Trump abre possibilidade de envio de mais mísseis Patriot à Ucrânia e pressiona Putin a encerrar conflito

Donald Trump e Volodymyr Zelensky em reunião durante cúpula da OTAN em Haia, 25 de junho de 2025
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, participam de uma reunião paralela à cúpula da OTAN, em Haia, Países Baixos, em 25 de junho de 2025. (Foto: Serviço de Imprensa Presidencial Ucraniano/Handout via REUTERS)

Em 25 de junho de 2025, às vésperas da Cúpula da NATO em Haia, o Presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que estudará fornecer mais sistemas de defesa aérea Patriot à Ucrânia, a fim de reforçar a capacidade de interceptação de mísseis balísticos lançados pela Rússia. Em tom enfático, Trump declarou que “Vladimir Putin realmente tem que acabar com essa guerra” após encontro de 50 minutos com o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

Contexto do conflito

Desde a invasão russa de fevereiro de 2022, a Ucrânia tem sido alvo de crescentes ataques aéreos e de mísseis contra cidades como Kiev e Dnipro, resultando em centenas de vítimas e danos maciços à infraestrutura civil. Para conter essa escalada, a Ucrânia depende fortemente do sistema MIM-104 Patriot, considerado o mais eficiente contra ameaças balísticas de médio alcance.

Pauta principal:

  • Exclusões: Zelenskiy participou apenas do jantar pré-summit; a declaração oficial da NATO não mencionou a futura adesão da Ucrânia à aliança — avanço criticamente pleiteado por Kiev.
  • Patriots: Trump ressaltou a dificuldade de aquisição (“muito difícil de obter”), mas garantiu que “veremos se conseguimos disponibilizar alguns” sistemas ou mísseis.
  • Cessar-fogo: Ambos debateram possíveis caminhos para um cessar-fogo e reforço de segurança para civis ucranianos.
  • Coprodução de drones: Zelensky demonstrou interesse em parcerias industriais para produção de drones na própria Ucrânia.

O sistema Patriot em números

  • Composição de uma bateria: lançadores (até 4 mísseis cada), radares AN/MPQ-65, estações de comando e logística.
  • Custo estimado: aproximadamente US$ 1,1 bilhão por bateria e US$ 4 milhões por míssil interceptador.
  • Cobertura atual: Ucrânia opera cerca de 6 baterias (informação confidencial, mas estimada), enquanto estimativa do governo ucraniano indica necessidade de pelo menos 25 sistemas para proteção efetiva.

Reações de aliados e adversários

  • Posicionamento russo: O Kremlin tende a classificar esse novo impulso de apoio como “escalada perigosa”, podendo responder com maior pressão militar e retaliações econômicas em outras regiões, como Oriente Médio e África.

Compromissos da NATO:

  • A aliança aprovou aumento de gastos para 5 % do PIB até 2035, em resposta à proposta de Trump.
  • Países como Reino Unido anunciaram envio de 350 mísseis adicionais (financiados por juros de ativos russos congelados), e a Holanda prometeu drones e sistemas de radar suplementares.

Análises de especialistas:

Kateryna Stepanenko (ISW): “A suspensão ou limitação de mísseis Patriot compromete seriamente a proteção das cidades ucranianas, pois nenhum sistema aliado europeu oferece alcance ou interceptação semelhante”.

Mark Geleotti (CSIS): “Além dos Patriots, a Ucrânia depende de ‘insumos invisíveis’ — munições, peças de reposição e veículos — que, se escassos, podem paralisar operações mesmo sem colapso imediato da linha de frente”.

(Washington Post): destaca que sistemas PAC-2 mais antigos, oferecidos pela Alemanha, são menos eficazes contra mísseis de alta velocidade como o russo Oreshnik e os KN-23 norte-coreanos.

Implicações estratégicas

  1. Equilíbrio tático: Novas baterias Patriot podem reduzir drasticamente o número de ataques bem-sucedidos, protegendo civis e infraestrutura crítica.
  2. Pressão diplomática: Ao condicionar o apoio ao fim do conflito, Trump busca reposicionar-se como mediador, mas sem cronograma claro, o que pode prolongar impasses.
  3. Fortalecimento industrial: A proposta de coprodução de drones sinaliza investimento em autossuficiência ucraniana, diminuindo dependência de suprimentos externos.
  4. Cooperação europeia: A ênfase em “burden-sharing” incentiva os aliados a investirem mais em suas próprias capacidades de defesa, reduzindo a sobrecarga sobre o arsenal norte-americano.

Conclusão

A oferta de Trump de reavaliar o envio de Patriots marca uma guinada estratégica na postura dos EUA em relação à guerra na Ucrânia. Embora o impacto prático dependa de fatores logísticos, treinamento das unidades ucranianas e prioridades de estoques de defesa norte-americanos, a declaração já redesenha o cenário geopolítico: reforça a coesão da NATO em termos de gastos, pressiona Putin num front diplomático e estimula a indústria de defesa da Ucrânia. Resta acompanhar se essa sinalização se converterá em entrega efetiva dos sistemas e se haverá um desfecho político que conduza a um cessar-fogo duradouro.

1 Trackback / Pingback

  1. Ucrânia Detém Avanço Russo Em Sumy, Mas Perde Kostiantynivka

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*