
Em meio a intensas negociações de cessar-fogo no Cairo, representantes do Hamas sinalizaram disposição para uma trégua de longa duração em Gaza—de cinco a sete anos—contanto que suas principais condições sejam atendidas. No entanto, a organização islâmica insiste em não entregar suas armas, contrapondo-se frontalmente à exigência israelense de desmilitarização do território.
Contexto das negociações
Sharren Haskel, vice-ministra das Relações Exteriores de Israel, advertiu que a guerra só terminará caso o Hamas entregue as armas e liberte os 59 reféns remanescentes.
Local e interlocutores
- As conversas ocorrem no Cairo, com mediação de representantes do Egito, Qatar e Nações Unidas.
- Participam líderes do Hamas e diplomatas de países-chave interessados na redução das hostilidades.
Oferta do Hamas
- Trégua de cinco a sete anos em troca de:
- Cessar a guerra em Gaza;
- Reconstrução da infraestrutura devastada;
- Libertação dos palestinos detidos por Israel;
- Soltura de todos os reféns mantidos em cativeiro.
Declaração de Taher Al-Nono, assessor de mídia do Hamas: “A ideia de uma trégua ou sua duração não é rejeitada por nós, e estamos prontos para discuti-la no âmbito das negociações. Estamos abertos a quaisquer propostas sérias para pôr fim à guerra.”
Posição israelense
- Exigência central: desarmamento do Hamas e desmilitarização de Gaza.
- Sharren Haskel, vice-ministra das Relações Exteriores de Israel, advertiu que a guerra só terminará caso o Hamas entregue as armas e liberte os 59 reféns remanescentes.
Análise das posições
Ponto de vista | Hamas | Israel |
---|---|---|
Duração da trégua | 5–7 anos | Indefinida, condicionada ao desarmamento |
Desarmamento | “Não negociável enquanto durar a ocupação” | Pré-requisito para qualquer cessar-fogo |
Libertação de reféns | Exigida em troca de trégua | Condição para negociações mais amplas |
Reconstrução de Gaza | Prioridade imediata | Vinculada à segurança pós-tratado |
Implicações regionais e humanitárias
Humanitárias
- Mais de 2.000 palestinos mortos desde 18 de março de 2025, quando Israel retomou a ofensiva — até 24 reféns ainda vivos segundo estimativas israelenses.
- Bloqueio de ajuda humanitária e deslocamento de centenas de milhares de civis.
Políticas
- Um cessar-fogo prolongado poderia criar espaço para reconstrução e estabilização, mas sem desarmamento permanece o risco de novos confrontos.
- Pressão de potências regionais (Egito, Qatar) para evitar escalada maior e conter fluxos de refugiados.
Segurança
- Israel busca garantias de que o Hamas não rearmará durante a trégua; o grupo, por sua vez, vê as armas como única garantia de resistência à ocupação.
- Monitoramento internacional e mecanismos de verificação seriam necessários para qualquer acordo, mas a confiança mútua é baixa.
Cenários possíveis
Cenário | Descrição | Probabilidade | Riscos |
---|---|---|---|
Acordo de trégua sem desarmamento | Trégua de 5–7 anos, sem entrega de armas | Média | Rearme clandestino; retorno das hostilidades ao fim do prazo |
Trégua condicionada ao desarmamento parcial | Entrega de parte do arsenal, supervisão internacional | Baixa | Desconfiança mútua; fiscalização complexa |
Colapso das negociações | Israel mantém ofensiva; Hamas recusa propostas | Alta | Aumento de vítimas civis; crise humanitária agravada |
Solução diplomática ampla | Inclusão da Autoridade Palestina e outros atores num acordo regional | Baixa | Diferenças políticas internas; rejeição de facções extremistas |
Conclusão
O Hamas demonstra pela primeira vez disposição clara para uma trégua de longo prazo em Gaza, condicionada à reconstrução, libertação de detidos e resgate de reféns, mas mantém irredutível a posição de não desarmamento enquanto perdurar a ocupação israelense. Do lado de Israel, a desmilitarização de Gaza continua sendo um pilar inegociável para qualquer cessar-fogo duradouro.
Sem convergência sobre esse ponto central, o impasse tende a persistir, agravando a crise humanitária e política na região. Qualquer avanço exigirá mecanismos robustos de fiscalização, garantias de segurança para ambas as partes e a inclusão de atores regionais para conferir legitimidade e viabilidade ao acordo.
Enquanto o Hamas mantém sua posição de não entregar as armas, líderes da Autoridade Palestina pressionam por uma transição de poder em Gaza. Para compreender esse contraponto, veja também: [Abbas pede que Hamas deponha armas e entregue Gaza à AP].
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