Ucrânia Celebra 3º Aniversário da Invasão com Apoio Internacional Sob Incertezas

Pessoas participam de uma marcha para marcar o terceiro aniversário da invasão da Rússia na Ucrânia, no centro de Lisboa, Portugal, 23 de fevereiro de 2025 [Pedro Nunes/Reuters]. Fonte: Al Jazeera
Participantes da marcha em Lisboa, Portugal, para recordar o terceiro aniversário da invasão russa na Ucrânia, em 23 de fevereiro de 2025. [Pedro Nunes/Reuters]. Fonte: Al Jazeera

No terceiro aniversário da brutal invasão russa, a Ucrânia realiza uma celebração marcada por resistência heroica e, ao mesmo tempo, por dúvidas sobre a continuidade do apoio internacional. Em Kiev, líderes da União Europeia e do Canadá se reuniram para demonstrar solidariedade ao país, enquanto a ausência de representantes dos Estados Unidos levanta preocupações sobre o futuro do suporte militar e diplomático.

Solidariedade em Kiev

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, saudou o “heroísmo” de seu povo durante a comemoração. Em seu discurso, ele destacou:

“Três anos de resistência. Três anos de gratidão. Três anos de heroísmo absoluto dos ucranianos.”

Entre os convidados estavam a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau. Von der Leyen reafirmou o compromisso da União Europeia, ressaltando que a luta da Ucrânia é, na verdade, uma batalha pelo futuro de toda a Europa:

“Neste combate pela sobrevivência, não está em jogo apenas o destino da Ucrânia. Está em jogo o destino da Europa.”

Incertezas Sobre o Apoio dos EUA

Apesar do apoio firme dos aliados europeus e canadenses, a ausência de representantes dos Estados Unidos durante os eventos em Kiev intensifica a incerteza em torno do compromisso americano. Em meio a uma potencial redução do suporte militar, a liderança dos EUA permanece nebulosa, agravada por declarações recentes do presidente Donald Trump. Trump tem pressionado por um acordo de paz que responsabilize menos Moscou, desencadeando um acirramento de debates tanto dentro quanto fora do país.

Conflito nas Nações Unidas

A tensão também se reflete na arena internacional. Em Nova York, resoluções concorrentes estão sendo apresentadas na Assembleia Geral da ONU. A proposta ucraniana, apoiada por aliados europeus, exige a retirada imediata das tropas russas e enfatiza a soberania e integridade territorial do país. Em contrapartida, uma proposta dos EUA visa um fim rápido ao conflito, sem mencionar explicitamente a agressão russa. Essa divergência evidencia as profundas diferenças na abordagem para encerrar o conflito.

Reações de Moscou e Desafios Diplomáticos

A postura do governo russo permanece inflexível. O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Ryabkov, afirmou que um cessar-fogo sem um acordo de longo prazo é “inaceitável” e alertou que tal medida poderia reabrir as hostilidades, além de ter consequências negativas para as relações entre Rússia e Estados Unidos.

Enquanto isso, a tensão na política internacional também se reflete na União Europeia. Durante uma reunião dos ministros das Relações Exteriores, foi aprovado um 16º pacote de sanções contra a Rússia. Contudo, países como a Hungria, liderada por Viktor Orban, se posicionaram contra novas sanções e o aumento da ajuda militar da UE, complicando ainda mais a articulação de uma política unificada de apoio à Ucrânia.

Sinais de Mudança no Relacionamento com os EUA

Em meio a esse cenário, a Ucrânia sinalizou uma possível flexibilização na relação com os Estados Unidos. Recentemente, Kiev descartou uma proposta controversa que oferecia US$ 500 bilhões em lucros de minerais raros ao governo americano, e negociações para um novo acordo estão em andamento. Em um ato surpreendente, Zelenskyy declarou que renunciaria à presidência se isso pudesse significar a conquista da paz, chegando a sugerir que a Ucrânia poderia trocar sua liderança pela adesão à OTAN.

Conclusão

O terceiro aniversário da invasão russa é um marco que ressalta tanto a resiliência da Ucrânia quanto as complexidades do cenário geopolítico atual. Enquanto a solidariedade europeia e canadense se destaca em Kiev, a incerteza sobre o apoio dos Estados Unidos e as divergências nas propostas de resolução nas Nações Unidas evidenciam os desafios para alcançar uma paz duradoura. Em um contexto global em constante mudança, a Ucrânia continua sendo o epicentro de um conflito que, sem dúvida, moldará o futuro da segurança e da política internacional.



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