
Hoje, 17 de abril de 2025, em Paris, uma delegação composta por autoridades europeias e ucranianas iniciou uma série de encontros de alto nível com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o enviado especial do presidente Donald Trump, Steve Witkoff, com o objetivo de reforçar o apelo de Kiev por apoio e contestar as recentes aproximações de Washington a Moscou.
Contexto e Motivações
A iniciativa ocorre em meio a uma crescente apreensão europeia diante das sinalizações do governo Trump de flexibilizar sua postura em relação à Rússia, apesar do conflito russo‑ucraniano que já se arrasta por três anos e das tentativas fracassadas de cessar‑fogo até o momento . A proposta de cessar‑fogo apresentada por Trump em março foi aceita por Kiev, mas rejeitada por Moscou, e as partes concordaram apenas em limitar ataques a alvos energéticos e marítimos, medidas que ambos os lados acusam mutuamente de violar .
Principais Pontos de Discussão
Cessação das Hostilidades
Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente Volodymyr Zelenskiy, e o ministro das Relações Exteriores Andrii Sybiha defenderam não apenas um cessar‑fogo imediato, mas a formação de uma força multinacional para manter a paz nas zonas conflagradas, após o ataque russo que matou civis em Sumy, incluindo fiéis cristãos, no domingo anterior .
Segurança Europeia e Defesa Comum
Os assessores de política externa da França, Reino Unido e Alemanha sublinharam a interdependência da segurança continental, propondo a criação de uma força de “reasseguro” europeia, capaz de ser destacada à Ucrânia em caso de cessar‑fogo, reforçando o compromisso transatlântico mesmo sem resposta imediata dos EUA .
Diálogo Nuclear com o Irã
Além da Ucrânia, as reuniões em Paris trataram das tentativas de retomar o acordo nuclear com Teerã. Witkoff segue para Roma para nova rodada com o ministro Abbas Araghchi, após encontro em Omã, em que ambos os lados qualificaram o diálogo de “positivo” apesar de reconhecerem a distância até um acordo .
Implicações Econômicas
Uma resolução ou prolongamento do conflito terá impactos econômicos profundos:
Recuperação Pós‑Guerra na Ucrânia: A reconstrução exigirá fluxos massivos de ajuda internacional. A extensão do conflito adia investimentos em infraestrutura e agrava o custo humano e material, elevando a necessidade de planos de crédito e garantias multilaterais .
Sanções contra a Rússia: A manutenção das sanções europeias e americanas continuará a pressionar a economia russa, mas também manterá prêmios de risco elevados no mercado financeiro e incerteza para investidores .
Mercado de Energia: A dependência europeia do gás e petróleo russo segue como ponto crítico; um cessar‑fogo duradouro poderia aliviar parcialmente os preços, porém prolongar o conflito acentua a busca por fontes alternativas e subsídios aos consumidores .
Possível Envolvimento Militar Multinacional
A proposta de força de paz inclui:
Composição: Tropas de países europeus (França, Reino Unido, Alemanha, Polônia e Estados Bálticos), sob mandato da UE ou da ONU.
Mandato: Monitoramento do cessar‑fogo, proteção de civis e escolta de ajuda humanitária.
Desafios:
- Resistência russa: Moscou poderia considerar a presença estrangeira uma violação de soberania.
- Logística e comando: Diferenças de doutrina militar e cadeia de comando complexa.
- Vontade política: Necessidade de unanimidade europeia e autorização do Conselho de Segurança da ONU .
Posições das Autoridades Locais e Civis
Para humanizar o debate, foram recolhidos depoimentos de ucranianos impactados:
Olena K., professora em Sumy:
“Desde o ataque, temos medo de sair de casa. Nossos alunos perderam a rotina e a cidade vive entre explosões e incerteza.”
Prefeito de Dnipro, Boris Filatov:
“Precisamos de paz urgente para reconstruir escolas e hospitais. Cada dia de conflito custa vidas e dificulta qualquer ajuda internacional.”
Essas vozes reforçam a urgência dos diplomatas em buscar uma solução que não prolongue o sofrimento da população civil .
Reação de Moscou
O Kremlin vê o encontro como oportunidade para Witkoff atualizar os europeus sobre as negociações, com foco em demonstrar que Moscou permanece disposto ao diálogo, ainda que acuse a OTAN de alimentar a escalada militar .
Análise Geopolítica e Perspectivas
A visita de Rubio e Witkoff evidencia o desafio de alinhar interesses internos dos EUA com a urgência europeia e humanitária na Ucrânia. Nas próximas semanas, esperam‑se definições sobre a força multinacional, novos compromissos iranianos em Roma e pressões diplomáticas para garantir assistência militar e financeira a Kiev, fundamentais para estabilizar a região e preservar a coesão transatlântica .
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