
21 de maio de 2025, no primeiro aniversário do governo do Presidente Lai Ching-te, o Ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Lin Chia-lung, afirmou que a China “não tem o direito” de determinar se Taiwan é um país, ressaltando que toda a comunidade internacional nos enxerga como uma nação soberana e que os taiwaneses “escolhem seu próprio governo” . Além disso, ofereceu um gesto simbólico de conciliação: ficaria feliz em apertar a mão de seu homólogo chinês, Wang Yi, caso houvesse a oportunidade.
Contexto Histórico e Diplomático
Desde 1949, após a vitória dos comunistas de Mao Zedong na Guerra Civil Chinesa, o governo da República da China refugiou-se em Taiwan, enquanto Pequim estabeleceu a República Popular da China. A política de “Uma Só China”, adotada por Beijing, considera Taiwan parte inalienável de seu território, sem direito de autodeterminação. Em contrapartida, Taipei defende sua democracia consolidada e histórico de autogoverno, rejeitando qualquer reivindicação externa sobre sua identidade política.
O Gesto do Aperto de Mão
Questionado pela Reuters sobre o que diria ao Ministro Wang Yi num eventual encontro, Lin Chia-lung declarou:
“Primeiro, estenderíamos a mão da amizade. Se ele a apertasse, já seria um bom começo. Se não, o problema é dele.”
Esse gesto, além de simbólico, reforça a disposição de Taiwan em manter abertas vias de diálogo, mesmo diante das rejeições repetidas de Pequim às iniciativas oficiais de conversação.
Desdobramentos Recentes
Exercícios Militares:
- Nas últimas semanas, a China realizou manobras navais e aéreas no Estreito de Taiwan, incluindo o exercício codinome “Strait Thunder-2025A”. Autoridades de Taipei registraram mais de 131 aeronaves e 32 navios de guerra chineses próximos à ilha.
- Analistas apontam que o sufixo “A” sugere novas fases ou repetições desses exercícios, elevando a probabilidade de incidentes que possam tensionar ainda mais a região.
Posicionamento de Lai Ching-te:
- Na véspera, o Presidente Lai reiterou seu apelo à paz e ao diálogo, mas afirmou ser imperativo reforçar as defesas de Taiwan para dissuadir eventuais agressões.
- Durante visita à feira de tecnologia Computex, Lai destacou a importância do setor de IA e o papel de Taiwan como polo global de semicondutores, anunciando ainda planos para um fundo soberano com vistas a fortalecer a economia.
Reações de Beijing
O Ministério das Relações Exteriores da China rotulou o convite de Lai como “tática de dois pesos e duas medidas” e “condenou ao fracasso” qualquer diálogo que não se alinhe ao princípio de “Uma Só China” . Como os dois governos ainda não se reconhecem mutuamente, encontros formais entre Lin e Wang permanecem altamente improváveis.
Implicações para a Segurança Regional
Especialistas em defesa alertam que a continuidade dos exercícios militares chineses pode:
- Aumentar o risco de confrontos acidentais no estreito;
- Forçar Taiwan a buscar maior integração com os EUA, incluindo vendas de armas avançadas e exercícios conjuntos;
- Gerar impactos indiretos nas rotas comerciais do Indo-Pacífico, afetando o tráfego de navios e a estabilidade econômica regional.
Comentários de Especialistas
- Dr. Maria Chen (Universidade Nacional de Taiwan): “Estender a mão simboliza a vontade de Taiwan em ser reconhecida como um ator diplomático responsável, contrastando com a postura intransigente de Pequim.”
- Prof. David Lee (Asia Pacific Center): “A estratégia democrática de Taipei intensifica laços com o Ocidente, mas alimenta a narrativa de ‘separatismo’ usada por Beijing para justificar sua pressão.”
Conclusão
À medida que se aproxima a data de 1 ano de governo Lai, Taiwan equilibra ofertas de diálogo e o reforço de suas defesas, buscando apoio internacional para legitimar sua soberania de fato. Embora as perspectivas de negociações bilaterais sejam baixas no curto prazo, o país reforça sua narrativa de que apenas seu povo tem o direito de decidir seu futuro político.
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