
A Rússia tem cerca de 1.500 soldados estacionados na região separatista, que fica entre a Ucrânia e a Moldávia.
O primeiro-ministro da Moldávia disse à AFP, na quarta-feira, que a comunidade internacional está pronta a oferecer gás para acabar com a crise energética na Transnístria, mas uma solução duradoura depende da retirada das tropas russas da região separatista.
Numa entrevista durante o Fórum Económico Mundial em Davos, o primeiro-ministro Dorin Recean acusou a Rússia de tentar criar instabilidade na Moldávia para que um governo pró-Moscovo saia das eleições parlamentares previstas para o final do ano.
A empresa russa de energia Gazprom suspendeu o fornecimento de gás à Transnístria em 1 de janeiro devido a um litígio de dívida com o governo moldavo pró-UE, deixando os 400.000 habitantes sem aquecimento ou água quente.
Reconhecida internacionalmente como parte da Moldávia, a Transnístria declarou a independência no final da União Soviética e, desde então, tem dependido do apoio financeiro de Moscou, mas recebe gás russo através da Moldávia.
A Rússia tem cerca de 1.500 soldados estacionados na região separatista, que fica entre a Ucrânia e a Moldávia.
“Esta crise do gás e da energia na região da Transnístria tem como objetivo criar uma crise de segurança na Moldávia, em toda a Moldávia e também na região”, disse Recean à AFP.
Recean disse que iria manter conversações com os líderes da União Europeia em Davos sobre “a forma como, em conjunto, iremos ultrapassar esta agressão da Rússia contra a Moldávia”.
A solução para a crise passa por as autoridades da Transnístria aceitarem o gás e o carvão da comunidade internacional ou a Gazprom retomar os fornecimentos.
“Até agora, eles não aceitam”, disse Recean, referindo-se aos fornecimentos de energia da comunidade internacional. “Mas estamos a trabalhar nisso”.
“O que é muito importante mencionar é que este tipo de cenários pode acontecer juntamente com a substituição da atual missão de manutenção da paz, onde participam os militares russos, por uma missão de manutenção da paz civil liderada pela ONU”, afirmou.
Conversações com a UE
“A Rússia pretende consolidar o seu poder e a sua presença militar para desafiar a Ucrânia também na sua parte ocidental e sudoeste, ou seja, na região de Odesa”, disse Recean.
“O seu objetivo é criar instabilidade na Moldávia”, afirmou.
O primeiro-ministro afirmou que a Moldávia irá provavelmente realizar eleições parlamentares em setembro e que a Rússia pretende pressionar um governo pró-russo que, nessa altura, “concordaria em consolidar a presença militar russa”.
A Rússia foi acusada de interferência nas eleições presidenciais da Moldávia em novembro, que foram ganhas pelo presidente pró-UE Maia Sandu.
Num referendo realizado em outubro, a ex-república soviética votou por uma margem muito pequena a favor da adesão à UE.
Recean afirmou que a Moldávia poderá iniciar as negociações de adesão à UE este ano, com o objetivo de aderir ao bloco até 2030.
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