Turquia Declara Solidariedade ao Paquistão em Meio à Crise com a Índia

Presidente turco Recep Tayyip Erdogan durante coletiva de imprensa em Roma, 29 de abril de 2025.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, participa de uma coletiva de imprensa em Roma, ao lado da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni (fora da imagem), em 29 de abril de 2025. Foto: Remo Casilli/REUTERS.

Em uma demonstração de alinhamento diplomático e apreensão com a escalada militar, o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan telefonou nesta quarta‑feira, 7 de maio de 2025, para o primeiro‑ministro paquistanês Shehbaz Sharif, manifestando seu apoio após ataques a alvos no Paquistão e na Caxemira paquistanesa realizados pela Índia. A conversa ocorre no momento de maior tensão entre os vizinhos nucleares em mais de duas décadas.

Histórico das Relações Turquia–Paquistão–Índia

A Turquia e o Paquistão mantêm uma aliança histórica, marcada por cooperação militar, intercâmbio de treinamento de oficiais e apoio mútuo em fóruns como a Organização de Cooperação Islâmica. Desde a Guerra Fria, Ancara vê Islamabad como parceiro estratégico no mundo muçulmano. Ao mesmo tempo, a Turquia equilibra essa aliança com relações comerciais crescentes com a Índia — o comércio bilateral ultrapassou US$ 10 bilhões em 2023 — e iniciativas conjuntas em energia e tecnologia, evitando alinhamentos que possam comprometer seus interesses econômicos e geopolíticos.

Contexto da Crise

No dia 22 de abril, um grupo militante islâmico executou um atentado em Pahalgam, na Caxemira controlada pela Índia, matando 26 pessoas. Nova Déli atribuiu o ataque a organizações sediadas no Paquistão, o que Islamabad nega veementemente. Em retaliação, a Índia lançou Operação Sindoor, disparando mísseis contra nove locais em solo paquistanês e na Caxemira paquistanesa. O Paquistão afirmou ter abatido cinco aeronaves indianas e prometeu nova resposta, elevando o risco de um confronto nuclear.

Para detalhes operacionais e o impacto sobre o tráfego aéreo, veja também Confrontos Índia–Paquistão: Ataques Militares e Caos na Aviação Civil.

Posicionamento Turco

  • Solidariedade e moderação: Erdoğan elogiou as “políticas calmas e contidas” de Islamabad e afirmou:

“A Turquia está pronta para fazer o que estiver ao seu alcance para impedir uma escalada nas tensões.”

  • Convocação de investigação: Considerou “apropriado” o pedido paquistanês por uma investigação internacional sobre o ataque de 22 de abril, reforçando a necessidade de responsabilização.
  • Alerta de guerra total: A chancelaria turca advertiu para o risco de “guerra total” caso o confronto se intensifique, ao mesmo tempo em que mantém laços comerciais com a Índia.

Novas Informações

  • Vítimas civis: Fontes no terreno relatam ao menos 31 civis mortos e 57 feridos nos ataques indianos, incluindo um bombardeio que atingiu uma mesquita em Bahawalpur, matando crianças e mulheres
  • Reação internacional: O Conselho de Segurança da ONU debateu o caso em sessão de emergência, com apelos de China, Rússia e Estados Unidos por moderação.

Implicações Regionais e Globais

  1. Segurança Nuclear: O perigo de uso acidental de armas nucleares motiva a mediação de países terceiros, como a Turquia, para evitar catástrofe humanitária.
  2. Equilíbrio de alianças: Ancara reforça sua influência no mundo muçulmano ao apoiar Islamabad, sem romper junto à Índia, de quem depende para comércio e projetos de infraestrutura.
  3. Precedentes legais: A possível investigação internacional pode criar marco sobre ataques transfronteiriços e responsabilização de grupos não estatais.

Reações de Outros Atores

  • Estados Unidos: Ofereceram mediação, mas mantêm discurso neutro, apelando à moderação.
  • China: Apoia o Paquistão e critica ações unilaterais que violem soberania.
  • Rússia: Defende negociações diretas e estabilidade na região Ásia-Pacífico.

Caminhos para Desescalada

  • Negociações Bilaterais: Diálogo direto com aval de ONU, Turquia ou China.
  • Comissão Internacional: Inquérito transparente sobre o ataque de Pahalgam.
  • Hotline Militar: Reforço de canais de comunicação para evitar erros de engajamento.

Conclusão

O gesto de Erdoğan sublinha o papel crescente da Turquia como mediador em crises nucleares. Apoiar “políticas calmas e contidas” e buscar investigação imparcial são passos cruciais para conter a escalada entre Índia e Paquistão, evitando um conflito de consequências catastróficas.

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