ONU: Rússia Responsável pela Queda do Voo MH17 e Próximos Passos para Reparação

Pessoas seguram bandeiras em memorial às vítimas do desastre do voo MH17, durante cerimônia do 10º aniversário do acidente, na região de Donetsk, Ucrânia controlada pela Rússia, 17 de julho de 2024.
Memorial em homenagem às vítimas do voo MH17 em Hrabove, na Ucrânia, durante a cerimônia de 10 anos do desastre, em 17 de julho de 2024. O acidente, que matou 298 pessoas, foi um marco trágico nas relações internacionais. REUTERS/Alexander Ermochenko/File Photo

O Conselho da International Civil Aviation Organization (ICAO), órgão de aviação da ONU, declarou hoje que a Rússia foi responsável pelo abate do voo MH17, da Malaysia Airlines, em 17 de julho de 2014, que matou 298 pessoas.

Contexto e Conclusão da Comissão

O Boeing 777 decolou de Amsterdã com destino a Kuala Lumpur e foi atingido por um míssil sobre a região de Donetsk, no leste da Ucrânia, então palco de combates entre separatistas pró-Rússia e forças ucranianas. Investigações conduzidas por autoridades internacionais concluíram que o sistema de defesa antiaérea Buk, fornecido pela 53ª Brigada Antiaérea Russa, foi responsável pelo disparo.

Em novembro de 2022, tribunais holandeses condenaram, in absentia, dois russos e um ucraniano por homicídio por seu papel no ataque, numa decisão rejeitada por Moscou.

Deliberação da ICAO e Reparações

Hoje, o Conselho – composto por 36 Estados-membros – reafirmou sua jurisdição para julgar violações da Convenção de Chicago e declarou que a Rússia infringiu normas internacionais sobre segurança de tráfego aéreo. Nas próximas semanas, debaterá modalidades de reparação, conforme solicitado por Holanda e Austrália.

O ministro das Relações Exteriores da Holanda, Caspar Veldkamp, considerou a decisão “passo vital para a verdade, justiça e responsabilização” e enfatizou que “Estados não podem violar o direito internacional impunemente.”

Repercussões e Desafios

  • Silêncio Russo: Até o momento, não houve reação oficial de Moscou à recente deliberação da ICAO.
  • Pressão Diplomática: Holanda e Austrália devem solicitar oficialmente que a Rússia retome negociações sobre compensações às famílias das vítimas.
  • Limites da ICAO: O órgão não dispõe de poder coercitivo, mas exerce forte influência moral e normativa sobre seus 193 membros.

Conclusão


A decisão da ICAO marca um ponto de inflexão ao usar um fórum técnico para responsabilizar um Estado por crime contra civis em rota comercial. Embora não impeça sanções diretas, reforça a sujeição moral da Rússia às normas internacionais e mantém viva a pressão por compensações. O sucesso das futuras negociações dependerá tanto da disposição de Moscou em retornar à mesa quanto da capacidade de Holanda e Austrália de converter essa vitória normativa em resultados concretos para as famílias das vítimas.

Informações Novas

Não houve registros de novas declarações russas nem avanços nas negociações bilaterais desde o anúncio de hoje. Autoridades australianas também apoiam o avanço das discussões de reparação, mas não informaram cronograma concreto.

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