Trump e Netanyahu em Diálogo Crítico Sobre Ajuda Humanitária em Gaza e Negociações Nucleares com o Irã

Donald Trump recebe Benjamin Netanyahu na entrada da Casa Branca, Washington, em 7 de abril de 2025.
O presidente dos EUA, Donald Trump, dá boas-vindas ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na entrada da Casa Branca em Washington, em 7 de abril de 2025. Foto: Leah Millis/Reuters

Na segunda-feira, 9 de junho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manteve uma conversa telefônica com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em um momento de alta tensão no Oriente Médio. Enquanto Washington busca acelerar a entrada de ajuda humanitária em Gaza e firmar um acordo que contenha o programa nuclear iraniano, as divergências táticas entre EUA e Israel e a resposta iminente de Teerã adicionam complexidade ao cenário diplomático regional.

A Ligação Presidencial: Data e Objetivos

Na manhã de 9 de junho, Trump e Netanyahu falaram por telefone, confirmaram dois altos funcionários da Casa Branca. A ligação tinha como pauta principal:

  • Desbloqueio de ajuda humanitária para Gaza, visando criar corredores seguros para abastecimento médico e alimentar.
  • Alinhamento político e estratégico diante das negociações nucleares com o Irã, cujo sucesso depende da coesão entre Washington e Tel Aviv.

Pressão Humanitária e Reputacional em Gaza

Na mesma data, uma embarcação de ajuda simbolicamente carregada de suprimentos — a “Madleen” — foi interceptada pelas Forças de Defesa de Israel, com ativistas como Greta Thunberg a bordo. O episódio potencializou críticas internacionais sobre o bloqueio israelense e reforçou o senso de urgência para abrir corredores humanitários reais em Gaza.

Tensões e Advertências entre Aliados

Embora tradicionalmente aliados, Trump já havia demonstrado frustração com as ações de Netanyahu:

  • Advertência direta contra operações militares que pudessem “atrapalhar” as negociações nucleares com o Irã, pois estariam “muito perto de uma solução”.
  • Pedido interno para encerrar rapidamente o conflito em Gaza, a fim de atenuar o impacto negativo das imagens de sofrimento de civis palestinos na opinião pública global e americana.

A Contraproposta Iraniana via Omã

Também em 9 de junho, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmaeil Baghaei, declarou que Teerã enviará em breve uma contraproposta “razoável, lógica e equilibrada” através de Omã, rejeitando a oferta norte-americana como “inaceitável”. Entre os pontos centrais da demanda iraniana estão:

  • Garantias de benefícios econômicos e restabelecimento pleno das relações bancárias antes do levantamento de sanções.
  • Manutenção do direito ao enriquecimento de urânio para fins pacíficos, com inspeções que assegurem transparência sem comprometer a soberania tecnológica.
  • Pressão sobre a comunidade internacional para que não negligencie o potencial arsenal nuclear de Israel, tema que tem sido levantado por lideranças em Teerã.

Implicações Geopolíticas

  • Estabilidade Regional: Qualquer escalada em Gaza pode transbordar para países vizinhos, como Jordânia e Egito, já sobrecarregados com fluxo de refugiados.
  • Influência Iraniana: Um impasse nuclear fortalece facções pró-Teerã em Síria, Iraque e Iêmen, minando a influência ocidental na região.
  • Imagem Internacional: A forma como EUA e Israel lidam com o sofrimento civil em Gaza influencia protestos e políticas em capitais europeias e latino-americanas, podendo afetar apoio interno à Casa Branca.

Cenários Futuros

  1. Avanço Coordenado: Se Tel Aviv moderar ações militares em Gaza e Teerã apresentar uma contraproposta construtiva, abre-se caminho para um acordo nuclear e aumento imediato de ajuda humanitária.
  2. Estagnação Diplomática: Retomada de ataques israelenses ou exigências iranianas inflexíveis podem levar a sanções adicionais, isolamento de Teerã e maior instabilidade em Gaza.
  3. Pressão Multilateral: A mediação de Omã e o papel de potências europeias podem equilibrar a influência dos EUA, exigindo concessões de ambos os lados.

Conclusão

O diálogo entre Trump e Netanyahu em 9 de junho foi mais que um protocolo: refletiu a tentativa dos EUA de conciliar dois desafios críticos simultâneos — aliviar a crise humanitária em Gaza e impedir uma corrida nuclear iraniana. O desfecho dependerá da convergência de interesses estratégicos entre Washington, Tel Aviv e Teerã, bem como da capacidade de atores regionais e internacionais de manter a crise sob controle.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*