Trump endurece contra o BRICS: tarifa extra de 10% para países que apoiarem o bloco

Donald Trump caminhando em um palco com bandeiras dos Estados Unidos ao fundo.
Foto:WhiteHouse

Em 6 de julho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou em sua rede social Truth Social que qualquer país que se alinhe às políticas do BRICS — o grupo de nações emergentes que inclui Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul e outros — sofrerá uma tarifa adicional de 10% sobre suas exportações para os EUA, sem exceções. A declaração ocorreu durante a cúpula do BRICS no Rio de Janeiro e sinaliza uma escalada nas tensões geopolíticas e comerciais entre Washington e os países do bloco.

Contexto político e econômico

O BRICS tem sido visto por Washington como um desafio à hegemonia econômica e financeira dos EUA, especialmente na defesa do dólar como moeda global dominante. A ampliação do bloco para incluir países como Emirados Árabes, Egito e Irã aumentou sua relevância internacional e seu potencial de impacto econômico.

Trump, que reassumiu a presidência dos EUA em janeiro de 2025, adotou uma postura mais agressiva contra o bloco, acusando-o de promover “políticas antiamericanas” que ameaçam a segurança econômica e estratégica dos EUA. A imposição de uma tarifa adicional visa pressionar países alinhados ao BRICS a reconsiderar seus acordos e alianças comerciais.

A declaração de Trump e seu teor

No post em Truth Social, Trump afirmou:

“Qualquer país que se alinhe às políticas antiamericanas do BRICS será taxado com uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções.”

Essa medida representa uma espécie de sanção comercial unilateral que visa conter o avanço do bloco, tentando isolar economicamente as nações que se posicionem contra os interesses norte-americanos.

Aspectos legais e desafios internacionais

A adoção unilateral de tarifas extras pode entrar em conflito com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), que estabelecem princípios de não discriminação entre países e limites para tarifações.

  • Discriminação: A aplicação da tarifa somente a países alinhados ao BRICS fere o princípio da “Nação Mais Favorecida”, que exige igualdade de tratamento entre parceiros comerciais.
  • Reação internacional: Países afetados podem levar o caso à OMC, buscando reverter a medida ou negociar compensações.

No entanto, considerando o peso econômico e político dos EUA, a imposição de tais tarifas pode causar impactos imediatos, mesmo que haja disputas legais posteriores.

Reações do BRICS e da comunidade internacional

  • BRICS: Em resposta, os líderes do BRICS reforçaram que o bloco não tem caráter antiamericano, mas sim busca uma reforma no sistema financeiro global para maior multipolaridade e justiça. Eles condenaram a ameaça de tarifas como tentativa de coerção.
  • China: O governo chinês classificou as tarifas como um ato de “coerção” e defendeu a cooperação multilateral para evitar a escalada das tensões.
  • Outros países do bloco: África do Sul e Índia enfatizaram a importância do diálogo e da negociação diplomática, criticando medidas unilaterais que possam prejudicar o comércio global.

Impactos econômicos e geopolíticos

  • Mercados emergentes: A ameaça gerou volatilidade nas moedas e bolsas dos países do BRICS, especialmente em países com maior dependência do comércio com os EUA.
  • Multipolaridade financeira: A tensão estimula o avanço de iniciativas do BRICS para reduzir a dependência do dólar, como o uso de moedas locais em trocas comerciais e a criação de alternativas ao sistema SWIFT.
  • Divisão global: A postura dos EUA pode reforçar a polarização entre blocos econômicos, dificultando acordos multilaterais e a cooperação global em temas como mudanças climáticas e segurança.

Desafios e perspectivas futuras

  • Critérios vagos: A definição de quais países estão “alinhados às políticas antiamericanas do BRICS” é ambígua, o que gera incerteza e dificuldades para empresas e governos.
  • Viabilidade prática: A implementação da tarifa dependerá do controle e fiscalização do comércio, o que pode ser complexo diante das cadeias globais e múltiplas rotas comerciais.
  • Possíveis retaliações: O BRICS e aliados podem responder com sanções ou tarifas próprias, escalando o conflito comercial.

Conclusão

A decisão do presidente Donald Trump de impor uma tarifa adicional de 10% a países que apoiem o BRICS marca um momento de intensificação da disputa geopolítica entre os EUA e as potências emergentes. Essa medida reflete a tentativa americana de manter sua influência global diante de um cenário multipolar crescente. Resta acompanhar os desdobramentos comerciais, jurídicos e diplomáticos que certamente impactarão o equilíbrio econômico internacional nos próximos meses.

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