
Na segunda-feira, 9 de junho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manteve uma conversa telefônica com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em um momento de alta tensão no Oriente Médio. Enquanto Washington busca acelerar a entrada de ajuda humanitária em Gaza e firmar um acordo que contenha o programa nuclear iraniano, as divergências táticas entre EUA e Israel e a resposta iminente de Teerã adicionam complexidade ao cenário diplomático regional.
A Ligação Presidencial: Data e Objetivos
Na manhã de 9 de junho, Trump e Netanyahu falaram por telefone, confirmaram dois altos funcionários da Casa Branca. A ligação tinha como pauta principal:
- Desbloqueio de ajuda humanitária para Gaza, visando criar corredores seguros para abastecimento médico e alimentar.
- Alinhamento político e estratégico diante das negociações nucleares com o Irã, cujo sucesso depende da coesão entre Washington e Tel Aviv.
Pressão Humanitária e Reputacional em Gaza
Na mesma data, uma embarcação de ajuda simbolicamente carregada de suprimentos — a “Madleen” — foi interceptada pelas Forças de Defesa de Israel, com ativistas como Greta Thunberg a bordo. O episódio potencializou críticas internacionais sobre o bloqueio israelense e reforçou o senso de urgência para abrir corredores humanitários reais em Gaza.
Tensões e Advertências entre Aliados
Embora tradicionalmente aliados, Trump já havia demonstrado frustração com as ações de Netanyahu:
- Advertência direta contra operações militares que pudessem “atrapalhar” as negociações nucleares com o Irã, pois estariam “muito perto de uma solução”.
- Pedido interno para encerrar rapidamente o conflito em Gaza, a fim de atenuar o impacto negativo das imagens de sofrimento de civis palestinos na opinião pública global e americana.
A Contraproposta Iraniana via Omã
Também em 9 de junho, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmaeil Baghaei, declarou que Teerã enviará em breve uma contraproposta “razoável, lógica e equilibrada” através de Omã, rejeitando a oferta norte-americana como “inaceitável”. Entre os pontos centrais da demanda iraniana estão:
- Garantias de benefícios econômicos e restabelecimento pleno das relações bancárias antes do levantamento de sanções.
- Manutenção do direito ao enriquecimento de urânio para fins pacíficos, com inspeções que assegurem transparência sem comprometer a soberania tecnológica.
- Pressão sobre a comunidade internacional para que não negligencie o potencial arsenal nuclear de Israel, tema que tem sido levantado por lideranças em Teerã.
Implicações Geopolíticas
- Estabilidade Regional: Qualquer escalada em Gaza pode transbordar para países vizinhos, como Jordânia e Egito, já sobrecarregados com fluxo de refugiados.
- Influência Iraniana: Um impasse nuclear fortalece facções pró-Teerã em Síria, Iraque e Iêmen, minando a influência ocidental na região.
- Imagem Internacional: A forma como EUA e Israel lidam com o sofrimento civil em Gaza influencia protestos e políticas em capitais europeias e latino-americanas, podendo afetar apoio interno à Casa Branca.
Cenários Futuros
- Avanço Coordenado: Se Tel Aviv moderar ações militares em Gaza e Teerã apresentar uma contraproposta construtiva, abre-se caminho para um acordo nuclear e aumento imediato de ajuda humanitária.
- Estagnação Diplomática: Retomada de ataques israelenses ou exigências iranianas inflexíveis podem levar a sanções adicionais, isolamento de Teerã e maior instabilidade em Gaza.
- Pressão Multilateral: A mediação de Omã e o papel de potências europeias podem equilibrar a influência dos EUA, exigindo concessões de ambos os lados.
Conclusão
O diálogo entre Trump e Netanyahu em 9 de junho foi mais que um protocolo: refletiu a tentativa dos EUA de conciliar dois desafios críticos simultâneos — aliviar a crise humanitária em Gaza e impedir uma corrida nuclear iraniana. O desfecho dependerá da convergência de interesses estratégicos entre Washington, Tel Aviv e Teerã, bem como da capacidade de atores regionais e internacionais de manter a crise sob controle.
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