Alemanha saúda acordo EUA-China sobre terras raras e espera avanços semelhantes nas negociações UE-EUA

O chanceler alemão Friedrich Merz fala durante uma coletiva de imprensa na Chancelaria em Berlim, em 11 de junho de 2025.
O chanceler alemão Friedrich Merz discursa durante coletiva de imprensa conjunta com a primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen (fora do enquadramento), na Chancelaria em Berlim, Alemanha, em 11 de junho de 2025. Foto: REUTERS/Annegret Hilse

Em 10 de junho de 2025, Estados Unidos e China anunciaram um acordo-quadro que prevê o alívio imediato de restrições chinesas à exportação de elementos do grupo das terras raras — ítrio, neodímio e disprósio, insumos críticos para setores como defesa, tecnologia limpa e fabricação de eletrônicos de ponta. A iniciativa, intermediada por diplomatas americanos e chineses em Londres, marcou um passo importante para restaurar a confiança comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Reação Alemã

O chanceler alemão Friedrich Merz manifestou apoio incondicional ao entendimento, ressaltando em Berlim que a medida não prejudica os interesses europeus, mas demonstra que divergências comerciais podem ser resolvidas por meio do diálogo. “Este acordo não ocorre às custas da Europa; é apenas mais um conflito que foi finalmente superado”, afirmou Merz durante coletiva conjunta com a primeira‑ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen.

Perspectivas das Negociações UE‑EUA

Com base na experiência diplomática que levou ao acordo EUA‑China, Berlim espera acelerar a negociação de um Acordo de Minerais Críticos entre União Europeia e Estados Unidos. Proposto em 2023, esse pacto visa reconhecer, para fins do incentivo fiscal norte‑americano previsto no Ato de Redução de Inflação (IRA), minerais extraídos e processados na Europa. Até o momento, as conversas — realizadas no âmbito do Conselho de Comércio e Tecnologia (TTC) em Bruxelas, nos dias 8 e 9 de junho — não resultaram em texto final, mas Bruxelas vê avanços graças às novas normas europeias que regulamentam trabalho forçado, elemento-chave para garantir transparência e responsabilidade nas cadeias de suprimento.

Impactos Econômicos e Industriais

A reversão parcial das restrições chinesas tende a estabilizar preços no mercado global de terras raras, reduzindo gargalos para fabricantes de ímãs permanentes utilizados em turbinas eólicas e motores de veículos elétricos. Na Europa, espera‑se que o fluxo renovado de matéria‑prima fortaleça a competitividade da indústria automotiva limpa — um setor que faturou mais de €200 bilhões em 2024 e projeta expansão anual de 15% até 2028. Também cresce o interesse por plantas de reciclagem de terras raras, hoje incipientes no bloco, mas necessárias para garantir autonomia a longo prazo.

Dimensão Geopolítica

Além das discussões econômicas, Merz reafirmou a posição de Berlim sobre temas estratégicos: ao ser questionado sobre a proposta americana de assumir o controle da Groenlândia, declarou apoio inequívoco à Dinamarca e ao princípio da inviolabilidade de fronteiras conforme o direito internacional. Esse alinhamento entre aliados da OTAN reforça a mensagem de que disputas territoriais não devem ser objeto de negociação ou coação.

Conclusão

O acordo entre Washington e Pequim e o potencial avanço das negociações UE‑EUA ilustram a interdependência geopolítica e econômica no século XXI. Para a Alemanha, assumir um papel ativo como interlocutora transatlântica é vital para assegurar cadeias de suprimento estáveis, diversificar fontes e consolidar um ambiente de cooperação que resista a novas crises comerciais. A chave, agora, será transformar entendimentos diplomáticos em mecanismos concretos que promovam previsibilidade e confiança para indústrias e investidores globais.

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