
Hoje, 20 de abril de 2025, Rússia e Ucrânia acusaram-se mutuamente de violar o cessar‑fogo de um dia decretado pelo presidente russo Vladimir Putin para celebrar a Páscoa Ortodoxa. Apesar do anúncio de suspensão temporária das hostilidades, ambos os lados relatam centenas de ataques, revelando o impasse e a desconfiança que permeiam os três anos de conflito.
Contexto do cessar‑fogo
No sábado, 19 de abril de 2025, Vladimir Putin anunciou que as tropas russas deveriam “parar toda atividade militar” ao longo da linha de frente a partir das 18h (horário de Moscou), em uma trégua que se estenderia até a meia-noite de domingo, 20 de abril. A iniciativa visava coincidir com a celebração da Páscoa Ortodoxa, comemorada neste ano simultaneamente por igrejas do Ocidente e do Oriente. Segundo o Kremlin, a trégua serviria para demonstrar se a Ucrânia estaria disposta a avançar rumo a um acordo de paz.
Acusações ucranianas
O presidente Volodymyr Zelensky afirmou que, longe de respeitar a pausa, a Rússia manteve intensos ataques de artilharia desde sábado à noite, contabilizando 26 incursões apenas entre a 0h e o meio‑dia (09h GMT) de domingo. Em post no X, ele questionou se Putin “não tem controle total sobre seu exército” ou se a trégua seria apenas “uma manobra de PR favorável”. Analistas de segurança, como a professora Marina Kovalenko, do Instituto de Estudos Estratégicos de Kiev, apontam que a continuada pressão de fogo busca desgastar a linha de frente ucraniana e testar a resiliência da população em áreas vulneráveis.
Versão do Ministério da Defesa russo
O porta‑voz do Ministério da Defesa russo declarou que as forças ucranianas violaram o cessar‑fogo mais de 1.000 vezes, com 444 disparos contra posições russas e mais de 900 ataques de drones, incluindo bombardeios em Crimeia e nas regiões de Bryansk, Kursk e Belgorod. De acordo com o ministério, tais ações causaram “mortes e ferimentos entre civis, além de danos a instalações civis”.
Reações internacionais
- União Europeia: reagiu com cautela, observando que “a Rússia poderia parar a guerra imediatamente, se quisesse”.
- Nações Unidas: o porta‑voz Stéphane Dujarric reforçou apoio a “esforços significativos por uma paz justa, duradoura e abrangente, que respeite a soberania e integridade territorial da Ucrânia”.
- Estados Unidos: o presidente Donald Trump condicionou seu esforço de mediação a “sinais claros de progresso” no terreno, destacando o risco de “escalada” caso as hostilidades não fossem efetivamente suspensas.
Implicações para negociações de paz
O episódio evidencia a desconfiança recíproca e a dificuldade de implementar até mesmo cessões de curto prazo. A flutuação entre promessas de trégua e violências contínuas complica a viabilidade de qualquer acordo duradouro. Especialistas em relações internacionais sugerem que a criação de mecanismos de verificação independentes — possivelmente envolvendo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha — seria crucial para garantir o cumprimento de termos futuros.
Conclusão
O fracasso em manter o cessar‑fogo de Páscoa reforça a realidade de um conflito sem perspectivas imediatas de resolução. A postura dos governos de Moscou e Kiev, marcada por acusações mútuas e relatos divergentes, sublinha a urgência de mediações externas e de uma vigilância internacional mais robusta. Sem transparência e mecanismos de fiscalização, qualquer nova tentativa de trégua corre o risco de tornar‑se mero gesto diplomático, sem efeito prático no terreno.
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