
Em 5 e 6 de junho de 2025, Israel intensificou seus ataques contra subúrbios ao sul de Beirute, visando supostas “fábricas de drones” do Hezbollah, e avisou que continuará a bombardear o Líbano enquanto o grupo não for desarmado. As ações, que violam reiteradamente o cessar-fogo mediado pelos EUA em novembro de 2024, desencadearam deslocamentos em massa de civis na véspera do Eid al-Adha e reacenderam temores de um novo conflito em larga escala na região. Neste artigo analítico e jornalístico, revisamos os principais eventos, as reações de Beirute e Jerusalém, bem como as implicações para a estabilidade regional.
O Cessar-fogo de Novembro de 2024 e seu Fracasso
O acordo de trégua, assinado em 27 de novembro de 2024, previa o recuo do Hezbollah para além do rio Litani e a supervisão internacional de seu desarmamento, sob a coordenação de um comitê formado pelos EUA, França, Líbano e Israel. No entanto, desde então, ataques quase diários israelenses já mataram ao menos 190 pessoas e feriram quase 500 até abril deste ano, segundo dados do governo libanês.
Os Ataques de 5 e 6 de Junho de 2025
- de junho: Israel lançou sua maior ofensiva aérea contra Beirute desde o cessar-fogo, atingindo cerca de dez locais nos subúrbios de Dahiyeh, alvo tradicional do Hezbollah. O Exército israelense alegou destruir instalações de produção de UAVs financiados pelo Irã, mas não apresentou provas públicas. O Hezbollah negou a existência de tais fábricas e o Exército Libanês, após inspeção, não encontrou vestígios de armamentos nos pontos visados.
- 6 de junho: uma nova rodada de bombardeios atingiu Dahiyeh e a vila de Ain Qana, ampliando o espectro dos alvos e gerando mais pânico entre os moradores. A ofensiva, considerada por muitos analistas como uma demonstração de força, foi motivada pela tentativa de impedir o que Israel chama de “preparação para a próxima guerra”.
Retórica de Israel Katz
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, reiterou que “não haverá tranquilidade em Beirute” e que “não haverá ordem ou estabilidade no Líbano” enquanto o Hezbollah permanecer armado e ativo. Katz responsabilizou o governo libanês pela contenção do grupo, afirmando que “acordos devem ser honrados, e se vocês não fizerem o necessário, continuaremos a agir com grande força”.
Reação de Beirute e do Exército Libanês
O presidente Joseph Aoun condenou as ações como uma “flagrante violação de um acordo internacional… na véspera de um feriado religioso sagrado” e apelou aos garantidores do cessar-fogo para frearem as incursões israelenses. O Exército Libanês advertiu que a falta de cooperação israelense com o comitê de monitoramento ameaça suspender sua participação e enfraquece seu papel na contenção do Hezbollah.
Perspectivas Regionais
A escalada em Beirute ocorre em um momento de tensão crescente, com o Irã e aliados europeus pressionando por uma solução política, enquanto Israel busca garantias de segurança que incluam o desmantelamento da capacidade militar do Hezbollah. Sem avanços no desarmamento, o Líbano corre o risco de voltar a ser um campo de batalha direto, com graves consequências humanitárias e geopolíticas.
Conclusão
A advertência de Israel — de que “não haverá calma em Beirute” — expõe a fragilidade do cessar-fogo de 2024 e sinaliza uma possível reabertura de hostilidades em nova escala. A disputa entre Jerusalém e o Hezbollah, com o Líbano no meio, permanece sem solução e lança uma sombra sobre a estabilidade de toda a região do Levante.
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