
Em uma demonstração de alinhamento diplomático e apreensão com a escalada militar, o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan telefonou nesta quarta‑feira, 7 de maio de 2025, para o primeiro‑ministro paquistanês Shehbaz Sharif, manifestando seu apoio após ataques a alvos no Paquistão e na Caxemira paquistanesa realizados pela Índia. A conversa ocorre no momento de maior tensão entre os vizinhos nucleares em mais de duas décadas.
Histórico das Relações Turquia–Paquistão–Índia
A Turquia e o Paquistão mantêm uma aliança histórica, marcada por cooperação militar, intercâmbio de treinamento de oficiais e apoio mútuo em fóruns como a Organização de Cooperação Islâmica. Desde a Guerra Fria, Ancara vê Islamabad como parceiro estratégico no mundo muçulmano. Ao mesmo tempo, a Turquia equilibra essa aliança com relações comerciais crescentes com a Índia — o comércio bilateral ultrapassou US$ 10 bilhões em 2023 — e iniciativas conjuntas em energia e tecnologia, evitando alinhamentos que possam comprometer seus interesses econômicos e geopolíticos.
Contexto da Crise
No dia 22 de abril, um grupo militante islâmico executou um atentado em Pahalgam, na Caxemira controlada pela Índia, matando 26 pessoas. Nova Déli atribuiu o ataque a organizações sediadas no Paquistão, o que Islamabad nega veementemente. Em retaliação, a Índia lançou Operação Sindoor, disparando mísseis contra nove locais em solo paquistanês e na Caxemira paquistanesa. O Paquistão afirmou ter abatido cinco aeronaves indianas e prometeu nova resposta, elevando o risco de um confronto nuclear.
Para detalhes operacionais e o impacto sobre o tráfego aéreo, veja também Confrontos Índia–Paquistão: Ataques Militares e Caos na Aviação Civil.
Posicionamento Turco
- Solidariedade e moderação: Erdoğan elogiou as “políticas calmas e contidas” de Islamabad e afirmou:
“A Turquia está pronta para fazer o que estiver ao seu alcance para impedir uma escalada nas tensões.”
- Convocação de investigação: Considerou “apropriado” o pedido paquistanês por uma investigação internacional sobre o ataque de 22 de abril, reforçando a necessidade de responsabilização.
- Alerta de guerra total: A chancelaria turca advertiu para o risco de “guerra total” caso o confronto se intensifique, ao mesmo tempo em que mantém laços comerciais com a Índia.
Novas Informações
- Vítimas civis: Fontes no terreno relatam ao menos 31 civis mortos e 57 feridos nos ataques indianos, incluindo um bombardeio que atingiu uma mesquita em Bahawalpur, matando crianças e mulheres
- Reação internacional: O Conselho de Segurança da ONU debateu o caso em sessão de emergência, com apelos de China, Rússia e Estados Unidos por moderação.
Implicações Regionais e Globais
- Segurança Nuclear: O perigo de uso acidental de armas nucleares motiva a mediação de países terceiros, como a Turquia, para evitar catástrofe humanitária.
- Equilíbrio de alianças: Ancara reforça sua influência no mundo muçulmano ao apoiar Islamabad, sem romper junto à Índia, de quem depende para comércio e projetos de infraestrutura.
- Precedentes legais: A possível investigação internacional pode criar marco sobre ataques transfronteiriços e responsabilização de grupos não estatais.
Reações de Outros Atores
- Estados Unidos: Ofereceram mediação, mas mantêm discurso neutro, apelando à moderação.
- China: Apoia o Paquistão e critica ações unilaterais que violem soberania.
- Rússia: Defende negociações diretas e estabilidade na região Ásia-Pacífico.
Caminhos para Desescalada
- Negociações Bilaterais: Diálogo direto com aval de ONU, Turquia ou China.
- Comissão Internacional: Inquérito transparente sobre o ataque de Pahalgam.
- Hotline Militar: Reforço de canais de comunicação para evitar erros de engajamento.
Conclusão
O gesto de Erdoğan sublinha o papel crescente da Turquia como mediador em crises nucleares. Apoiar “políticas calmas e contidas” e buscar investigação imparcial são passos cruciais para conter a escalada entre Índia e Paquistão, evitando um conflito de consequências catastróficas.
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