Rebeldes da RD Congo prometem tomar Kinshasa após reivindicarem captura de Goma

Corneille Nangaa, chefe de uma coalizão de grupos, incluindo o M23, afirma que os rebeldes estão prontos para marchar em direção a Kinshasa [Brian Inganga/AP Photo].
Corneille Nangaa, líder de uma coalizão de grupos, incluindo o M23, declara que os rebeldes estão prontos para marchar rumo a Kinshasa.

ONU afirma que combatentes do M23 são apoiados por milhares de soldados ruandeses em uma ofensiva relâmpago no leste rico em minerais do país.

Rebeldes apoiados por Ruanda estão se aproximando da estratégica cidade de Bukavu, no leste da República Democrática do Congo, prometendo continuar sua ofensiva relâmpago até tomarem a capital nacional.

O sangrento conflito no leste da RDC tomou um rumo dramático nesta semana, quando combatentes do M23, apoiados por Kigali, afirmaram ter tomado o controle de Goma, na província de Kivu do Norte, antes de avançarem para o sul em direção a Bukavu, capital de Kivu do Sul.

“Continuaremos a marcha de libertação até Kinshasa”, declarou o líder rebelde Corneille Nangaa na quinta-feira, quatro dias depois de o grupo afirmar ter capturado Goma, onde os combates deixaram dezenas de mortos e viram soldados congoleses se rendendo sendo levados em caminhões para um local não divulgado.

Na quinta-feira, combatentes do M23 estavam supostamente a uma distância de ataque de um estratégico aeroporto militar na cidade de Kavumu, localizada cerca de 40 km ao norte de Bukavu, segundo fontes locais citadas pela agência de notícias AFP.

Um porta-voz das Nações Unidas alertou no mesmo dia que a organização estava preocupada com “relatos confiáveis” de que o M23 estava “avançando rapidamente” em direção a Bukavu, cidade com uma população de dois milhões de pessoas.

Especialistas da ONU afirmam que o M23 – um dos mais de 100 grupos armados que disputam o controle do leste da RDC – conta com o apoio de cerca de 4.000 soldados de Ruanda, que, segundo Kinshasa, está saqueando recursos valiosos do território rico em minerais.

Ruanda, por sua vez, afirma que seu principal objetivo é erradicar combatentes ligados ao genocídio de 1994, acusando o exército congolês de se aliar a milícias lideradas por hutus étnicos, determinadas a massacrar tutsis e ameaçar seu país vizinho.

Os combatentes rebeldes afirmam estar abertos ao diálogo com o governo em Kinshasa. No entanto, o ministro da Defesa congolês, Guy Kabombo Muadiamvita, rejeitou negociações nesta semana, dizendo em uma mensagem de vídeo que qualquer plano de diálogo com os rebeldes deve ser “imediatamente queimado”.

Em resposta à crise em rápida escalada, líderes do bloco regional Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) convocaram uma cúpula emergencial na capital do Zimbábue, Harare, nesta sexta-feira.

A reunião ocorre em meio ao aumento das tensões entre o presidente de Ruanda, Paul Kagame, e o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, após a morte de 13 soldados sul-africanos no leste da RDC.

O ministro das Relações Exteriores de Ruanda, Olivier Nduhungirehe, disse na quinta-feira: “Estamos prontos para nos defender se formos atacados por uma coalizão que inclua forças sul-africanas.”

Goma permaneceu amplamente sem eletricidade e água na quinta-feira, enquanto os corpos de vários supostos soldados do governo estavam espalhados pelas ruas.

A ofensiva do M23 agravou uma crise humanitária já severa na região, causando escassez de alimentos e água e forçando meio milhão de pessoas a deixarem suas casas neste mês, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

“Milhões de pessoas já estavam deslocadas por anos de conflito no leste da RDC, e as necessidades humanitárias eram enormes. Com a atual e alarmante escalada dos combates, uma situação já grave está se tornando muito pior rapidamente”, disse a diretora-geral da OIM, Amy Pope.

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