
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy expressou a esperança de que a Europa e os Estados Unidos participem de quaisquer conversações sobre o fim da guerra de seu país com a Rússia, conforme declarou a repórteres no sábado.
Em uma coletiva de imprensa conjunta com a presidente Maia Sandu, da vizinha Moldávia, Zelenskiy afirmou que a Ucrânia também deveria estar envolvida em qualquer discussão para que tais negociações tivessem um impacto significativo.
“Quanto à estrutura das negociações, espero sinceramente que a Ucrânia esteja presente, além dos Estados Unidos, da Europa e da Rússia”, disse Zelenskiy, esclarecendo posteriormente que ainda não havia um formato estabelecido para as conversações.
“Sim, eu realmente gostaria que a Europa participasse, porque seremos membros da União Europeia”, disse Zelenskiy, acrescentando que acreditava que o novo presidente dos EUA, Donald Trump, poderia encerrar a guerra, mas somente se envolvesse a Ucrânia nas negociações.
“Do contrário, não vai funcionar. Porque a Rússia não quer terminar a guerra, enquanto a Ucrânia quer encerrá-la”, afirmou.
Trump prometeu durante sua campanha que acabaria com a guerra em 24 horas após assumir o cargo, mas seus assessores afirmaram desde então que um acordo pode levar meses.
O presidente dos EUA expressou disposição para conversar com o presidente russo Vladimir Putin sobre o fim da guerra.
Na sexta-feira, Putin afirmou que gostaria de se reunir com Trump para discutir a Ucrânia. Ele citou um decreto de 2022 de Zelenskiy, que proíbe negociações com Putin, como um obstáculo para as conversações.
Na coletiva de imprensa, Zelenskiy explicou que introduziu essa proibição para impedir que Putin formasse outros canais de comunicação com interlocutores na Ucrânia. Zelenskiy afirmou que a Rússia estava tentando ativamente fazer isso antes de ele assinar o decreto.
Ajuda para a Moldávia
Zelenskiy disse que a Ucrânia estava pronta para oferecer carvão à Moldávia, que enfrenta uma crise energética após a interrupção do fluxo de gás russo através da Ucrânia no início deste ano.
A maior parte da Moldávia é controlada pelas autoridades em Chisinau, mas uma considerável minoria da população vive na Transnístria, uma região que se separou após um conflito violento na década de 1990, após o colapso da União Soviética.
Essa região, que abriga a única usina de energia da Moldávia, está agora enfrentando a maior parte da crise energética após a perda do fornecimento de gás, alertando que seus estoques logo se esgotarão.
“A mais recente jogada da Rússia foi orquestrar uma crise energética”, disse Sandu a repórteres em Kiev, acrescentando que os preços da eletricidade dispararam nos territórios controlados por seu governo, mas que a situação estava ainda pior na área separatista.
“Os habitantes da região da Transnístria, reféns de um regime inconstitucional apoiado pela Rússia há três décadas, agora estão sendo deixados no frio e na escuridão.”
Sandu afirmou que isso fazia parte de uma estratégia russa calculada para semear o caos na Moldávia e facilitar a ascensão ao poder de um governo pró-Rússia, uma referência aparente às eleições parlamentares que ocorrerão ainda este ano.
Zelenskiy afirmou que a Ucrânia poderia fornecer carvão suficiente à Moldávia ou à Transnístria para resolver seus problemas energéticos e reduzir os preços da eletricidade em 30%.
“A ausência de uma crise na Moldávia também está (nos interesses) da nossa segurança ucraniana”, disse Zelenskiy, acrescentando que a Ucrânia poderia enviar uma equipe de especialistas para facilitar o uso do carvão ucraniano na usina de energia da Transnístria.
Sandu afirmou que caberia às autoridades da Transnístria, na capital da região, Tiraspol, aceitar a ajuda.
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