Hamas aberto a trégua prolongada em Gaza, mas mantém recusa ao desarmamento

Homem palestino inspeciona casa destruída por ataque israelense em Gaza, 24 de abril de 2025.
Palestino examina os destroços de uma casa atingida por ataque israelense em Gaza, em 24 de abril de 2025. (Foto: Mahmoud Issa/Reuters)

Em meio a intensas negociações de cessar-fogo no Cairo, representantes do Hamas sinalizaram disposição para uma trégua de longa duração em Gaza—de cinco a sete anos—contanto que suas principais condições sejam atendidas. No entanto, a organização islâmica insiste em não entregar suas armas, contrapondo-se frontalmente à exigência israelense de desmilitarização do território.

Contexto das negociações

Sharren Haskel, vice-ministra das Relações Exteriores de Israel, advertiu que a guerra só terminará caso o Hamas entregue as armas e liberte os 59 reféns remanescentes.

Local e interlocutores

  • As conversas ocorrem no Cairo, com mediação de representantes do Egito, Qatar e Nações Unidas.
  • Participam líderes do Hamas e diplomatas de países-chave interessados na redução das hostilidades.

Oferta do Hamas

  • Trégua de cinco a sete anos em troca de:
  • Cessar a guerra em Gaza;
  • Reconstrução da infraestrutura devastada;
  • Libertação dos palestinos detidos por Israel;
  • Soltura de todos os reféns mantidos em cativeiro.

Declaração de Taher Al-Nono, assessor de mídia do Hamas: “A ideia de uma trégua ou sua duração não é rejeitada por nós, e estamos prontos para discuti-la no âmbito das negociações. Estamos abertos a quaisquer propostas sérias para pôr fim à guerra.”

Posição israelense

  • Exigência central: desarmamento do Hamas e desmilitarização de Gaza.
  • Sharren Haskel, vice-ministra das Relações Exteriores de Israel, advertiu que a guerra só terminará caso o Hamas entregue as armas e liberte os 59 reféns remanescentes.

Análise das posições

Ponto de vistaHamasIsrael
Duração da trégua5–7 anosIndefinida, condicionada ao desarmamento
Desarmamento“Não negociável enquanto durar a ocupação”Pré-requisito para qualquer cessar-fogo
Libertação de refénsExigida em troca de tréguaCondição para negociações mais amplas
Reconstrução de GazaPrioridade imediataVinculada à segurança pós-tratado

Implicações regionais e humanitárias

Humanitárias

  • Mais de 2.000 palestinos mortos desde 18 de março de 2025, quando Israel retomou a ofensiva — até 24 reféns ainda vivos segundo estimativas israelenses.
  • Bloqueio de ajuda humanitária e deslocamento de centenas de milhares de civis.

Políticas

  • Um cessar-fogo prolongado poderia criar espaço para reconstrução e estabilização, mas sem desarmamento permanece o risco de novos confrontos.
  • Pressão de potências regionais (Egito, Qatar) para evitar escalada maior e conter fluxos de refugiados.

Segurança

  • Israel busca garantias de que o Hamas não rearmará durante a trégua; o grupo, por sua vez, vê as armas como única garantia de resistência à ocupação.
  • Monitoramento internacional e mecanismos de verificação seriam necessários para qualquer acordo, mas a confiança mútua é baixa.

Cenários possíveis

CenárioDescriçãoProbabilidadeRiscos
Acordo de trégua sem desarmamentoTrégua de 5–7 anos, sem entrega de armasMédiaRearme clandestino; retorno das hostilidades ao fim do prazo
Trégua condicionada ao desarmamento parcialEntrega de parte do arsenal, supervisão internacionalBaixaDesconfiança mútua; fiscalização complexa
Colapso das negociaçõesIsrael mantém ofensiva; Hamas recusa propostasAltaAumento de vítimas civis; crise humanitária agravada
Solução diplomática amplaInclusão da Autoridade Palestina e outros atores num acordo regionalBaixaDiferenças políticas internas; rejeição de facções extremistas

Conclusão

O Hamas demonstra pela primeira vez disposição clara para uma trégua de longo prazo em Gaza, condicionada à reconstrução, libertação de detidos e resgate de reféns, mas mantém irredutível a posição de não desarmamento enquanto perdurar a ocupação israelense. Do lado de Israel, a desmilitarização de Gaza continua sendo um pilar inegociável para qualquer cessar-fogo duradouro.

Sem convergência sobre esse ponto central, o impasse tende a persistir, agravando a crise humanitária e política na região. Qualquer avanço exigirá mecanismos robustos de fiscalização, garantias de segurança para ambas as partes e a inclusão de atores regionais para conferir legitimidade e viabilidade ao acordo.

Enquanto o Hamas mantém sua posição de não entregar as armas, líderes da Autoridade Palestina pressionam por uma transição de poder em Gaza. Para compreender esse contraponto, veja também: [Abbas pede que Hamas deponha armas e entregue Gaza à AP].

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