Ataque de drones russos em Kharkiv deixa dois mortos e dezenas de feridos

Uma vista mostra o local atingido por um ataque de drone russo, durante a ofensiva da Rússia contra a Ucrânia, em Kharkiv, Ucrânia, em 29 de março de 2025. REUTERS/Sofiia Gatilova
Local atingido por drone russo em Kharkiv, Ucrânia (29/03/2025). Foto: Sofiia Gatilova/REUTERS

Um ataque com drones realizado pela Rússia na cidade de Kharkiv, a segunda maior da Ucrânia, deixou pelo menos dois mortos e 35 feridos na noite de sábado, segundo autoridades locais. Entre os feridos, cinco eram crianças. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, condenou a ofensiva e pediu uma resposta mais contundente dos aliados ocidentais para conter as investidas russas, que continuam apesar das negociações de paz em andamento.

Danos e vítimas

O ataque atingiu diversos pontos da cidade, incluindo um hospital militar e várias dezenas de edifícios residenciais, além de um dormitório que abrigava refugiados da guerra. O prefeito de Kharkiv, Ihor Terekhov, afirmou que as explosões causaram destruição significativa na infraestrutura local.

Entre os sobreviventes, um jovem identificado como Anton relatou sua experiência angustiante durante a ofensiva. “Eu já havia me despedido da vida”, declarou o jovem de 22 anos, que teve a cabeça e a mão esquerda severamente feridas por estilhaços.

Estatísticas de Deslocamento e Refugiados

Dados recentes de agências humanitárias e das autoridades ucranianas apontam que o impacto do conflito em Kharkiv também se reflete no número de pessoas forçadas a abandonar suas casas. Segundo os últimos levantamentos, estima-se que aproximadamente 45 mil pessoas foram deslocadas internamente na região, enquanto cerca de 18 mil cidadãos buscaram refúgio em países vizinhos. Esses números evidenciam a crescente crise humanitária e reforçam a urgência de uma resposta coordenada da comunidade internacional para oferecer abrigo, assistência e proteção aos afetados.

Intensificação dos ataques

Na madrugada de domingo, a Força Aérea da Ucrânia informou que a Rússia lançou um total de 111 drones e um míssil balístico contra várias regiões, incluindo Kharkiv, Sumy, Odesa e Donetsk. As defesas ucranianas conseguiram abater 65 dos drones e neutralizar outros 35 por meio de interferência eletrônica. Apesar desses esforços, os ataques continuam a causar estragos e agravar a crise humanitária.

Por sua vez, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que suas forças atingiram 140 locais estratégicos na Ucrânia, incluindo aeródromos militares e depósitos de munição. No entanto, o ataque ao hospital em Kharkiv não foi mencionado no boletim oficial.

Acusações mútuas e cessar-fogo violado

A escalada dos ataques ocorre em meio a acusações mútuas entre Kiev e Moscou sobre violações de um cessar-fogo parcial mediado pelos Estados Unidos. Embora a Ucrânia tenha aceitado os termos propostos por Washington, a Rússia continua suas investidas aéreas, desafiando os esforços diplomáticos para encerrar o conflito.

Zelenskiy afirmou que a Rússia lançou mais de 1.000 drones apenas na última semana, evidenciando a estratégia de desgaste militar adotada por Moscou. “A Rússia está prolongando a guerra, e estamos fornecendo aos nossos parceiros todas as informações sobre os ataques que o exército russo está realizando e os planos que está preparando”, declarou o presidente.

Além disso, há crescentes temores de que a Rússia esteja planejando uma nova ofensiva militar na primavera, especialmente no nordeste da Ucrânia. Essa perspectiva aumenta a urgência de uma resposta mais robusta dos aliados ocidentais.

Reações internacionais

Líderes europeus manifestaram indignação após o ataque a Kharkiv e reafirmaram seu compromisso em apoiar a Ucrânia. O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, criticou a Rússia por continuar desrespeitando o cessar-fogo. “A Ucrânia aceitou a trégua proposta pelos Estados Unidos. Mas a Rússia continua cometendo crimes de guerra, como o de ontem em Kharkiv”, escreveu Barrot na rede social X, questionando ainda: “Quem ainda pode acreditar que Vladimir Putin quer a paz?”

Durante uma cúpula em Paris na última semana, líderes da União Europeia prometeram reforçar o exército ucraniano, enquanto França e Reino Unido buscaram ampliar o apoio a uma possível “força de garantia” estrangeira, que poderia ser acionada em caso de um acordo de paz com a Rússia.

Implicações geopolíticas

A pressão para que os aliados ocidentais tomem medidas mais firmes contra a Rússia vem crescendo, especialmente com os avanços diplomáticos e as recentes investidas militares. Kiev e outras capitais europeias demonstram preocupação de que, em um eventual acordo de paz, a Ucrânia possa ser pressionada a fazer concessões desproporcionais à Rússia.

O futuro do conflito permanece incerto, com a Ucrânia buscando apoio militar e diplomático para resistir à ofensiva russa, enquanto a Rússia insiste em uma postura agressiva que compromete qualquer possibilidade de trégua efetiva. Enquanto isso, os civis continuam a pagar o preço da guerra, com cidades como Kharkiv se tornando alvos frequentes de ataques devastadores.

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