Lee Jae-myung e Shigeru Ishiba selam reforço de laços bilaterais em meio à coordenação trilateral

Presidente sul-coreano Lee Jae-Myung discursando após cerimônia de posse na Assembleia Nacional em Seul, junho de 2025.
Presidente Lee Jae-Myung fala durante reunião com líderes partidários após sua posse na Assembleia Nacional, Seul, 4 de junho de 2025. Foto: JEON HEON-KYUN/Pool via REUTERS.

9 de junho de 2025, o presidente recém-empossado da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, e o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, mantiveram uma conversa telefônica de aproximadamente 25 minutos, na qual concordaram em fortalecer as relações bilaterais. O diálogo, confirmado pelos dois governos, insere-se na reativação de um eixo Seul-Tóquio-Washington para lidar com as crescentes tensões na península coreana.

Contexto histórico e político

  • Lee Jae-myung (Partido Democrático) assume a presidência na esteira de uma campanha pautada pelo pragmatismo, prometendo manter a cooperação em defesa conjunta com os Estados Unidos e o Japão, ao mesmo tempo em que não descarta o diálogo direto com Pyongyang.
  • Shigeru Ishiba, líder do Partido Liberal-Democrata desde outubro de 2024, busca superar antigos atritos por meio de “realismo construtivo”, enfatizando laços econômicos e segurança compartilhada, especialmente frente ao avanço estratégico da China.
  • As tensões históricas — trabalho forçado durante a Segunda Guerra e controvérsias territoriais no Mar do Leste — haviam criado barreiras à confiança mútua. A retomada de canais de diálogo sob as administrações Yoon Suk-yeol (Seul) e Fumio Kishida (Tóquio) lançou as bases para o encontro entre Lee e Ishiba.

Pontos centrais da ligação

  1. Cooperação trilateral reforçada
    • Ambos enfatizaram a importância de articular ações conjuntas entre Seul, Tóquio e Washington para monitorar programas norte-coreanos de mísseis e armamentos nucleares. Lee ressaltou que “a segurança coletiva só se sustenta na aliança tripartite”.
  2. Diplomacia pragmática
    • Lee reiterou que a ideologia “não ditará” a conduta externa de seu governo, mas sim “resultados concretos”, como exercícios militares conjuntos e intercâmbios em tecnologia de defesa. Ishiba, por sua vez, defendeu “avançar baseado em esforços mútuos e na confiança construída até aqui”.
  3. Encontro presencial programado
    • Ficou acordada uma reunião cara a cara, ainda sem data definida, para traçar um plano de ação ao longo de 2025, envolvendo ministros das Relações Exteriores e da Defesa de ambos os países.

Desdobramentos na arena trilateral

A robustez dos laços bilaterais é vista como catalisadora de:

  • Exercícios militares conjuntos ampliados, incluindo vigilância de submarinos e simulações de defesa antimíssil.
  • Integração de cadeias de suprimentos estratégicas, principalmente de semicondutores, reduzindo riscos geopolíticos e dependência excessiva de terceiros mercados.
  • Cooperação em fóruns globais, com destaque para a participação combinada no próximo cume do G7, no Canadá, em agosto de 2025, quando Lee fará sua estreia em encontro de chefes de Estado desse grupo.

Obstáculos ainda vigentes

  • Memória histórica: As demandas de compensação a ex-trabalhadores forçados e outras medidas de reconciliação permanecem sensíveis e podem atrasar iniciativas de confiança mútua.
  • Equilíbrio China–EUA: Enquanto o Japão intensifica laços com os EUA para conter Pequim, a Coreia do Sul equilibra uma extensa parceria econômica com a China, receosa de retaliações comerciais.
  • Percepção pública: Pesquisas indicam que cerca de 40% dos jovens sul-coreanos ainda mantêm reservas quanto ao Japão, o que limita intercâmbios culturais e turísticos.

Perspectivas para 2025 e além

Para que o entendimento se traduza em resultados tangíveis, será fundamental:

  1. Transparência dos cronogramas: Divulgação de marcos e indicadores claros de progresso nas próximas reuniões ministeriais.
  2. Engajamento da sociedade civil: Ampliação de intercâmbios acadêmicos, culturais e empresariais para criar redes de confiança além dos gabinetes oficiais.
  3. Gestão cuidadosa de alianças: Navegar entre os interesses dos EUA e da China sem comprometer a segurança nem a estabilidade econômica.

Em síntese, a telefonema de Lee Jae-myung e Shigeru Ishiba abre um novo capítulo nas relações Coreia do Sul–Japão. A execução de acordos bilaterais e trilaterais, bem como o acompanhamento público dos avanços, serão determinantes para converter intenções em segurança e prosperidade compartilhadas.

Conclusão

A recente conversa entre o presidente Lee Jae-myung e o primeiro-ministro Shigeru Ishiba representa um marco significativo para a retomada e o fortalecimento das relações entre Coreia do Sul e Japão. Em meio a um cenário regional complexo, marcado por ameaças nucleares e rivalidades estratégicas, a disposição dos dois líderes em buscar uma cooperação pragmática e efetiva abre caminho para uma maior estabilidade no Indo-Pacífico. Embora desafios históricos e geopolíticos ainda permaneçam, o compromisso mútuo de avançar por meio do diálogo e da coordenação trilateral com os Estados Unidos mostra uma maturidade diplomática necessária para enfrentar as incertezas do futuro. A efetivação dessas iniciativas nos próximos meses será fundamental para consolidar uma parceria que vai muito além da segurança, impactando positivamente a economia, a cultura e a paz regional.

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