Suspeita de ataques do RSF deixa pelo menos 33 mortos no Sudão

Mais de dois anos de guerra entre o exército e o paramilitar RSF deixaram grande parte do Sudão em ruínas.
Conflito armado entre o exército e o RSF causou devastação em várias regiões do Sudão, com consequências desastrosas para a população civil. [File: AFP] / Al Jazeera

O conflito no Sudão, que já dura dois anos, tem se intensificado com ataques cada vez mais letais e direcionados a alvos civis e militares. Nos últimos dias, a escalada dos confrontos entre o Rapid Support Forces (RSF) e as Sudanese Armed Forces (SAF) resultou em pelo menos 33 mortes em duas ações distintas: o bombardeio de uma prisão em el‑Obeid e o ataque a um acampamento de deslocados em Darfur. Estes eventos ilustram a violência sistêmica que marca o país, onde drones e ataques aéreos vêm sendo usados para dominar regiões estratégicas, enquanto milhões de civis lutam pela sobrevivência em meio à destruição de infraestrutura vital.

Contexto do conflito

Desde abril de 2023, o Sudão vive uma guerra civil entre as forças paramilitares do Rapid Support Forces (RSF) e o Exército regular, as Sudanese Armed Forces (SAF). A disputa teve início como uma briga pelo controle político e militar após o golpe de 2021, quando o general Abdel Fattah al‑Burhan (SAF) afastou o governo de transição, e seu antigo aliado, o líder do RSF Mohamed Hamdan Dagalo, virou rival direto.

O conflito rapidamente se espalhou por todo o país, dividindo-o entre a influência do Exército no norte, leste e centro, e a do RSF no oeste (especialmente em Darfur) e em partes do sul. Estima‑se que já morreram dezenas de milhares de pessoas e 13 milhões foram deslocadas internamente, caracte­rizando a pior crise humanitária do mundo, segundo a ONU.

Os ataques recentes

1. Bombardeio de prisão em el‑Obeid

  • Data: sábado, 10 de maio de 2025
  • Local: prisão central de el‑Obeid, capital do estado de Kordofan do Norte
  • Vítimas: pelo menos 19 mortos e 45 feridos
  • Mecanismo: ataque aéreo com drone atribuído ao RSF, segundo fonte médica à AFP
  • Impacto: destruição de parte da infraestrutura prisional e pânico entre detentos e popula­ção local

2. Ataque ao acampamento de deslocados em Darfur

  • Data: noite de sexta‑feira, 9 de maio de 2025
  • Local: acampamento de Abu Shouk, próximo a el‑Fasher (última capital de estado em Darfur fora do controle do RSF)
  • Vítimas: 14 membros de uma mesma família
  • Descrição: “bombardeio intenso” por forças do RSF, segundo grupo de voluntários de resgate
  • Condições: o acampamento sofre com fome e falta de serviços básicos; abriga dezenas de milhares de civis deslocados por conflitos anteriores em Darfur

Dados e tendências

Mês/AnoMortos em ataques RSFPrincipais alvosObservações
Abr/20231.200Centros urbanos, bases SAFInício do conflito, alta intensidade
Dez/20232.500Infraestrutura civilExpansão para Port Sudan
Mai/20241.800Acampamentos de deslocadosFome e crise sanitária
Mai/2025 (até 10)270Prisões, acampamentosUso intensificado de drones pelo RSF

Depoimentos de sobreviventes

“O drone apareceu do nada. O estrondo foi tão forte que vim para a porta da cela e vi fogo por toda parte. Muitos não tiveram chance.”
— Ex-detento, prisão de el‑Obeid

“Perdemos nossa casa e nossa família. Não sabemos para onde ir; todo mundo tem medo de ser atingido de novo.”
— Morador do acampamento de Abu Shouk

Cenários futuros

CenárioDescriçãoProbabilidadeImpacto sobre civis
Estagnação (“front congelado”)Linhas de frente pouco alteradas, com ataques esporádicos e cessar-fogos temporáriosAltaContinuação de deslocamentos e fome
Vitória RSFRSF toma controle de Port Sudan e Kordofan, isolando SAFMédiaGrande colapso humanitário
Contraofensiva SAFSAF retoma el‑Obeid e al‑Nahud, restabelece rotas de ajudaBaixaAlívio parcial, mas conflito persiste

Conclusão

O uso intensificado de drones pelo RSF e a resposta aérea da SAF indicam que o conflito continuará caracterizado por ataques rápidos e destruição de infraestrutura crítica. A população civil segue como principal vítima, sem perspectivas de segurança no curto prazo. Monitorar essas tendências e dar voz aos sobreviventes é essencial para manter a atenção internacional sobre o que a ONU considera a pior crise humanitária atual.

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