
Em agosto de 2025, os Estados Unidos exerceram seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, bloqueando uma resolução que condenava o uso da fome como arma de guerra em Gaza. A medida foi apoiada por 14 dos 15 membros do Conselho, mas a oposição americana impediu sua adoção, gerando críticas internacionais de países europeus e organizações humanitárias.
A resolução tinha como objetivo exigir o acesso irrestrito de ajuda humanitária à população civil em Gaza e condenar práticas militares que utilizassem a fome como ferramenta de conflito, uma violação do Direito Internacional Humanitário.
Motivos do Veto
A embaixadora interina dos EUA na ONU, Dorothy Shea, justificou o veto afirmando que a resolução não mencionava explicitamente a necessidade de desmobilização do Hamas e não incluía mecanismos de proteção à segurança de Israel.
Segundo Shea, apoiar a resolução sem essa menção poderia comprometer os esforços de segurança israelenses e a proteção de civis na região, de acordo com a perspectiva americana.
Embora essa justificativa seja relevante para o contexto de segurança, ela desviou o foco da questão central da resolução: o impacto humanitário imediato da fome sobre a população civil em Gaza.
Reações Internacionais
O veto americano gerou críticas de diversos membros do Conselho de Segurança:
- França, China, Paquistão e Eslovênia destacaram que a decisão impedia ações urgentes para conter uma crise humanitária que já é considerada crítica.
- Organizações humanitárias, como Save the Children e International Rescue Committee, alertaram para a caracterização da fome como uma tática deliberada de guerra, algo proibido pelo direito internacional.
Fontes regionais, como Al Jazeera e Arab News, reforçam que a situação em Gaza continua crítica, com severas restrições ao acesso de alimentos, água e suprimentos médicos.
Implicações para o Direito Internacional
O uso da fome como arma de guerra é proibido pelo Direito Internacional Humanitário, incluindo a Convenção de Genebra. A resolução vetada reconhecia a situação em Gaza como uma “crise provocada pelo homem”, denunciando medidas que restringem deliberadamente o acesso de civis a alimentos e recursos essenciais.
O veto dos EUA levanta questões sobre o comprometimento de membros permanentes do Conselho de Segurança com normas internacionais de proteção aos civis em conflitos armados e evidencia as limitações estruturais da ONU, onde o poder de veto pode obstruir medidas urgentes de mitigação humanitária.
Consequências Humanitárias
- Bloqueio do fornecimento de alimentos e medicamentos: O veto impede a adoção de mecanismos que garantiriam o transporte seguro e rápido de suprimentos básicos.
- Aumento da vulnerabilidade civil: Crianças, idosos e pessoas em situação de risco sofrem de forma desproporcional com a escassez de alimentos e remédios.
- Pressão sobre organizações humanitárias: ONGs internacionais enfrentam dificuldades logísticas e políticas para atuar efetivamente, agravando a crise.
Conclusão
O veto dos EUA evidencia uma tensão entre considerações de segurança nacional e responsabilidades humanitárias internacionais. Enquanto os EUA priorizam a proteção de Israel, a comunidade internacional enfrenta obstáculos para implementar medidas urgentes que salvem vidas em Gaza.
Essa situação reforça a necessidade de reformas na ONU, principalmente na utilização do poder de veto, e chama atenção para a urgência de ações humanitárias independentes, capazes de atender civis afetados por conflitos prolongados.
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