

O feudo público entre Donald Trump e Elon Musk, que explodiu na primeira semana de junho de 2025, expõe de forma cristalina as tensões que atravessam o Partido Republicano na era pós-2024. O OBBB, concebido como uma consolidação de reformas fiscais e orçamentárias, tornou-se o catalisador de disputas de interesse entre diferentes alas do partido: a facção pró-mercado, representada em parte por Musk, que vê déficits massivos como ameaça ao crescimento sustentável; e o grupo trumpista tradicional, que abraça amplos aumentos de gastos em defesa e cortes fiscais, mesmo que isso implique em endividamento elevado.

A crise reflete ainda que alianças pragmáticas, muitas vezes orquestradas por interesses pontuais (como a manutenção de subsídios a veículos elétricos ou privilégios regionais), podem ruir tão rapidamente quanto foram formadas. À medida que o texto segue para o Senado, a situação permanece fluida: senadores terão de calibrar entre manter a coesão partidária e responder a vozes influentes – como a de Musk –, sob o risco de inviabilizar o projeto ou, caso aprovem o OBBB sem mudanças, enfrentar retaliações eleitorais nos próximos ciclos.

Independentemente do desfecho imediato, este confronto simboliza um ponto de inflexão na política americana: mostra como empresários de tecnologia podem ganhar relevância decisiva em pautas orçamentárias nacionais, ao mesmo tempo em que políticos populistas utilizam esses embates para reforçar narrativas de “inimigos da classe média”. O resultado final influenciará não apenas o rumo fiscal dos Estados Unidos, mas também a forma como o poder dentro do Partido Republicano será disputado nos próximos anos – com ecos que devem repercutir nas eleições de meio de mandato de 2026 e além.

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