![Trump_discurso_Maralago_18fev2025_HighRes O presidente dos EUA, Donald Trump, fala em seu resort Mar-a-Lago em Palm Beach, Flórida, Estados Unidos, em 18 de fevereiro de 2025 [Roberto Schmidt/AFP]. Fonte: Al Jazeera](https://ejbbd5or267.exactdn.com/wp-content/uploads/2025/02/AFP__20250218__36Y74GX__v1__HighRes__UsPoliticsTrump-1739925443.webp?strip=all&lossy=1&resize=678%2C381&ssl=1)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causou polêmica ao sugerir que a Ucrânia é responsável pela guerra com a Rússia, enquanto anunciou que “provavelmente” se reunirá com o presidente russo, Vladimir Putin, ainda este mês. As declarações foram feitas após o primeiro round de negociações entre autoridades dos EUA e da Rússia na Arábia Saudita, na terça-feira, em um esforço para encerrar o conflito que já dura três anos.
Em uma coletiva de imprensa em sua propriedade de Mar-a-Lago, na Flórida, Trump criticou a Ucrânia por não ter sido incluída nas negociações e sugeriu que o país poderia ter evitado a guerra. “Vocês deveriam ter terminado isso… Vocês nunca deveriam ter começado. Poderiam ter feito um acordo. Eu poderia ter feito um acordo pela Ucrânia”, afirmou Trump, dirigindo-se indiretamente ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy.
Trump também expressou otimismo em relação às negociações, lideradas pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. “Eles foram muito bons. A Rússia quer fazer algo, quer parar a barbárie selvagem”, disse o presidente americano, sem fornecer detalhes concretos sobre o progresso das discussões.
Eleições na Ucrânia e críticas a Zelenskyy
Questionado sobre se apoiaria a realização de eleições na Ucrânia como parte de um acordo de paz, Trump afirmou, sem apresentar evidências, que a taxa de aprovação de Zelenskyy estaria em apenas 4%. Ele também destacou que as eleições no país foram suspensas devido à lei marcial, em vigor desde o início da invasão russa. No entanto, uma pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kyiv em dezembro mostrou que 52% dos ucranianos ainda confiavam em Zelenskyy, embora o número representasse uma queda de 12 pontos percentuais em relação a fevereiro.
“Quando você quer um lugar à mesa… Será que o povo da Ucrânia não diria: ‘Já faz muito tempo que não temos uma eleição?’”, questionou Trump, sugerindo que a ausência de eleições poderia ser um ponto de pressão nas negociações.
Preocupações ucranianas e europeias
As declarações de Trump ocorreram após Zelenskyy expressar preocupação de que os EUA e a Rússia pudessem chegar a um acordo sem a participação da Ucrânia. “Nenhuma decisão pode ser tomada sem a Ucrânia sobre como terminar a guerra”, afirmou o presidente ucraniano durante uma visita à Turquia, onde se reuniu com o presidente Recep Tayyip Erdogan.
Enquanto isso, líderes europeus demonstraram dificuldades em formular uma resposta unificada às negociações, especialmente diante da possibilidade de Trump conceder concessões significativas à Rússia. O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou que estaria disposto a enviar tropas de paz para a Ucrânia, enquanto o presidente francês, Emmanuel Macron, sugeriu a possibilidade de enviar um número limitado de soldados para áreas “fora de qualquer zona de conflito”. Já o chanceler alemão, Olaf Scholz, criticou a discussão sobre uma força de segurança pós-guerra antes de qualquer acordo, classificando-a como “altamente inadequada”.
Próximos passos
A França deve sediar uma nova rodada de discussões entre líderes europeus nesta quarta-feira, após uma cúpula de emergência na segunda-feira não ter resultado em uma posição coesa. Enquanto isso, Trump reiterou seu apoio ao uso de tropas de paz europeias, mas deixou claro que as forças americanas não se envolveriam diretamente. “Se eles quiserem fazer isso, ótimo, eu apoio. Eu apoio se quiserem fazer isso”, afirmou.
As declarações de Trump continuam a gerar controvérsia, especialmente entre os aliados europeus e a Ucrânia, que temem que um acordo precipitado possa comprometer a soberania e a segurança do país. Enquanto as negociações avançam, a comunidade internacional aguarda para ver se os esforços diplomáticos serão capazes de pôr fim a um dos conflitos mais devastadores da Europa nas últimas décadas.
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