Escala sem precedentes: Ucrânia conclui repatriação de mais de 6.000 corpos após acordos de Istambul

Pessoas em trajes de proteção transportam supostos restos mortais de soldados ucranianos recebidos da Rússia.
Equipe em trajes de proteção manuseia os restos mortais de soldados ucranianos repatriados da Rússia, em local não divulgado, em imagem divulgada em 13 de junho de 2025. Security Service Of Ukraine/Handout via REUTERS/ File Photo

Na segunda‑feira, 16 de junho de 2025, o governo ucraniano anunciou a conclusão da repatriação de soldados mortos na guerra contra a Rússia, com a chegada de mais 1.245 corpos em um único carregamento — encerrando a fase inicialmente acordada em Istambul. Desde o início da implementação dos entendimentos humanitários no começo de junho, mais de 6.000 mortos retornaram ao território controlado por Kiev, configurando uma das maiores operações desse tipo desde o início da invasão em fevereiro de 2022.

Detalhes do Acordo de Istambul

As trocas de prisioneiros e de corpos foram negociadas durante a segunda rodada de conversações em Istambul, Turquia, no dia 2 de junho. Embora não tenham avançado questões políticas como cessar‑fogo ou garantias de fronteiras, Kiev e Moscou chegaram a um consenso logístico para repatriar até 6.000 corpos e iniciar a troca de prisioneiros gravemente feridos, menores de 25 anos e outros grupos prioritários.

Fase Final da Repatriação

No último carregamento, 1.245 corpos foram entregues em pontos de fronteira mutuamente definidos, fechando oficialmente o cronograma humanitário inicial. A delegação russa, liderada por Vladimir Medinsky, afirma ter devolvido 6.060 corpos; o lado ucraniano contabiliza 6.057, sem explicação imediata para a pequena discrepância. O Ministério da Defesa russo declarou ainda estar preparado para transferir mais 2.239 corpos, sinalizando possíveis novas fases de repatriação.

Logística e Identificação Forense

A operação envolveu o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e equipes forenses ucranianas, que utilizam laboratórios móveis de DNA para identificar os restos mortais. A fragmentação dos corpos e a falta de documentação adequada prolongam o trabalho de autópsia, essencial também para investigar possíveis crimes de guerra — tema levantado por Kiev em relação a relatos de tortura de prisioneiros.

Impacto Emocional nas Famílias

Para os parentes dos soldados, cada retorno representa a única chance de um funeral digno e de rito religioso. Histórias como a de Volodymyr Umanets, cujo filho Sergiy está desaparecido desde dezembro de 2023, ilustram o drama de famílias que aguardam saber se o ser querido está entre os vivos ou entre os mortos.

Continuidade nas Trocas de Prisioneiros

Apesar do fim desta fase de repatriação, a troca de prisioneiros de guerra segue em curso. O ministro ucraniano Rustem Umerov afirmou que “não paramos; à frente está a próxima etapa, trazer de volta nossos prisioneiros de guerra” — reforçando que os acordos humanitários não encerram as negociações bilaterais.

Contexto do Conflito e Perspectivas

Enquanto a Humanidade obteve um avanço, o impasse político permanece: Kiev exige cessar‑fogo incondicional, e Moscou mantém exigências sobre neutralidade ucraniana e reconhecimento de anexações. No terreno, ataques recentes, como o bombardeio por drones em Kharkiv em 11 de junho, que deixou três mortos e dezenas de feridos, demonstram que a intensidade do conflito persiste, mesmo em meio às negociações humanitárias.

Conclusão

A repatriação de mais de 6.000 soldados mortos marca um capítulo inédito de cooperação humanitária na guerra. Ainda que este gesto minimamente consolide a confiança, o desafio maior continua sendo encontrar um caminho político para a paz. Até lá, cada corpo devolvido reforça o alto preço humano da guerra e a urgência de um acordo duradouro.

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