UE rejeita ameaças de Trump e insiste em respeito mútuo nas negociações comerciais

Miniatura 3D de Donald Trump com bandeira da União Europeia e a palavra "Tariffs", ilustrando tensões comerciais, abril de 2025.
Miniatura 3D de Donald Trump ao lado da bandeira da União Europeia e da palavra "Tariffs", representando as tensões comerciais entre EUA e UE – 17 de abril de 2025. Foto: Dado Ruvic/Reuters (Ilustração/Arquivo)

Na sexta-feira, 23 de maio de 2025, a Comissão Europeia instou os Estados Unidos a adotarem respeito — e não ameaças — nas negociações comerciais, após o presidente Donald Trump anunciar a intenção de impor uma tarifa de 50% sobre produtos da União Europeia a partir de 1º de junho.

Contexto e motivações

O endurecimento da postura americana ocorre em meio a conversas bilaterais que se estendem desde 2018, quando foram aplicadas tarifas sobre aço e alumínio. Washington exige concessões unilaterais de Bruxelas para reduzir o déficit de quase 200 bilhões de euros em bens em 2024 (serviços, porém, continuam com superávit para os EUA). Entre as demandas americanas estão a adoção de padrões de segurança alimentar dos EUA e a remoção de impostos digitais nacionais.

Em contraponto, a UE propôs eliminar gradualmente todas as tarifas industriais, aumentar as compras de gás natural liquefeito e soja americanas e cooperar no combate à sobrecapacidade de aço atribuída à China.

Resposta de Bruxelas

Em ligação com o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick, o vice‑presidente da Comissão e comissário de Comércio, Maroš Šefčovič, afirmou: “O comércio UE-EUA é inigualável e deve ser guiado por respeito mútuo, não por ameaças. Estamos prontos para defender nossos interesses e manter negociações de boa-fé”.

Líderes e ministros de diversos países do bloco endossaram o posicionamento:

  • Michal Baranowski, vice‑ministro da Economia da Polônia, qualificou a ameaça como “tática de negociação” e lembrou que “declarações públicas não equivalem a ações concretas”;
  • Micheál Martin, Taoiseach da Irlanda, destacou que “negociações são o único caminho sustentável”;
  • Laurent Saint‑Martin, ministro do Comércio da França, manteve a linha de “desescalada, mas pronto para responder”.

Impactos nos mercados e riscos de retaliação

O anúncio provocou quedas generalizadas:

  • Nasdaq recuou 1%;
  • S&P 500 caiu 0,68%;
  • Europe’s STOXX 600 perdeu 1,7%;
  • Dólar enfraqueceu diante das principais moedas, e o euro limitou ganhos.

Além da tarifa de 50% sobre bens da UE, Trump ameaçou aplicar 25% de sobretaxa sobre smartphones estrangeiros, incluindo iPhones produzidos fora dos EUA. Em retaliação, a UE já prepara €108 bilhões em contramedidas para caso as tarifas avancem e mantém suspensos €21 bilhões em direitos sobre importações americanas desde 2018.

Perspectivas para as negociações

Está prevista para início de junho, em Paris, uma reunião de alto nível para tentar reverter o impasse. Robert Sockin, economista‑sênior global do Citigroup, avalia que a proposta de tarifa de 50% visa “trazer a UE de volta à mesa” e duvida de sua efetiva implementação.

Para a UE, o desafio é alcançar um acordo que mantenha seus padrões ambientais e industriais sem desencadear uma guerra comercial que afete empregos e cadeias de suprimentos.

Conclusão

A disputa tarifária expõe a tensão geopolítica nas relações transatlânticas, onde interesses econômicos e políticos se cruzam. Bruxelas insiste em negociações baseadas em reciprocidade e respeito mútuo, enquanto Washington busca encerrar o déficit comercial a qualquer custo. Resta saber se o diálogo prevalecerá ou se haverá escalada, com impactos potencialmente severos para a economia global.

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