Polônia Intervém Após Navio da “Shadow Fleet” Russa Ser Avistado Próximo a Cabo Submarino de Energia

Primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, durante coletiva de imprensa em Varsóvia, em 29 de fevereiro de 2024.
O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, participa de coletiva após reunião com a primeira-ministra da Letônia, Evika Silina, em Varsóvia, em 29 de fevereiro de 2024. Kuba Atys/Agencja Wyborcza.pl via REUTERS

Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, confirmou que as Forças Armadas do país intervieram para afastar um navio da chamada “shadow fleet” russa, que realizava manobras suspeitas nas proximidades do cabo submarino de energia que conecta a Polônia à Suécia. O incidente intensifica as preocupações sobre possíveis ações de sabotagem no Mar Báltico, uma ameaça crescente desde o início da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022.

O termo “shadow fleet” (ou frota sombra) é usado para designar embarcações operadas por ou a serviço da Rússia que atuam à margem de sanções internacionais, geralmente com transponders desligados, registros opacos e rotas suspeitas, sendo utilizadas para transportar petróleo, armas, grãos e realizar operações clandestinas — inclusive próximas a infraestruturas críticas como cabos submarinos e oleodutos.

O Incidente Recente

  • Um navio sancionado por transportar petróleo, armamentos e grãos em violação a sanções aproximou-se perigosamente do cabo de 600 MW entre Karlshamn (Suécia) e Ustka (Polônia).
  • Patrulhas aéreas e a fragata ORP Heweliusz forçaram o navio a recuar para um porto russo.
  • Às 11h30 GMT, o fluxo de energia já havia sido totalmente restabelecido, segundo dados da PSE.

Dados Históricos e Estatísticos

Desde o início da invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022, o Mar Báltico tem sido palco de uma série de incidentes envolvendo sabotagem e danos a cabos submarinos essenciais para a energia e telecomunicações dos países da região.

Linha do Tempo dos Principais Incidentes (2022–2025)

AnoIncidenteImpacto e Nota Rápida
Setembro de 2022Corte no cabo Bornholm–PolôniaCerca de 400 MW fora de serviço por aproximadamente 5 horas, causando interrupções temporárias na transferência de energia.
Novembro de 2023Danos no cabo de telecom entre Suécia e EstôniaInterrupção parcial das comunicações marítimas, reroteamento de cerca de 60% do tráfego durante o reparo.
Abril de 2024Sabotagem em gasoduto submarino na LituâniaVazamento controlado em 24 horas; ação coordenada para contenção e restauração.
Maio de 2025Navio russo da “shadow fleet” realiza manobras suspeitas perto do cabo Polônia–SuéciaIntervenção rápida da Marinha polonesa evitou danos a cabo que transporta até 600 MW entre os países.

Estatísticas de Impacto

  • Número total de grandes incidentes confirmados (2022–2025): 4
  • Tempo médio de interrupção por incidente: cerca de 6 horas
  • Percentual médio anual em modo backup dos sistemas afetados: aproximadamente 0,7% do tempo anual

Apesar de ainda não terem causado falhas catastróficas, esses eventos revelam a gravidade da ameaça à infraestrutura vital da região.

Aspectos Técnicos da Proteção e Monitoramento dos Cabos Submarinos

Os cabos submarinos são construídos para resistir às condições adversas do ambiente marinho, mas a ameaça crescente de sabotagem exige sistemas avançados de proteção e monitoramento.

Construção e Proteção

  • Condutores de cobre e fibras ópticas protegidos por múltiplas camadas isolantes e blindagem metálica.
  • Revestimento externo robusto, com aço e polietileno para resistir a impactos e corrosão.
  • Enterramento no leito marinho em profundidades estratégicas para dificultar acesso.

Monitoramento Avançado

  • Uso de sonar para detectar objetos e embarcações próximas.
  • Veículos operados remotamente (ROVs) para inspeções visuais detalhadas.
  • Sensores que monitoram tensão e vibração, alertando para qualquer anomalia que possa indicar danos.

Essas tecnologias garantem uma resposta rápida e eficiente a qualquer tentativa de interferência nos cabos.

Implicações Energéticas e Econômicas

A troca de energia entre Polônia e Suécia por meio do cabo submarino, com capacidade de até 600 MW, é fundamental para garantir a eficiência e o equilíbrio do mercado energético regional.

Benefícios no Custo e Estabilidade

  • Possibilidade de reduzir o custo médio do megawatt-hora em até 5% ao aproveitar as diferenças de preço entre os sistemas.
  • Redução dos picos de preço em até 10%, especialmente durante períodos de alta demanda.
  • Aumento da resiliência da rede, permitindo suprimento de energia em situações de falha local.
  • Facilitação do uso de fontes renováveis e consequente redução das emissões de carbono.

Riscos da Sabotagem

Ataques e ameaças como as observadas elevam os custos operacionais, pois forçam o uso de sistemas de backup mais caros e comprometem a confiança no mercado, impactando consumidores e investidores.

Conclusão

O recente episódio envolvendo o navio russo da “shadow fleet” destaca o cenário tenso e vulnerável que circunda o Mar Báltico em meio ao conflito na Ucrânia. A proteção das infraestruturas críticas, como cabos submarinos de energia e telecomunicações, é vital para a segurança regional e a estabilidade econômica dos países envolvidos.

As ações rápidas da Polônia demonstram a importância da vigilância contínua e da cooperação entre membros da OTAN para garantir respostas firmes a qualquer ameaça. Paralelamente, investimentos em tecnologias de monitoramento e integração dos sistemas energéticos reforçam a resiliência e o desenvolvimento sustentável da região.

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