
Em mais um movimento polêmico no cenário do comércio internacional, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta semana a imposição de tarifas de 35% sobre todas as importações provenientes do Canadá. A medida, programada para entrar em vigor no dia 1º de agosto de 2025, marca uma escalada sem precedentes nas relações econômicas entre os dois países vizinhos, historicamente parceiros comerciais sob o acordo USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá).
Motivações alegadas por Trump
Em uma carta enviada ao primeiro-ministro canadense Mark Carney, Trump justificou a medida com base em três argumentos principais: (1) a suposta ineficiência do Canadá no combate ao tráfico de fentanil e outras substâncias opioides sintéticas, (2) um desequilíbrio persistente na balança comercial bilateral, e (3) barreiras tarifárias canadenses a produtos agrícolas e industriais norte-americanos, especialmente no setor de laticínios. “Não podemos mais aceitar uma relação em que os Estados Unidos sejam explorados por um parceiro que se recusa a agir com reciprocidade”, afirmou Trump em pronunciamento na Flórida.
Impactos imediatos e reação canadense
O governo canadense respondeu prontamente, classificando a medida como “injustificável e prejudicial aos interesses comuns da região”. Fontes diplomáticas em Ottawa sinalizaram a intenção de retaliar com tarifas sobre produtos-chave dos EUA, incluindo componentes eletrônicos, bebidas alcoólicas e carne bovina. A Bolsa de Toronto (TSX) recuou 0,6% nas primeiras horas após o anúncio, refletindo a incerteza econômica.
Setores mais afetados
A tarifa de 35% terá impactos significativos em setores estratégicos para a economia canadense:
- Automotivo: As montadoras com operações integradas entre os dois países enfrentarão aumento de custos na cadeia de suprimentos.
- Energia: Exportações de petróleo e derivados também serão atingidas, prejudicando a Alberta.
- Agroindústria: Produtos como trigo, frutas, peixes e laticínios sofrerão perda de competitividade no mercado norte-americano.
Novos desdobramentos
Nos dias seguintes ao anúncio, a Casa Branca confirmou que outras nações também poderão enfrentar tarifas semelhantes, variando entre 15% e 20%, como parte de uma estratégia mais ampla de protecionismo econômico. Em pronunciamento à imprensa em 10 de julho, Trump reforçou que as medidas são “essenciais para restaurar o poder da indústria americana e proteger empregos”.
A embaixadora dos EUA no Canadá, Lisa Curtis, sinalizou em entrevista que ainda há espaço para “ajustes diplomáticos” antes da entrada em vigor das tarifas. No entanto, membros do Parlamento canadense pressionam por uma resposta mais dura, acusando Washington de violar os mecanismos do USMCA.
Consequências e cenários futuros
Embora a tarifa entre em vigor apenas em agosto, analistas alertam para uma possível guerra comercial, com efeitos em cascata sobre cadeias de suprimentos, preços ao consumidor e estabilidade regional. O USMCA prevê mecanismos de resolução de disputas que poderão ser acionados pelo Canadá, abrindo um novo capítulo de negociações tensas. Economistas prevêem uma queda no PIB canadense de até 0,3% caso as tarifas se mantenham por mais de seis meses.
Conclusão
A imposição de tarifas de 35% por parte do presidente Donald Trump representa mais do que um embate comercial: é um teste de fogo para a cooperação continental na América do Norte. A decisão tem o potencial de redesenhar as alianças econômicas e reativar disputas que se pensavam superadas desde a substituição do NAFTA. Nas próximas semanas, a resposta canadense e o posicionamento de setores empresariais e da sociedade civil poderão determinar os rumos dessa nova fase das relações EUA-Canadá.
Faça um comentário