
Em 19 de junho de 2025, o presidente Volodymyr Zelensky assinou decreto nomeando o brigadeiro‑general Hennadiy Shapovalov como novo comandante das Forças Terrestres da Ucrânia, em substituição ao general‑major Mykhailo Drapatyi, que foi realocado para o comando das Forças Conjuntas após renunciar em reação ao ataque russo que matou 12 soldados em um campo de treinamento no dia 1º de junho de 2025. A mudança integra um amplo remanejamento na cúpula militar ucraniana, visando reforçar a coordenação entre treinamento, mobilização e operações de combate.
Contexto e motivos da reformulação
- Ataque ao campo de treinamento (1º de junho de 2025): um míssil russo atingiu a base em Chervonya Zorya, na região de Donetsk, resultando em 12 mortos e dezenas de feridos. O episódio gerou crise interna e questionamentos sobre falhas na defesa de alvos estratégicos.
- Renúncia de Drapatyi: general‑major Mykhailo Drapatyi apresentou sua demissão do cargo de comandante das Forças Terrestres, sendo imediatamente designado para chefiar as Forças Conjuntas, que coordenam a linha de frente unificada.
- Objetivo do shake‑up: Zelensky busca aprimorar o fluxo de informação entre quartéis‑generais e frentes de combate, além de acelerar a incorporação de material de guerra ocidental e modernizar os programas de treinamento.
Perfil de Hennadiy Shapovalov
- Formação: graduado em 2000 pelo Instituto de Tropas de Tanques da Universidade Politécnica de Kharkiv; pós‑graduado em 2012 pelo Instituto de Comando e Estado‑Maior da Universidade de Defesa Nacional; complementou estudos no US Army War College.
- Carreira prévia:
- Comandou, de abril de 2024 a fevereiro de 2025, o Comando Operacional “Sul”, responsável por setores críticos na região de Kherson e Zaporizhzhia.
- Em 19 de janeiro de 2025, foi transferido para Wiesbaden (Alemanha) como liaison no Centro de Coordenação de Assistência Militar da OTAN (NSATU), otimizando o repasse de suprimentos e treinamentos.
Desafios e prioridades à frente das Forças Terrestres
- Integração de ajuda internacional
A experiência de Shapovalov na coordenação com a OTAN será essencial para acelerar entregas de blindados, artilharia e munições prometidas pelos aliados. - Reforma do treinamento e mobilização
É preciso reduzir índices de deserção em algumas brigadas mecanizadas — estimados em até 30% em 2025 — por meio de políticas de bem‑estar dos soldados e programas de instrução adaptados à guerra moderna. - Aprimoramento de defesa de infraestruturas
Após o ataque de 1º de junho, reforçar sistemas antiaéreos e protocolos de alerta rápido em áreas de concentração de tropas se torna imperativo.
Implicações políticas e diplomáticas
- Mensagem interna: a troca de comando reforça o compromisso de Zelenskiy com a responsabilização de lideranças militares e busca manter alta a moral das tropas e da opinião pública.
- Posicionamento externo: ao colocar um oficial com forte atuação junto à OTAN no cargo, a Ucrânia demonstra empenho em estreitar laços de defesa, sobretudo em um momento de atrasos no congresso americano sobre novos pacotes de ajuda.
Perspectivas futuras
O êxito de Shapovalov dependerá de sua capacidade de articular esforços multidimensionais — diplomáticos, logísticos e táticos — para consolidar uma Força Terrestre pronta para operações de alta intensidade. Nos próximos meses, será possível avaliar se as reformas propostas reduzirão vulnerabilidades e se a cooperação com parceiros ocidentais se traduzirá em ganhos quantitativos e qualitativos no campo de batalha.
Conclusão
A nomeação de Hennadiy Shapovalov como comandante das Forças Terrestres da Ucrânia marca mais do que uma simples troca de comando — trata-se de uma tentativa de renovação estratégica em um momento crítico da guerra. Ao trazer um oficial com experiência tanto em campo quanto em articulação internacional, o governo de Zelenskiy sinaliza sua intenção de alinhar as necessidades operacionais imediatas com a complexidade de uma guerra prolongada, cada vez mais dependente do apoio ocidental.
Nos próximos meses, o desempenho de Shapovalov será determinante para restaurar a confiança nas estruturas de comando após falhas trágicas, e para impulsionar uma nova fase de profissionalização e eficiência das forças armadas ucranianas. Sua gestão servirá como termômetro não apenas da resiliência militar da Ucrânia, mas também de sua capacidade de adaptação e liderança em um conflito de longo prazo.
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